“A maioria dos portugueses não planeia a última fase da sua vida”

Os cuidados domiciliários a idosos ou a quem possa estar em processo de convalescença são atividades especiais, que requerem atenção, humanidade e dedicação. A Habicuidados trabalha nesta área há mais de 25 anos e orgulha-se de trabalhar de forma profissional, respeitosa e humanizada com os seus utentes e com as suas cuidadoras, conforme refere Liliana Pereira, responsável da Habicuidados Porto.

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Que análise faz ao setor e com que dificuldades se depara, por exemplo, aquando do recrutamento de pessoas qualificadas para as várias áreas deste trabalho?

O apoio domiciliário adaptado a cada utente requer uma abordagem personalizada e humanizada, o que torna a qualidade dos profissionais envolvidos essencial, mas, também, um grande desafio nos tempos que correm. São três as variáveis que desafiam este setor: o aumento da procura; o desafio da qualidade; e o impacto social positivo. No nosso caso, as maiores dificuldades são o recrutamento de cuidadores profissionais e, por outro lado, a valorização do trabalho destes cuidadores. Há poucos cuidadores profissionais qualificados, o que dificulta muito o nosso trabalho de recrutamento e nos exige criar processos de recrutamento muito rigorosos e mais demorados. É fundamental alinhar o perfil do cuidador com o perfil do utente. Além do perfil, valores como a empatia, a paciência / resiliência, o respeito, o compromisso, a compaixão, a integridade e a flexibilidade são valores aos quais damos prioridade. Por outro lado, ainda existe o “mito” de que qualquer pessoa pode ser cuidadora, o que torna difícil criar boas condições de trabalho para um tipo de profissão que se vai tornar cada vez mais valiosa.

Considerando que a função de cuidar ainda não é possível de ser totalmente assegurada pelos cuidados de apoio domiciliário estatais, existe alguma forma de as famílias verem aliviado o valor da contratação destes serviços, em modelo privado?

Precisamos de planear a última fase da nossa vida. Deveria ser obrigatório passar o primeiro ano da reforma a planear a última fase da vida e definir o testamento vital. Avaliar a situação atual, a situação financeira, ajustar e planear para facilitar a vida aos filhos e à família ou, em última instância e por falta de recursos, ao Estado Português. A comparticipação do Estado em relação ao Apoio ao Domicílio ou mesmo ao Apoio em Instituições ainda chega a muito poucas pessoas sem recursos e em situações graves. Acredito que é um tema inevitável e que precisa de medidas concretas, porque se está a tornar um verdadeiro problema social. Não há estruturas físicas suficientes para acolher tantos idosos sem apoio familiar e recursos e elas não se criam de um dia para o outro. Na minha opinião, será inevitável recorrer aos Serviços de Apoio ao Domicílio em modelos de parceria com empresas privadas para chegar a estes utentes.

Para quem é cuidador de alguém, que importância têm estes serviços?

Ser cuidador informal de um familiar a tempo inteiro a longo prazo é um trabalho muito desgastante, tanto físico como emocional, especialmente se é um familiar direto. Recorrer a uma empresa como a HabiCuidados Porto é
procurar um parceiro profissional no Cuidar em casa. Não está a deixar de cuidar, simplesmente está a partilhar algumas tarefas e decisões com quem tem experiência acumulada de 27 anos no Apoio ao Domicílio e de Cuidados.

Que serviços mais vos são solicitados?

Os serviços que mais prestamos são os serviços de Apoio ao Domicílio, com cuidadoras internas. São serviços completos que garantem um Cuidar e uma supervisão 24h. Neste tipo de serviço, acompanhamos o utente às
consultas, supervisionamos a medicação que têm prescrita e monitorizamos os cuidados. Também prestamos apoio de duas horas por dia a 24 horas em dias úteis ou só ao fim de semana. Cada vez temos mais pedidos de
acompanhamento de utentes em instituições, contratados pela família, por vezes só para fazer companhia e, noutras situações, para ajudar o utente com pouca autonomia a conseguir ir passear, almoçar ou jantar à sala de refeições. Também acompanhamos utentes com doenças degenerativas, demências e oncológicas em articulação com os seus médicos de referência. Podemos complementar o serviço de apoio com fisioterapia em casa ou exercícios cognitivos sempre em prol da manutenção ou melhoria das funções básicas, conforto e bem-estar.
Levamos todo o tipo de terapia ao domicílio tais como Psicologia, Fisioterapia, Podologia, Nutrição, Enfermagem e outras terapias holísticas.