A pandemia no mercado imobiliário: crise ou oportunidade?

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Ana Morgado, CEO e executive manager

E se há três semanas atrás lhe dissessem que uma coisa minúscula e invisível iria transformar a sua vida desta maneira … Claro que não iria acreditar! Às vezes tenho a sensação de estar a viver dentro de um filme de ficção científica.

Como, de um dia para o outro, as nossas vidas mudaram radicalmente. Também a vida das empresas mudou radicalmente e o mercado imobiliário não foi exceção. Lojas fechadas, processos em fase de negociação adiados ou mesmo abandonados, escrituras desmarcadas, visitas canceladas, imóveis que saíram de venda, serviços públicos – só com agendamento, bancos com poucos recursos e com respostas mais demoradas, consultores a fazer contas à vida e a pensar “eu já vi este filme algures em 2008” … tudo parece correr mal!

Mas uma moeda tem sempre duas faces e nestes últimos dias tenho refletido bastante sobre até que ponto é que toda esta situação se poderá transformar numa OPORTUNIDADE.

Temos agora a oportunidade de olhar para o negócio, reinventar, analisar processos e procedimentos, rever objetivos, planear tudo de novo, encontrar novas formas de chegar ao contacto com os clientes e de comunicar com as pessoas.

As videoconferências passaram a fazer parte do nosso dia-a-dia, a visita virtual e a nossa pegada digital é agora mais importante que nunca. A quebra no setor do turismo, colocou muitos apartamentos que estavam em regime de arrendamento turístico no mercado de arrendamento de longa duração, com rendas compatíveis com os rendimentos dos portugueses. Acredito que alguns destes imóveis poderão entrar ainda no mercado de venda, mas será numa fase posterior.

Portugal continua a ter sol, praia, boa comida, segurança, um povo acolhedor e agora poderá ter ainda mais uma coisa – casas a preços mais baixos. Isto torna o nosso país ainda mais atrativo para os clientes estrangeiros e para os investidores, que continuam a poder adquirir imóveis com boa rentabilidade. Os clientes portugueses, que foram tão esquecidos nestes últimos anos, poderão ver renascida a esperança de poder comprar uma casa.Sabemos que algumas famílias poderão ter dificuldade em manter as suas casas.

No entanto, não acredito que a “bolha” esteja de volta, uma vez que a descida dos preços de venda não será assim tão grande que absorva mais que os 20% de capitais próprios solicitado pelo Banco de Portugal, havendo ainda a considerar que uma parte da dívida contraída terá sido amortizada durante a duração do empréstimo.Muitas empresas não irão conseguir sobreviver.

Agora resta saber quem fica e quem sai do mercado. Quem fica, terá uma excelente oportunidade de absorver o excedente de consultores que irá ficar disponível no mercado e recrutar os mais experientes, ver crescer as suas equipas e captar mais negócios.

Entrámos numa nova era em que a nossa capacidade de adaptação às novas tecnologias é crítica. A partir de agora, nada mais será igual!

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