Cortiça: Um material sustentável, natural e uma solução de futuro

A Corticeira Viking já tem mais de 25 anos de atividade no mercado e dedica-se à produção e comercialização de produtos em cortiça, para as mais variadas áreas. Renato Espírito Santo, sócio-gerente da empresa, explica que a cortiça é um produto natural, sustentável e, por isso, muito procurado atualmente para várias soluções, seja a nível industrial, seja para clientes particulares. Fique a conhecer um pouco mais deste produto cujo mercado Portugal lidera.

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Quando surgiu a oportunidade de produzirem os vossos próprios produtos e entregar produto final ao cliente?

Decidimos integrar o processo produtivo na Corticeira Viking – inicialmente dedicada exclusivamente à compra e venda de produtos de cortiça – de forma gradual e com maior incidência na última década. Com o crescimento do negócio, aliado à afirmação mundial da cortiça como material sustentável, natural e renovável, surgiu a aposta em maquinaria e infraestruturas, assim como na contratação e formação de recursos humanos. Neste novo cenário, foi possível passar a obter maior rentabilidade, dar uma resposta mais eficiente aos nossos clientes e
depender cada vez menos de subcontratados. Por outro lado, produzir internamente veio facilitar a conceção de produtos próprios e a customização de artigos, que é um dos nossos pontos fortes.

Que tipo de produtos de cortiça produzem? Produtos para casa e lifestyle, ou também enveredaram pela área industrial?

Gostamos de afirmar que não há limites para a gama de produtos de cortiça que podemos oferecer, que inclui produtos para mesa, escritório, desporto, lifestyle, gifts, e outras utilidades. Somos capazes de produzir um bloco de yoga, um frapé, um brinquedo ou até um guarda-chuva de cortiça. Comercializamos também produtos da área industrial, nomeadamente para isolamento ou revestimento de casas.

Por que processos passa a cortiça no sentido de se tornar o produto final que depois é comprado pelos mais variados setores de atividade?

O ciclo de vida da cortiça começa com a extração da casca do sobreiro, atividade que se realiza entre maio e agosto. Depois de extraída, a cortiça passa por várias etapas que variam de acordo com o produto final a que
se destina. A título de exemplo, o processo de produção de uma rolha de cortiça é muito diferente do método de fabricação de um tapete de yoga. A produção do aglomerado composto, que é um dos principais materiais
com que trabalhamos, passa pelos seguintes processos: (i) granulação – fase em que se trituram o refugo, as aparas e os desperdícios de cortiça, obtendo-se diversas granulometrias; (ii) aglomeração – que é o processo
de aglutinação dos grânulos, resultando da ação conjunta da pressão, alta temperatura e um agente de aglutinação (por norma o poliuretano); (iii) moldação – fase em que os grânulos e as resinas são colocados em
moldes para a prensagem e passagem pelo forno; (iv) lixagem – é o processo que define a espessura e o grau de rugosidade que se pretende para a folha de cortiça.

Tendo a seu favor o facto de ser sustentável, que cuidados é necessário ter para, através dos processos de transformação da cortiça, não desvirtuar essa característica, devido a químicos, que podem ser adicionados ao produto aquando da sua transformação?

Existem várias normas legais que regulam o setor corticeiro e que visam garantir isso mesmo, isto é, que os processos de transformação da cortiça não desvirtuam as características únicas e os benefícios desta matéria-prima tão nobre. O Systecode através do Código Internacional de Práticas Rolheiras (CIPR) e o HACCP (Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controlo) no âmbito da segurança alimentar desempenham um papel fundamental nesta matéria.

Que análise faz a este setor e à forma como ele pode impor-se, mundialmente, para tornar Portugal um país ainda mais líder nesta área? A inovação é crucial para que se continue na vanguarda?

Vemos a aposta na inovação como um fator crucial para potenciara cortiça enquanto matéria-prima versátil e capaz de inúmeras aplicações, como também para garantira sobrevivência das empresas rolheiras. A constante
ameaça dos TCA’s, dos vedantes sintéticos e da falta de matéria-prima de qualidade exige a criação de novos modelos de rolhas que satisfaçam as necessidades do mercado.