A família e o desenvolvimento Psicológico

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O Natal é das épocas festivas mais apreciadas e desejadas e/ou indesejadas por grande parte das pessoas. É na quadra Natalícia que existe em família uma maior intimidade, interação, partilha de experiências e emoções, representando-se então como um momento de alegria, tempo de qualidade em família e/ou com amigos, dias de férias, regressar a lugares que nos remetem às nossas estâncias do passado e que são significativos para nós, partilhar alimentos à mesa e presentes.
Mas por outro lado, o Natal pode ser particularmente difícil para as famílias que lidam com problemas de saúde mental. Hoje sabe-se que cerca de 64% das pessoas com uma perturbação mental relatam que o seu estado piora durante esta época do ano. Trazendo memórias de pessoas que perdemos ou de momentos importantes da nossa vida e, consequentemente, provocando sentimentos de tristeza e zanga, ansiedade e sobrecarga, solidão e stresse, desilusão e frustração. Podemos experienciá-los, pela primeira vez, este ano ou pode ser algo que acontece em
todas as épocas natalícias. As tradições não são iguais em todas as famílias, mas há um facto comum a todas: as expectativas de uma família feliz, coesa onde a vemos como sendo um lugar de tranquilidade, harmonia e amor. Mas nem sempre acontece!
Atualmente é complexo atribuir uma definição de família. Mas independentemente da composição, sabe-se que a família é um lugar exclusivo, que representa a intimidade, um lugar repleto de felicidade e amor.
A família é mesmo isso: é a nossa fonte de abrigo, é saber que está sempre alguém à nossa espera em casa, com quem se possa partilhar as experiências e vivências do dia-a-dia. Pesa embora, que por vezes estas relações sofrem alguma agitação e confusão. Pelo que nem sempre é possível encontrar esse lugar seguro quando se fala
de famílias pautadas pelo desequilíbrio e tensão.
Os primeiros anos de vida são importantes porque o que ocorre na primeira infância faz diferença por toda a vida. A família é vista como o primeiro espaço psicossocial, modelo das relações a serem estabelecidas com o mundo que permite o desenvolvimento da personalidade de cada ser humano. É através das primeiras experiências sociais e de construção de vínculos que a criança desenvolve os seus valores e personalidade, além de serem a base do seu desenvolvimento psicológico e emocional.

São inúmeros os estudos que têm mostrado que investimentos na primeira infância têm retorno bastante positivo para as crianças e para a sociedade como um todo (Jack P. Shonkoff e Julius B. Richmond, 2009; Britto, Yoshikawa and Boller 2011; Center on the Developing Child, Harvard University 2013; OMS e UNICEF, 2018). Em que crianças que não experienciaram exemplos positivos e valores, como por exemplo suporte, carinho, dedicação, esforço e disciplina, podem desenvolver traumas que, se não tratados, têm grandes probabilidades de evoluírem para perturbações psicológicas mais preocupantes, como depressão, ansiedade, ataques de pânico ou outras perturbações graves.
Desde a gravidez e ao longo da primeira infância, todos os ambientes em que a criança vive e se desenvolve, assim como a qualidade dos seus relacionamentos com adultos e cuidadores, têm impacto significativo no seu desenvolvimento físico e cognitivo. Neste sentido, a família, se for “saudável”, constitui uma fonte de ajuda ativa. Um grupo familiar bem organizado e estável, em que se verifique um sistema de autoridade claro e aceitável, uma comunicação aberta baseada em controlo e apoio, torna-se fundamental no bom desenvolvimento de crianças mentalmente saudáveis, assertivas, autónomas e seguras de si.
Quando a família não é “saudável”, os padrões de autoridade modificam-se, sendo a comunicação e a distribuição
de papéis funcionais deteriorados, o que dificulta o controlo dos sentimentos negativos, levando ao aumento da angústia, hostilidade e violência. Por vezes, a falta de respeito dos diversos elementos da família, como a intolerância, a agressividade, o desinteresse ou a superproteção, marcam a personalidade do indivíduo.
Porém, além da devastadora – Covid-19 também as rotinas e o estilo de vida que grande parte de nós vive, a roda viva de “agora não”, “estou atrasada, fica para depois”, trazem uma série de desafios para as famílias e, nomeadamente, para a primeira infância: a criação de laços familiares tóxicos, dependência e proteção excessiva, tornando os ambientes familiares pautados pela ansiedade e instabilidade. Pelo que, nos dias de hoje, mais que nunca, torna-se imprescindível ter em atenção que as famílias e as crianças submetidas a fatores de stress tóxico ou relações familiares tóxicas, necessitam de intervenções especializadas, o mais cedo possível, para romper com a causa do stress e protegê-las das consequências. O valor de uma família saudável é imensurável, pois é a base para que o indivíduo construa a sua inteligência emocional, valores, atitudes e bons exemplos.

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