Disrupção, criatividade e alegria ao serviço das tecnologias de informação

A Mooddie Digital Data Consulting é uma empresa 100% Portuguesa, recente no mercado, mas onde os seus fundadores acumulam décadas de experiência no setor das tecnologias de informação. Desde sempre, compreenderam que os dados são a chave para o crescimento e a evolução das empresas, especialmente em setores críticos como o logístico-portuário. Catarina Almeida, CEO da Mooddie desde a sua fundação em 2022, explica o que levou à criação da empresa, partilha a visão da Mooddie, os desafios da adoção de tecnologia e como os dados podem ser muito mais do que números — são a matéria-prima essencial para decisões inteligentes, antecipação de tendências e crescimento sustentável.

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A equipa fundadora da Mooddie tem uma vasta experiência na área da tecnologia e digitalização, com mais de 25 anos de trabalho. O que os levou a criar a Mooddie Digital Data em 2022?

A Mooddie nasceu há exatamente três anos, impulsionada pela profunda motivação dos sócios fundadores, em criar algo verdadeiramente disruptivo, focada no compromisso e dedicação com as equipas de trabalho e na entrega de soluções de excelência aos nossos clientes. A ideia de “estabilidade” e “conforto” não faz parte do nosso vocabulário e com mais de 25 anos de experiência acumulada no mercado de TI e uma vontade de abraçar o empreendedorismo, procuramos um novo desafio que alinhasse as nossas capacidades e vontade de entrega, com as necessidades do mercado. Deixamos de lado paradigmas mais tradicionais e rígidos, a nosso ver, e optamos por modelos de gestão mais flexíveis em áreas como mobilidade – trabalho remoto, avaliação de equipas, processos operacionais mais ágeis e muito importante, o foco nas relações sólidas e duradouras. Hoje, somos três sócios e a caminho das 20 pessoas.

O que aconteceu quando a vontade de empreender começou a emergir?

A minha vontade de empreender foi-se fortalecendo logo após a conclusão do IXMBA no IE entre 2007 e 2008 e que expandiu e cultivou significativamente a minha mentalidade empreendedora. Quando conheci o Francisco
Câmara, onde trabalhámos juntos no projeto Janela Única Portuária entre 2010 e 2012 e, mais tarde, no projeto da Janela Única Logística entre 2018 a 2021 para os portos nacionais, partilhámos frequentemente em conversas informais, essa vontade de criar uma empresa 100% portuguesa, combinando os conhecimentos e capacidades
de cada um. A liberdade de tomar as nossas próprias decisões, o querer abraçar uma área específica de um negócio e a capacidade de responder rapidamente às nossas equipas e aos nossos clientes foram fatores decisivos para avançar com a decisão de se criar a Mooddie.

Porquê o nome Mooddie Digital Data?

A origem do nosso nome…boa pergunta! É sempre um excelente ponto de partida para uma conversa, porque representa muito do que somos e do que queremos transmitir enquanto empresa. Desde o início, sabíamos que
queríamos continuar a fazer o que já fazíamos, mas de uma forma diferente — mais humana, mais próxima das pessoas e da sua realidade. O nome Mooddie tem uma origem muito especial, inspirado na palavra Mood, porque acreditamos que os diferentes estados de espírito moldam as pessoas e, consequentemente, as organizações. Todos temos altos e baixos, e o nosso trabalho deve respeitar essa dinâmica. A verdadeira essência de uma empresa está na identidade de quem a compõe — sejam colaboradores, clientes ou parceiros. Por isso, o nome Mooddie Digital Data nasce da união entre dados, inovação e tecnologia com um elemento essencial: o respeito pelo fator humano. Cada mood, cada experiência, cada interação contribui para a dinâmica do nosso trabalho e para a forma como criamos valor. No fundo, não trabalhamos apenas com dados — trabalhamos com histórias, com relações e com impacto real.

Têm, nas vossas redes sociais, o selo da Great Place To Work. Como foi para vocês ganhar este selo, sendo que tinham pouco mais de dois anos de Mooddie?

