O Cadaval vai realizar novamente a Festa das Adiafas e o Festival Nacional do Vinho Leve, que vai na sua XXI edição. Esta é uma festa que traz gente ao Cadaval?
Sim, a Festa das Adiafas significa a celebração do fim das colheitas e é de facto um momento de convívio, não só das gentes do concelho, mas de toda a região. Durante os nove dias do evento passam alguns milhares de pessoas por lá, onde têm a possibilidade de contactar com os nossos principais interlocutores económicos e fazer negócios, degustar a nossa gastronomia tradicional e divertir-se com as atividades culturais, tudo isto num conceito de “adiafa” em que se come, bebe e dança no mesmo espaço.
O Vinho Leve é característico da região vitivinícola do Cadaval. Que características tem este vinho que o distingue dos demais vinhos nacionais?
Digamos que o Vinho Leve é uma “invenção” recente do ponto de vista dos vinhos, mas já com alguma vida, na medida em que, com base em características muito particulares da região onde é produzido, teve reconhecimento oficial em 1985, celebrando 40 anos no próximo ano 2025. Sendo o concelho do Cadaval o principal produtor de uma região que se estende do Oeste ao Ribatejo, o Vinho Leve tem efetivamente uma grande importância na atividade económica local, tornando-se num dos produtos que é reconhecido como sendo desta região e que já tem consumidores fiéis um pouco por todo o mundo. Pelas suas particularidades, o Vinho Leve tem vindo a ganhar mercado, é um vinho de baixa graduação alcoólica (até 10º), fresco, frutado, jovem, e essas características têm levado a que o consumo tenha aumentado, nomeadamente por um perfil de consumidor mais jovem.
Que impacto tem este produto na economia do concelho?
O Vinho Leve é hoje um produto reconhecido, mas o facto de ser um produto relativamente acessível ao consumidor não traz um grande valor acrescentado para a produção e é difícil manter esse equilíbrio de ser acessível ao consumidor e garantir um rendimento estável ao produtor. Mas o Vinho Leve é efetivamente um produto que tem margem para crescer do ponto de vista do mercado, porque sendo acessível ao consumidor,
é de altíssima qualidade, é um produto agradável, muito ao gosto dos mais jovens e, desde que consumido com moderação, é uma boa alternativa a outras bebidas alcoólicas, nomeadamente na época do Verão. Do ponto de vista económico, o Vinho Leve já tem produtores privados locais que veem neste vinho um produto de grande interesse comercial, para além das adegas cooperativas que são as principais produtoras. Embora o Cadaval produza outros vinhos de grande qualidade, nomeadamente tintos, o Vinho Leve tem sem dúvida uma grande importância na economia do concelho.
Este ano, em que dias decorre esta festa e o que podem as pessoas esperar, se a visitarem?
A Festa das Adiafas tem sempre início no terceiro fim de semana de outubro e este ano não será exceção, pelo que terá início a 19 e terminará a 27 de outubro. Existem já algumas atividades culturais habituais do certame
que iremos manter, depois teremos o cartaz de animação que é sempre diferente, com a particularidade de fazermos a aposta nos artistas mais “fortes” nos dias mais fracos, ou seja, na segunda e terça-feira teremos a atuação dos “cabeças de cartaz” e assim conseguimos manter a regularidade do público durante toda a semana. É já uma tradição que mantemos e que tem resultado, pois os fins de semana estão já sempre com muito
público e o que é necessário é garantir que existe alguma regularidade durante os outros dias. No que respeita às atividades económicas mais uma vez o espaço será alargado para comportar todos os interessados que cada vez são mais, quanto à restauração contamos com os restaurantes e tasquinhas que já confirmaram presença e trarão a qualidade gastronómica a que já nos habituaram.
Este é o seu último mandato à frente dos destinos do Município do Cadaval. Para o ano, termina funções como Presidente da Câmara. Que legado considera que vai deixar à população, no que respeita aos objetivos atingidos?
