O que o levou a interessar-se pela metodologia Building Information Modeling (BIM)?
Sempre me interessei por tecnologia, mas o meu interesse pelo BIM não foi planeado. Quando fui para a faculdade, para estudar Arquitetura, comecei a explorar ferramentas digitais de apoio ao desenho tais como o AutoCAD, uma ferramenta de desenho essencialmente bidimensional, assim como outras ferramentas, com mais funções de cariz tridimensional. Depois, apercebo-me da existência de outras ferramentas de modelação com a
anexação de informação e inscrevi-me no Revit PT, um fórum onde comecei a aprender com as minhas dúvidas e com as dos outros. A partilha de informação – e as dúvidas – foram um ponto de crescimento. Fui aprendendo o conceito e a ideia do BIM. Acabei por me tornar num dos membros mais participativos naquele fórum, o que me proporcionou um convite para uma empresa parceira da Autodesk, na altura a CPCis. Fui contactado para discutir ideias sobre o software e processo BIM, acabando por ser contratado para formador e técnico de pós-venda em softwares da Autodesk. Nesta empresa, viria a ter oportunidade de fazer uma formação em Las Vegas, sobre este tema, e num outro ano acabei por ser docente na Autodesk University Las Vegas. Quando o país passava pela crise que obrigou muitas empresas a fechar, incluindo gabinetes de engenharia e arquitetura, levando à redução drástica da venda destes softwares e dos serviços de suporte, passei a desenvolver as atividades de consultor, BIM manager e formador, liderando a implementação e a melhoria de processos sobre o BIM em diversas empresas, tais como a Garcia & Garcia S.A, a Multiprojectos, a JFA Engenharia, a Focus Design Partners, no Qatar, e Quadrante Group. Foi através destas empresas que tive a oportunidade de participar em projetos de grande dimensão, nomeadamente dois hospitais militares na Argélia (JFA Engenharia), um estádio de futebol no Qatar da Zaha Hadid (Focus Design Partners) e, com perfil de consultor BIM, no processo das minas de lítio, em Montalegre, da empresa Lusorecursos.
Atualmente participo como docente convidado na pós-graduação BIM do ISEP e no TeSP do IPCA. Dedico grande parte do meu tempo à PBIMIS, empresa que criei, que tem vindo a expandir-se e que está vocacionada para o apoio e implementação BIM no mercado empresarial e industrial.
Este ano, a PBIMIS está a apostar na digitalização do edificado existente, além dos projetos de arquitetura e formação BIM certificada pela DGERT.
O que pode o BIM fazer para ajudar os arquitetos, os construtores, os engenheiros e donos de obra a conseguirem executar o projeto sem atrasos, cumprindo o valor orçamentado?
O BIM é uma metodologia que nos leva a atingir diversas metas, consoante os objetivos. Se imaginarmos os edifícios como o mundo dos legos, no qual uma pessoa monta os legos das paredes e a outra os legos dos tubos, das condutas, das vigas, temos um trabalho colaborativo que é facilitado pela visualização tridimensional e pela informação anexada à geometria.
Quando estamos a falar de BIM, estamos a falar de uma criação digital de uma maquete tridimensional, na qual não pode faltar a informação (propriedades acústicas, térmicas, durabilidade…).
Este processo vai facilitar aos projetistas a apresentação da sua melhor solução em comunhão com o espaço desenvolvido. Por exemplo o projetista de hidráulica consegue desta forma definir facilmente a passagem de tubo em todas as zonas do projeto sem colidir ou atravancar a passagem de uma outra especialidade, porque, no conjunto, essa informação está disponível na maquete. Outra vantagem do BIM, quando levado por exemplo para a gestão de obra, pode ajudar a percecionar a quantidade de material necessário para as diferentes fases da construção.
Já integrando com outras tecnologias emergentes, como a Internet das Coisas (IoT) e sensores inteligentes, podemos recolher dados em tempo real sobre o desempenho do edifício. Esses dados podem ser usados para
otimizar ainda mais as operações e a manutenção.
Como funciona a tecnologia de digitalização na qual a PBIMIS está atualmente a apostar? Que aplicações tem?
As metodologias de digitalização permitem-nos ficar com uma imagem total do edificado existente. A partir daí, conseguimos trabalhar o espaço, porque esta tecnologia funciona por nuvem de pontos. Esses pontos, depois, formam a base de um modelo 3D, o que significa que podemos rentabilizar muito mais o tempo – a digitalização é mais fácil do que a medição seguindo as técnicas tradicionais de topografia nos levantamentos arquitetónicos, por exemplo, facilita a eficiência do trabalho, dado que só necessitamos de nos deslocar uma vez ao local para recolher toda a informação geométrica do edificado e assim obtemos todas as medidas necessárias, para efetuar um projeto de requalificação com base no existente. É uma tecnologia muito útil para a topografia e arquitetura,
especialmente para a reabilitação. Esta tecnologia permite digitalizar o que é visível, constituindo-se um modelo 3D que permite extrair plantas, cortes e alçados do existente.
Como será o futuro da PBIMIS?
Acredito que será promissor e que vamos estar com uma presença forte no mercado. Olhando para o desenvolvimento da PBIMIS deste ano em que já temos quase toda a agenda preenchida no que respeita a formação e consultoria, prevejo que os próximos anos ainda serão melhores. Tenho vindo a sentir uma consciencialização sobre o BIM, como é expresso na proposta de lei nº77/XV no quadro do Simplex, começa a haver um o interesse latente por estas metodologias quer no que diz respeito ao processo, mas também em relação à tecnologia, o que amplia significativamente os proveitos. A área de requalificação também faz parte
do nosso portfólio e assim temos assegurado um crescimento diversificado e cada vez mais sustentado.