A Saúde Mental está a ter a atenção que merece. Quão importante é esta abertura para falar sobre Saúde Mental e a sua importância na vida dos seres humanos?
Penso que é fundamental. Diversas publicações da OMS e da OCDE enfatizam que promover a saúde mental e o bem-estar não é apenas uma questão individual, mas uma das principais metas sociais, ainda longe de alcançar. E, atualmente, é urgente o seu reforço. Basta analisarmos o impacto que a doença mental tem na economia, para além do sofrimento pessoal que provoca. O aumento de custos para as empresas, devido a quadros como
stress, ansiedade, depressão e burnout é percetível. Segundo o recente relatório da OPP, cerca de dois em cada cinco trabalhadores apresentaram sintomas e isso representou custos de cerca de 5,3 mil milhões de euros, os quais poderiam ser muito mais reduzidos, se houvesse investimento na prevenção e promoção da saúde mental.
A Clínica Mais Saúde & Melhor Vida sentiu o impacto desta mudança social na forma como se aborda a Saúde Mental?
O aumento da discussão sobre a importância da saúde mental permite reforçar a nossa missão, de dar uma resposta integrada a nível da saúde, adotando uma abordagem biopsicossocial. Para isso, apostamos não só nas áreas de saúde mental como a Psicologia, Psiquiatria ou Neurologia, mas também noutras especialidades com que se relacionam. Tentamos ajudar a pessoa no seu todo. Para nos posicionarmos como uma referência na
prestação de cuidados humanizados e personalizados, investimos numa relação de proximidade com os pacientes.
É crucial que a pessoa reconheça os seus sintomas para procurar a ajuda de um especialista. Todavia, parece-lhe que todos têm capacidade para reconhecer quais os sintomas a que devem estar atentos e procurar, quando os reconhecem, ajuda especializada?
Em verdade, não existem doentes mentais, mas pessoas com doença mental. Por isso, a sua vivência difere de pessoa para pessoa. Muitas doenças causam sofrimento e as pessoas procuram ajuda. O melhor é fazerem-no desde o início para beneficiar atempadamente de uma intervenção e não só quando já não conseguem gerir o mesmo. Por vezes, o desconhecimento ou o receio impedem que isso aconteça. O importante é que as pessoas
estejam atentas a diferenças na sua forma de pensar, sentir e agir. Também existem quadros em que as pessoas não reconhecem a sua disfuncionalidade, sendo necessário que o pedido de apoio venha de quem lhes for mais próximo.
A pandemia contribuiu para uma maior abertura relativamente à Saúde Mental, mas teve um impacto sólido na degradação da condição mental de muitas pessoas, sobretudo os adolescentes. Como analisa este impacto? Que diferença pode fazer no futuro dos jovens?
A pandemia prejudicou muito a vida das pessoas, impactando, em particular, algumas camadas sociais mais frágeis como as crianças, os adolescentes e os seniores. Para muitos jovens, o isolamento, a vivência de um contexto de adversidade, incerteza, mortes, conflitos familiares afetaram não só a sua saúde mental, como também o seu neurodesenvolvimento. Vários estudos científicos recentes corroboram-no. No último ano tenho tido pedidos de pais e dos próprios adolescentes para ajudá-los em quadros de depressão e ansiedade. É importante que nestes casos se recorra a ajuda especializada.
Como se posiciona a Clínica Mais Saúde & Melhor Vida relativamente ao apoio prestado a quem possa ter algumas dificuldades financeiras?
A Clínica tem como missão promover a qualidade de vida e o bem-estar dos seus pacientes e cuidadores e ajudar a desenvolver comunidades mais saudáveis e sustentáveis. Apostando na inovação social, criou-se um gabinete de projetos sociais para assumirmos um papel ativo na criação e apoio de soluções promotoras de saúde e bem-estar junto de diversas instituições solidárias. Além de consultas de Psicologia com valores de respostas sociais para os utentes destas IPSS, ajudamo-las na criação e implementação de projetos com vista a serem económica e socialmente sustentáveis. Além disso, facilitamos condições de acesso através do estabelecimento de diversas parcerias com outras entidades.