Eu costumo brincar com esse assunto dizendo que não tendo apresentado qualquer manifesto eleitoral não deixarei nada por fazer do que foi prometido, pois o meu compromisso com a população é responder àquilo que realmente é sentido como uma necessidade e não andar a prometer coisas que muitas vezes ninguém quer. O
meu legado será exatamente isto, estar ao serviço da população, resolver o que é necessário resolver, criar oportunidades para que quem queira investir e criar emprego no concelho o possa fazer de forma célere, dar condições a quem cá vive para que tenha acesso a bons serviços públicos, nomeadamente ao nível da educação e apoio à infância, mantendo sempre uma boa saúde financeira da autarquia. Obviamente a missão de autarca
nunca está finalizada e os objetivos são sempre dinâmicos, ainda não terminámos um projeto ou uma obra e já estamos a pensar no seguinte, mas com os meios que tive ao dispor, sejam técnicos ou financeiros, fiz o que foi possível fazer, pois só quem passa por uma autarquia é que percebe que as coisas aqui não acontecem ao ritmo das coisas numa empresa ou na nossa vida privada.
Que projetos de referência gostaria de salientar enquanto aqueles que marcam os seus mandatos?
Nunca esquecendo que vivemos quase dois anos em COVID, o que condicionou bastante o normal andamento de alguns projetos e consumiu verbas substanciais, julgo que as vias de comunicação, nomeadamente as vias pedonais são os mais visíveis, sendo que os arranjos urbanísticos das aldeias são talvez aqueles que mais recursos consumiram, não existindo neste momento largo ou praça em qualquer aldeia que não esteja arranjado. Isto na área da mobilidade. Na área das infraestruturas municipais para além de edifícios escolares que concluímos, fizemos também a reconversão das antigas oficinas municipais no polo social e cultural, ampliámos o espaço municipal de eventos com um novo pavilhão e também estamos a construir o novo centro de serviços municipais no parque de serviços urbanos da autarquia, que é um investimento significativo. Na área da habitação, estamos a construir edifícios para habitação social, estando já dois praticamente concluídos e temos também um ambicioso projeto de habitação para arrendamento a jovens que está em andamento e que espero deixar já adiantado. Como já referi, a minha ação está sempre direcionada para os problemas reais das pessoas, sem descurar o rumo que o concelho deve seguir, naquilo que compete à Câmara Municipal, planeando e preparando tudo o que estiver ao nosso alcance realizar.
Hoje, além dos objetivos que quer ver atingidos para o seu concelho, e que resultam de propostas próprias, os municípios têm também de seguir e implementar medidas para corresponder a outros parâmetros, como é o caso dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS). Como está o Cadaval a dar cumprimento a estes Objetivos?
Subscrevemos a carta compromisso da Agenda 2030 e estamos muito empenhados em cumprir as metas estabelecidas com os ODS. Por exemplo, no próximo ano, todos os eventos a organizar pela autarquia têm de
cumprir com os ODS obrigatoriamente, portanto todo o planeamento terá de obedecer a determinados procedimentos de modo a ir ao encontro do compromisso que assumimos.
Até ao final do seu mandato, o que falta ainda concluir, dos objetivos que delineou inicialmente, para que o Cadaval continue no seu caminho de evolução e desenvolvimento? Estão já em curso, alguns?
Como já referi, temos alguns projetos em andamento que espero concluir até final do mandato, como a habitação social e o centro de serviços municipal. Na área do planeamento, embora esteja sempre muito cético quanto a este processo que não depende de nós, espero que o PDM fique finalmente revisto, após mais de 20
anos sobre o início da sua revisão. Como já estamos na fase de consulta pública, julgo que será desta que teremos novo PDM, mas só acredito quando estiver publicado em Diário da República. Depois temos alguns assuntos em curso que também espero concluir, como a requalificação do Parque de Lazer do Moinho da Forca,
as vias pedonais que faltam ao nosso plano inicial, assim como muitas outras pequenas obras que espero que possam contribuir para a melhoria da qualidade de vida da nossa população.