“Quando eu disse que ia abrir uma empresa, ninguém acreditou, porque tinha uma filha recém-nascida, era muito jovem, tinha determinação e alguma ambição. O facto de ter uma filha bebé foi muito desafiante e uma das grandes motivações para me ter dedicado tanto a este projeto”, começa por contar a CEO da DHC, Food Experience: “É um reconhecimento imenso quando a minha filha declara o orgulho que tem em mim e na DHC”.
Corria o ano de 1997 quando a DHC chegou ao mercado. Ana Paula Teixeira é formada em Relações Internacionais e teve o primeiro contacto com a área alimentar através da empresa do pai, um despachante das grandes superfícies comerciais: “Comecei a trabalhar com o meu pai nas férias e, entretanto, contactei com os profissionais da área alimentar e particularmente desta em que me encontro. Depois disso, ainda trabalhei simultaneamente para uma empresa espanhola, e foram eles e o meu ex-marido que me incentivaram a abrir a minha própria empresa, pois perceberam que eu tinha muita determinação, ideias e entusiasmo para agarrar as oportunidades que iam surgindo”.
Ana Paula decidiu investir e focar-se apenas nos produtos refrigerados e diz que não está arrependida:
“Empresas com a DHC continuam a fazer sentido nos nichos de mercado, especialmente nos refrigerados. Os produtos refrigerados – precisamente por serem conservados em frio e por terem uma data limite de consumo muito curta e com relativa baixa rotação – o risco de stock é muito elevado e a DHC acrescenta valor aos seus parceiros de negócio (não só mas também) ao assumir esse risco e garantindo que o produto se encontra sempre disponível, a um preço competitivo, que é possível pela massa crítica do conjunto de produtos que comercializa.
Estes produtos alimentares têm um tempo útil de venda muito curto – entre uma a duas semanas. As encomendas são feitas com duas semanas de antecedência: “Temos de conhecer muito bem o mercado, pois recebemos encomendas diárias, com as necessidades dos clientes, mas temos de fazer a nossa encomenda aos produtores internacionais sempre com pelo menos duas semanas de avanço. Encomendamos na semana um para serem consumidos na semana três, pelo que as previsões têm de ser eficazes, pois não temos margens para quebras de stock e temos de garantir um nível de serviço superior a 95% aos nossos clientes”.
Felizmente o controlo de qualidade na UE é muito apertado e só as empresas certificadas – produtoras e transportadoras – podem laborar: “Fazemos questão de trabalhar com produtores que estão entre os três primeiros na sua atividade no respetivo país e só transacionamos produtos do espaço europeu, o que nos garante que estão protegidos pela legislação europeia, que é das mais avançadas do mundo”.
A qualidade dos produtos que a DHC representa vê-se também pela sua pureza, na medida em que o principal fator de conservação é o frio positivo: “Lançámos em 2014 a nossa marca de massas refrigeradas – a Pasta do Dia – que foi a primeira a lançar uma gama de massas culinárias sem glúten , e felizmente tem sido um sucesso. Temos lançamentos todos os anos e as nossas massas têm recebido os maiores elogios por parte dos clientes e dos consumidores”.
“TEMOS LANÇAMENTOS TODOS OS ANOS E AS NOSSAS MASSAS TÊM RECEBIDO OS MAIORES ELOGIOS”
Ciente de que uma liderança implica a gestão e motivação de pessoas, Ana Paula Teixeira afirma que o crescimento da empresa a ajudou a melhorar nessa área: “Somos uma empresa familiar, orientada para a satisfação do cliente, e tento passar esse espírito à equipa. Todos eles são desafiados a alcançar objetivos e cumprem-nos quase sempre . Essa satisfação nota-se. Eu própria sinto-me muito realizada por ter conseguido criar o meu posto de trabalho e assegurar os de outras pessoas, sem descurar o tempo para a minha filha”.
“SINTO-ME MUITO REALIZADA POR TER CONSEGUIDO CRIAR O MEU POSTO DE TRABALHO E ASSEGURAR OS DE OUTRAS PESSOAS, SEM DESCURAR O TEMPO PARA A MINHA FILHA”
Assumindo que se negligenciou a si própria durante mais de uma década, para lançar e posicionar a empresa no mercado, Ana Paula Teixeira diz que tudo isso foram decisões conscientes e necessárias e que está agora a recuperar gradualmente o tempo para si: “Continuo apaixonada pelo que faço e sou grata por ter tido a resiliência e espírito de missão necessários. Hoje o desafio continua, e estou muito envolvida, mas de forma diferente. A aprendizagem é constante, a experiência acumulada ajuda a ter o distanciamento necessário para a tomada de decisões, e é muito gratificante a constante adaptação à mudança e a monitorização dos seus resultados. Em breve teremos mais novidades, sobretudo no que respeita ao posicionamento da DHC e das suas marcas. Faço o que gosto e isso dá-me muita energia. Sou grata pelo meu percurso e por todos os que confiaram e continuam a confiar em mim e consciente de que continua muito por fazer. Obrigada!”.