Quais os principais direitos que as mulheres conquistaram e que, a seu ver, merecem particular destaque?
Se olharmos para trás, até ao 25 de abril, e nos propusermos a escolher uma palavra que descreva plenamente o que sentimos que representou a Revolução dos Cravos, ela é: Liberdade. Trazer essa palavra para o âmbito feminino assume um valor incalculável. Naquela época, se uma mulher quisesse sair de Portugal, tinha de pedir autorização ao marido, algo que nos parece impensável agora e que nos faz acreditar que é importante continuar a falar deste tema porque é estrutural, cultural e histórico. Ao observarmos este cenário, não é difícil perceber o que o 25 de abril representou para as mulheres. Foi o início do caminho para que elas pudessem ser tudo aquilo que quisessem, bastando querer. Às vezes, querer muito. No entanto, acredito que, neste momento, o que verdadeiramente condiciona é a vontade.
Enquanto profissional dos recursos humanos, que mudanças teve esta área a partir do momento que a mulher pôde ter acesso ao mercado de trabalho sem quaisquer restrições?
Há desafios que ainda persistem, mas que cada vez mais estão a ser discutidos e há uma preocupação genuína da sociedade em combatê-los e reduzi-los, como a disparidade salarial. Em média, as mulheres ainda ganham menos do que os homens, mesmo desempenhando o mesmo trabalho e possuindo as mesmas qualificações. Além disso, as mulheres tendem a estar sub-representadas em cargos de liderança e em setores dominados por homens, como tecnologia e engenharia. Outro obstáculo é a conciliação entre a vida profissional e pessoal. As
mulheres frequentemente assumem a maior parte das responsabilidades domésticas e de cuidado com os filhos, o que pode limitar as suas oportunidades de avanço profissional. O preconceito e o assédio no ambiente de trabalho também são realidades com as quais muitas mulheres ainda se deparam diariamente. É por estes desafios persistentes que continua a ser necessário falar de igualdade e lutar por ela.
Quais os maiores desafios do cargo de Diretora de Recursos Humanos? A GS1 Portugal é uma empresa que acautela e promove a igualdade de género? De que forma?
A GS1 Portugal destaca-se pela sua excelente estrutura e organização. Os processos estão claramente definidos, implementados e assimilados pelos colaboradores. Além disso, a organização possui um Código de Conduta e Ética profundamente enraizado. Mesmo sem obrigatoriedade, a GS1 Portugal criou um Plano de Igualdade, no qual já tive a oportunidade de participar. É interessante notar que a Direção da organização é composta por 50% de homens e 50% de mulheres. Atualmente, as mulheres representam a maioria dos colaboradores, com 56%. Gostaria de destacar também a cultura de meritocracia promovida através de um bom sistema de avaliação de desempenho e de definição de objetivos. Destaco ainda o sistema de equilíbrio entre a vida profissional e pessoal implementado pela GS1 Portugal Codipor. A organização adotou um modelo de trabalho híbrido que permite até dois dias de teletrabalho e oferece flexibilidade na gestão dos horários, desde que se cumpram determinadas
regras fundamentais para assegurar o bom funcionamento e organização do trabalho. O maior desafio como Diretora de Recursos Humanos? Ser criativa, integrar e descobrir novas formas de trabalho e novos perfis profissionais. Criar equipas multidisciplinares e multigeracionais, promovendo a diversidade e a igualdade, sempre com o objetivo final de alcançar resultados. A minha visão de futuro concentra-se, sobretudo, em auxiliar o desenvolvimento de pessoas talentosas, ágeis, motivadas e comprometidas.
Quão importante é que se passe à geração já nascida em liberdade a importância que teve a revolução do 25 de abril na aquisição de direitos e liberdades por parte de todos os cidadãos, mas particularmente pelas mulheres?
Sem dúvida, a liberdade como uma das preciosidades mais significativas na vida, tanto para homens como para mulheres. Ter a capacidade de fazer escolhas sem censura é essencial. Se lhes perguntarem o que querem ser quando crescerem, devem poder responder o que quiserem.