“Acompanhamos o cliente durante toda a sua vida”

Marco Barbosa é intermediário de crédito vinculado e trabalha, através da Maxfinance Prime, para apresentar aos clientes as melhores soluções para a contratação, a renegociação ou transferência de créditos. Tendo por base a conjuntura económica que o país atravessa e as novas medidas que o Governo aprovou para ajudar quem tem crédito habitação a pagar as prestações – cada vez mais elevadas – do crédito, Marco Barbosa explica como lhe parece que será o futuro do setor financeiro.

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Enquanto profissional da área financeira, que análise faz à forma como a sociedade portuguesa lida com o dinheiro e com a poupança?

Considero que, desde cedo, começamos a lidar com uma série de situações ligadas ao dinheiro. Nas últimas décadas, o acesso ao crédito tem vindo a ser mais facilitado, contrariamente ao que acontecia até à década de 90: compra de casa, de carro, principalmente, mas também bens de consumo passaram a estar acessíveis com maior facilidade. No entanto, este facilitismo contrasta com a maior complexidade do mercado financeiro e o nível de educação financeira da população não acompanhou esse aumento da complexidade. O aumento do consumo proporcionou mudanças de hábitos na população, passando de gerações em que o nível de poupança era elevado, para o nosso quotidiano, onde dificilmente as famílias portuguesas conseguem poupar no final do mês. A ausência de educação financeira, aliada à facilidade de acesso ao crédito, tem levado muitas pessoas ao endividamento excessivo, privando-as de parte do seu rendimento em função do pagamento de prestações mensais, que reduzem as suas capacidades de poupança.

Muitas famílias nacionais só conseguem fazer face às despesas do dia a dia contraindo créditos. Quão importante é manter um controlo apertado desses valores e perceber quando está na hora de saldar algum deles?

Essa é a maior dificuldade que as famílias enfrentam diariamente: como conseguir gerir todas as despesas existentes sem necessidade de contrair créditos, ou, sendo estritamente necessário, que créditos fazer e como liquidar os mesmos (ou quando). Acredito que o mais sensato a fazer é a prevenção: tomar a atitude correta no
momento de fazer os créditos: fazer um bom planeamento (que consiste em estimar os rendimentos e as despesas do mês/ano), ter algum rigor no registo desses valores e avaliar no final de cada mês. Não raras vezes utilizamos linhas de crédito desajustadas à natureza das despesas e não temos em atenção o tipo de rendimentos que auferimos: fixos, variáveis, sazonais, etc. O objetivo principal é ter um orçamento positivo: manter as despesas sempre menores que os rendimentos.

Que impacto real tem, para muitas famílias, a subida das taxas de juro, sobretudo as relacionadas com o crédito habitação?

Sendo o crédito habitação o principal encargo que as famílias portuguesas possuem, o facto de contratarem taxas de juros indexadas implica que qualquer subida das taxas de juros tem impacto direto no orçamento das famílias portuguesas. No entanto, convém referir que o mercado já apresenta soluções que ajudam os clientes a
estarem protegidos face a estas subidas, nomeadamente pela contratação de taxas fixas (durante a totalidade do prazo) ou taxas mistas (sendo que nos primeiros anos é fixa e depois passa a indexada).

Como pode um intermediário de crédito ajudar a renegociar o crédito habitação junto da Banca? Quais os principais fatores a ter em conta?

Acredito plenamente no papel que o intermediário de crédito pode ter no auxílio a prestar às famílias portuguesas. O papel do intermediário de crédito não se esgota apenas aquando da concessão inicial do crédito para compra de casa. Acompanhamos o cliente durante toda a sua vida. Possibilitamos aos clientes saber a todo o momento que soluções o mercado tem de novo e se podem ser vantajosas para si.

Que análise faz às medidas que o Governo criou para ajudar as famílias a fazer face a esta subida abrupta das prestações do crédito habitação, sobretudo aquela que, desde o dia 2 de novembro, permite que as famílias solicitem a fixação da prestação do crédito habitação, durante os dois anos seguintes?

Diria que mais vale uma pequena medida que nenhuma. Não creio que seja “a” medida necessária para ajudar a resolver o problema das famílias. Desde 2020 que temos vindo a assistir a medidas de carácter temporário, de certa forma isoladas e de curto prazo, sem uma aparente visão estratégica de médio prazo. É uma ajuda para quem está com dificuldades, mas recorrer a esta medida poderá aumentar os custos do empréstimo a longo prazo.

Quais os principais “erros” que as pessoas cometem quando vão contratar um crédito habitação sem ter passado pelo aconselhamento de um intermediário de crédito?

O nosso aconselhamento visa não só a operação em si da contratação de um crédito habitação, como da situação financeira do cliente na sua globalidade. Ajudamos a que o cliente entenda todas as implicações com a tomada de decisão da compra da casa, e como essa tomada de decisão pode hipotecar o seu futuro financeiro. Temas como rendimento líquido disponível, outros encargos mensais/anuais (p.ex. seguros, condomínio, IMI, etc.), tipos de taxas de juro, necessidade de ir constituindo uma poupança para fazer face a alguns imprevistos que possam
aparecer, etc. Acima de tudo tentamos ajudar a analisar de uma forma racional a tomada de decisão.

Como caracteriza o seu próprio serviço, enquanto intermediário de crédito, junto dos seus clientes?

Recorrer a um intermediário de crédito tem inúmeras vantagens: i) temos um maior poder de negociação face ao consumidor comum, uma vez que temos uma relação privilegiada com as instituições bancárias e muita experiência em negociar; ii) é vantajoso ao nível da rapidez do processo, por já estarmos habituados a lidar com
estas questões entre os clientes e as instituições bancárias; iii) o cliente vai poder poupar tempo com burocracias e também dinheiro, já que conseguimos negociar condições mais atrativas; iv) vai poder contar com um serviço de aconselhamento totalmente personalizado; v) por fim, este serviço é totalmente gratuito, uma vez que somos intermediários de crédito vinculados.