“A Maia é, sem dúvida, um bom local para viver e trabalhar”

A Maiadouro tem mais de seis décadas de existência, enquanto empresa familiar, e situa-se na Maia, um dos maiores polos industriais do país, embora trabalhe nacional e internacionalmente. Manuela Oliveira, Administradora/CFO da Maiadouro, realça os pontos fortes do concelho que justificam a localização da empresa, mas também deixa claros alguns problemas com os quais as empresas das mais variadas áreas se deparam atualmente, nomeadamente a questão da escassez de mão de obra especializada.

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Estando situada na Maia, que vantagens isso traz no que respeita à integração num território largamente industrializado e, simultaneamente, com facilidade para exportar os produtos?

Estar na cidade da Maia é estar no nosso sítio natural, aqui nascemos, vivemos e trabalhamos e foi o berço da empresa há 62 anos, com o privilégio de estar em zona onde o espaço físico possibilitava escolha de instalações para a mesma. Temos o edifício-sede aqui desde 1980 e ampliamos em 2020. Há excelentes acessos pelas vias terrestres ligadas entre si para chegar a qualquer ponto do país e da Europa, e estamos a escassos minutos do
aeroporto Francisco Sá Carneiro e do porto de Leixões. A cidade da Maia e a periferia mais próxima são, sem
dúvida, bons locais para viver e trabalhar. São tranquilas, com infraestruturas importantes, como a rede de água, esgotos e recolha seletiva de resíduos. Têm o essencial para o conforto dos habitantes e utentes e estão a uns minutos de distância do Porto, com vasta oferta de lazer, diversão, cultura e comércio variado. Contudo, ainda há obra a fazer por todo o concelho, especialmente nas freguesias não tão desenvolvidas como as nucleares.

Enquanto gráfica, estão presentes de forma muito evidente e especializada na área cultural, produzindo para Portugal e o mundo. Quais as vantagens que esta especialização de serviços vos assegura?

Amamos o livro e somos gratos por sermos presenteados com vários projetos desafiantes ao longo destes anos. É um privilégio para nós podermos aliar o nosso conhecimento e vasta experiência na produção de livros às ideias criativas dos nossos clientes. Graças a essa simbiose, temos vindo a conseguir resultados surpreendentes.
Referimo-nos aos livros, catálogos e brochuras ligadas à cultura – sobre fotografia, arte, design, entre outros. Também uma boa percentagem da nossa produção é alocada à impressão de brochuras e catálogos institucionais, livros escolares, embalagens em cartolina e revistas.

Esta é uma empresa de caráter familiar. Como é que isso influencia, positivamente, a forma de estar no mercado e junto dos vossos colaboradores?

Prezamos os valores do respeito e do compromisso com as pessoas! Somos uma equipa de 70 pessoas, entre a nossa sede, na Maia, e departamento comercial, em Lisboa. Trabalha-se em equipa flexível, sem estruturas rígidas. O mesmo acontece com os clientes – estabelecemos relações de parceria de forma que eles obtenham a satisfação à sua expectativa quanto à boa realização da sua encomenda.

Com as dificuldades inerentes à contratação de mão de obra especializada que atualmente existem, como se revê a Maiadouro nesta realidade? É difícil contratar um profissional qualificado neste setor?

Sim, efetivamente estamos com graves problemas de contratação, a par de muitas outras indústrias e comércio,
porque há profissões imprescindíveis totalmente vazias de interessados. É um grave e grande problema. O robô
não é a solução para todas as profissões, mas até parece ser o “trabalhador” em que se vai ter de apostar.
A realidade demonstra que os jovens desconhecem a existência de muitas outras profissões além das conhecidas
especialidades de engenheiros e doutores, disto e daquilo. E, quando o jovem é confrontado com o mercado
de trabalho, não há espaço para todos e são muito poucos os que estão dispostos a aprender algo novo e
diferente.

A Maiadouro disponibiliza-se a formar os recursos humanos, considerando por um lado a ausência ou escassez de recursos humanos já formados nesta área e, por outro lado, a constante necessidade de novas formações, dada a atualização permanente dos equipamentos e das técnicas de impressão?

Cada equipamento necessita de operadores especializados e, não existindo operadores no mercado disponíveis, quando se tem a sorte de recrutar um aprendiz interessado, terá o seu primeiro contacto com determinada categoria e tem o acompanhamento e formação ministrada pela nossa equipa de profissionais experientes. Sempre que há introdução de nova tecnologia, a formação é atualizada e fica a cargo das empresas fabricantes dos equipamentos. Os nossos profissionais aprimoram a técnica e melhoram o desempenho com a nova performance do novo equipamento. Outra componente onde se aposta é nos vários softwares de produção.
Basicamente, uma unidade de produção simples é constituída pelo trabalhador experiente, hardware (máquina) e software incorporado na mesma e há outros softwares a ligar as várias unidades de produção. Por isso há sempre lugar à evolução e atualização nesta indústria.

Quão importante é a digitalização, numa empresa como a Maiadouro, pertencente ao setor gráfico, para uniformizar a rede informática e assegurar a disponibilidade dos projetos em qualquer momento, a partir de qualquer ponto da linha de produção?

Bastante importante. Ter dados certos e reais ajuda na gestão e organização dos recursos dos equipamentos, materiais e força humana. Existe fluxo de informação, quer do estado de produção, dos equipamentos, quer do
financeiro e chega a quem dela precisa, para tomar decisões ao seu nível. O nosso preço de produção é calculado
ao minuto, pelo que o “desperdício” é coisa séria.

Considerando a realidade conjuntural esperada para 2023, como se preparou a Maiadouro para a enfrentar?

A equipa de gestão da Maiadouro sempre foi e é preocupada com o futuro, pelo que acompanha as alterações e evoluções e baseia as suas decisões com ponderação. As situações anómalas e imprevistas, que possam impactar a nossa empresa, são igualmente vistas com esse sentido de análise e urgência e procura-se a melhor solução disponível. Face às preocupações da atualidade, salienta-se os preços descontrolados. Estamos mais atentos, sobretudo, ao custo da energia, que, na Maiadouro, contamos mantenha-se moderado graças aos painéis fotovoltaicos instalados em 2020. Por outro lado, desde 2022 a variação dos preços das matérias-primas é uma constante e cabendo 90% a importação, não há alternativas de momento.