Como se posiciona a ARQUILED, enquanto líder em iluminação pública LED? Quais são as vossas principais linhas de orientação?
A ARQUILED é uma empresa 100% portuguesa, criada em 2005, como empresa de iluminação da área do LED. Em 2005, o LED era uma tecnologia bastante inovadora, o que prova, desde logo, o ADN inovador da ARQUILED.
Começámos pela iluminação LED no segmento arquitetural, tendo depois evoluído para a componente de exterior e de iluminação pública, porque nos apercebemos que havia uma oportunidade imensa nessa área: Portugal tem cerca de quatro milhões de luminárias de iluminação pública, que estão ligadas 365 dias por ano, cerca de 11 horas por dia, portanto, havia aqui uma grande oportunidade de poupar e de transformar este mercado, que estava parado há 40 anos. Além desta componente, focámo-nos também muito no modelo de negócio, isto é, nunca quisemos criar tecnologia apenas pela tecnologia. Para nós, é fundamental que a tecnologia tenha um propósito, que crie valor. Esta é uma das nossas bandeiras – fazer projetos cujo racional económico faça sentido para o cliente final.
Como sempre tivemos a componente da Engenharia do nosso lado, fomos criando os nossos produtos e
reforçando esta área, até ao momento em que decidimos que fazia sentido aplicar o nosso know-how a áreas como a Internet of Things (IoT) ou à gestão de recursos críticos dos municípios – água, energia, resíduos. Por isso, criámos a Bright Science, que tem como missão desenvolver tecnologias IoT para smart cities, com laboratório e técnicos certificados, no Alentejo, para fazer toda a componente laboratorial.
O facto de terem produção e desenvolvimento próprios garante uma maior eficácia na apresentação de soluções aos clientes? Além disso, o facto de os laboratórios e a fábrica se localizarem no interior do país é mais desafiante no que respeita à mão de obra?
Se queremos ser inovadores, temos de ser nós a criar e se o fazemos é porque essas soluções ainda não existem. Esta sempre foi a filosofia subjacente à empresa e, para isso, a Engenharia é fundamental. Pensamos soluções que façam sentido e que acrescentem valor e criamo-las. Temos reforçado este ADN através de parcerias com universidades, seja em Portugal, seja no estrangeiro, e temo-nos candidatado e executado vários projetos no âmbito de Portugal2020, em parceria com estas instituições.
Há caminho a desbravar nestas áreas da investigação e desenvolvimento em Portugal e com mão de obra nacional?
Creio que sim, e nunca foi tão fácil. Enquanto, nos anos 60/70, boa parte da investigação se baseava nos semicondutores, o que obrigava a investimentos altos, hoje boa parte do desenvolvimento passa pelo software e software é só cérebro. Isso, felizmente, temos com abundância neste país. Por isso, acho que nunca foi tão fácil inovar como agora.
Falámos já várias vezes da IoT e quando conhecemos a ARQUILED e a Bright Science, percebemos que estão intimamente ligadas a esta tecnologia. Assim, que soluções existem, hoje, no vosso portfolio, que lhe pareça importante divulgar? O que pode esta tecnologia IoT fazer pela interação entre pessoas e cidade?
O primeiro passo que demos foi pegar numa situação que todos consideramos normal, mas que na verdade não é – nós ligamos um candeeiro de iluminação pública no início da noite e deixamo-lo ligado a noite inteira, na potência máxima. Portugal tem cerca de quatro milhões de luminárias. Isto não faz sentido, quando não há ninguém na rua. Ora, isso significa que podíamos criar um candeeiro inteligente, que adaptasse a quantidade de luz à existência ou não de pessoas na rua. Além disso, arranjámos maneira de tal ser gerido de forma centralizada. Quem aproveitou muito bem este conceito, logo em 2017, foi a Câmara de Cascais, que adaptou a luz do Paredão ao movimento das pessoas naquele espaço, bem como aos dias especiais do concelho. Outra possibilidade de interação é esta: estando as luminárias presentes, de forma densa, em território nacional, começámos a usá-las para mais do que iluminar. Durante a Covid-19, por exemplo, utilizámos luminárias para perceber quantas pessoas estavam num determinado espaço, através da contagem das radiações dos telemóveis, num processo totalmente anónimo. Isso transforma a luminária numa espécie de sensor que, estando presente por todo o país, pode ter mais utilizações.
Quais as áreas onde a ARQUILED poderá apostar, no futuro, ainda no que respeita às aplicações da IoT e dos LED?
A Bright Science é sempre o nosso braço de investigação e, por isso, tudo o que aparece de nova tecnologia, é lá que é desenvolvido. Do ponto de vista do nosso posicionamento, temos concluído que ainda há muito caminho a fazer na iluminação inteligente, mas toda a tecnologia que nós desenvolvemos para gerir a iluminação inteligente
pode ser aplicada noutras áreas. Quando começamos a olhar para os municípios, que são os nossos principais clientes, percebemos que têm uma série de outros recursos que podem ser otimizados. Um deles é a água. Portugal desperdiça o equivalente a 252 piscinas olímpicas por dia. A rede de distribuição de água é uma rede que tem muito pouca tecnologia, pela sua própria natureza, o que nos levou a questionar até que ponto faz sentido adaptarmos a nossa tecnologia para monitorizar perdas de água, fugas, erros de contagem… Além disso, percebemos também que os municípios precisam de ajuda nas áreas da mobilidade elétrica e de geração de
eletricidade. Assim, estamos a transformar a ARQUILED numa empresa virada para smart cities, onde a iluminação é um dos principais vetores, mas não o único. A tecnologia só faz sentido se tiver benefícios claros, ou seja, quando entregamos um valor acrescentado.
Expandir internacionalmente é opção?
A ARQUILED sempre teve uma componente internacional, com projetos feitos no Brasil, Angola, Cabo Verde, Canadá, França e Espanha. Nestes últimos dois anos, a atividade abrandou, mas contamos agora retomar, tendo em conta a normalização da atividade empresarial neste último ano.








