Ao longo destes 17 anos de prática clínica no país, o que mudou para a Medicina Tradicional Chinesa?
O setor da MTC mudou radicalmente nestes 17 anos, passámos de uma área sem qualquer regulamentação para uma área regulamentada com terapeutas acreditados e com um ganho enorme para os pacientes. A MTC é hoje uma medicina alternativa reconhecida pelo seu mérito e resultados.
Como é que a mudança do mercado e a forma como as pessoas veem, hoje, a Medicina Tradicional Chinesa também a fez evoluir enquanto profissional e pessoa?
Sendo de origem chinesa, a MTC tem para mim um significado muito particular e próximo. Todos os chineses sabem da mais-valia da MTC, nem sequer há dúvidas. É um conhecimento milenar chinês reconhecido, mas em
Portugal a situação era e ainda é diferente. A mudança no setor permitiu-me ser capaz de fazer crescer a minha clínica e ter acesso a terapeutas qualificados e acreditados.
Que mais-valias existem em ter o seu próprio espaço?
A mais-valia principal é ter o meu nome e a qualidade do meu trabalho no mesmo espaço e ser capaz de controlar o atendimento e qualidade de serviço.
A que doenças consegue a Medicina Tradicional Chinesa dar resposta?
A MTC não vê doenças, mas desequilíbrios nos órgãos vitais do nosso corpo. Há quem lhe chame energia, outros chi (palavra chinesa com o mesmo significado). A MTC trata todos os sintomas e o check-up que fazemos no início
de cada consulta serve exatamente para identificar onde está o problema. Eu tenho uma vantagem pessoal: sou formada em medicina ocidental, por isso estudei os sintomas das doenças, as análises e a forma ocidental de olhar
para as doenças. Por isso tratamos um leque de sintomas desde alergias, sinusites, insónias, diabetes, dores musculares, depressão, infertilidade, infeção urinária e doenças autoimunes.
“Todos os chineses sabem da mais–valia da MTC, (…) mas em Portugal a situação era e ainda é diferente”.
Seria importante que as pessoas percebessem a importância de conjugar a Medicina Tradicional Chinesa com a Medicina que se pratica nos hospitais públicos nacionais?
Penso que a conjugação das duas medicinas só tem vantagens e pode até em muitos casos ajudar imenso a clínica geral nos tratamentos, deixando de facto só os casos mais complexos para os hospitais. Uma sinergia bastante reconhecida é no tratamento do cancro onde a MTC conjugada com a quimioterapia e radioterapia permite
resultados muito bons.
Que balanço faz da sua vida enquanto médica? Como acredita que esta profissão muda quem a desempenha e quem dela usufrui?
A minha vida mudou quando vim para Portugal, mudou novamente quando conheci o meu marido e mudou quando comecei a exercer MTC na Meihua e desde aí cheguei onde me vejo hoje, com a abertura da minha clínica. Tenho orgulho no caminho que segui e no impacto que os meus tratamentos apenas à base de agulhas (não uso qualquer medicamento alternativo) têm trazido aos meus pacientes e até à minha família. O balanço é muito positivo, sinto-me uma pessoa realizada, respeitada e a quem as pessoas recorrem mesmo antes de “ir ao médico”.