É um grande orgulho para nós! Foi algo inesperado, mas um desafio que agarrámos de imediato, porque nos inspira a continuar a ser cada dia melhores e a nunca cruzar os braços ao que de mais importante temos ao nosso redor: as pessoas. Essa conquista foi o reflexo do nosso trabalho individual e coletivo – a nossa identidade – que
reflete a nossa cultura organizacional. Simplesmente extraordinário! As pessoas são, sem dúvida, o nosso ativo mais valioso, e colocá-las no centro das nossas decisões é a fórmula do nosso sucesso e a chave para a satisfação dos nossos clientes.

Que visão e estratégia aplicaram, ao criar a Mooddie? Como é que esses aspetos foram fundamentais para o relacionamento com os clientes e o crescimento da empresa?

O relacionamento com clientes sempre foi uma fonte de motivação e uma verdade absoluta – sem clientes e/ou clientes satisfeitos, não há projetos. E foi sim, um fator determinante na definição da visão da Mooddie, que acaba por ser pautada por uma forte motivação em se tornar uma empresa de referência na transição digital, tanto para as pequenas e médias empresas (PME’s), quanto para outras de maior dimensão. Tudo isto, sempre com um forte compromisso com os nossos colaboradores e com os nossos clientes e parceiros. Definimos uma estratégia clara e abrangente, focada em três pilares fundamentais e que, a nosso ver, promovem uma transição digital suave e sustentável: Integrar soluções digitais e automação alinhadas com a estratégia do cliente; transformação operacional com a reestruturação e otimização de processos operacionais e flexibilidade e adaptabilidade para capacitação e confiança na adoção digital.

Essa abordagem parece muito focada nas necessidades dos clientes. Que benefícios vocês observam com essa filosofia e quais os principais princípios que orientam essa estratégia?

Acreditamos que a transição digital não precisa de envolver grandes e complexos projetos. Muitas vezes, pequenas ações promovem grandes resultados e é nossa prática aconselhar os nossos clientes a começar com os chamados POCs – Proof of Concept. Validar resultados e colocar em produção soluções de forma gradual. Esta filosofia permite ao cliente adaptar-se progressivamente, ver novos resultados e o efeito sentido no seu negócio num
curto/médio espaço de tempo. Orientamos os nossos clientes a ter um crescimento estruturado, que respeite as suas necessidades de negócio específicas, colocando no centro das nossas decisões não só o cliente, mas também
o seu negócio com as suas especificidades.


Compromisso, excelência, criatividade e sensibilidade são os valores que vos definem enquanto empresa. Como é que estas quatro palavras moldam o vosso ADN? Como as aplicam ao vosso dia a dia laboral?

A definição dos valores da Mooddie sempre esteve clara para nós e teriam de emergir da essência dos seus fundadores. A partir desse ponto de partida, foi natural e muito fácil chegar aos nossos valores e, ainda mais, contar a sua história de maneira simples, mas autêntica: Compromisso, Excelência, Criatividade, Sensibilidade
e agora recentemente, adicionamos mais dois que estando em prática no nosso dia a dia, considerámos que deveriam fazer parte explícita do nosso ADN: Confiança e Alegria.

Num setor altamente tecnológico e em constante evolução, como avaliam a dificuldade em atrair e formar talento para responder às exigências do mercado?

A captação de talento qualificado é um dos grandes desafios do setor tecnológico. E posteriormente, a retenção do talento. A Mooddie também se envolve na formação académica destes talentos. Já recebemos mais de seis
estagiários da ENIDH (Escola Náutica Infante Dom Henrique) e do IPS (Instituto Politécnico de Setúbal), que se juntaram às nossas equipas com a mesma dinâmica de trabalho dos restantes colaboradores. Sabemos que a primeira experiência profissional é essencial, por isso envolvemos os estagiários em atividades que, embora não sejam as mais complexas, lhes permitem adquirir experiência prática e compreender a realidade do mercado.

Como é que a Mooddie promove a colaboração dentro das equipas?

Na Mooddie, cultivamos um ambiente colaborativo e de partilha, onde cada ideia conta. Mesmo estando envolvidos em projetos diferentes, incentivamos a comunicação e a troca de conhecimentos entre as pessoas. Essa dinâmica promove empatia, apoio mútuo e escuta ativa, incorporando sensibilidade, criatividade e excelência, que são parte da nossa identidade. Temos também ferramentas corporativas que nos permitem e facilitam essa colaboração: Monday, Slack, GitLab, Workspace da Google e claro, os nossos eventos que fazemos durante o ano.

E nas interações com os clientes, como é que isso se manifesta?

As nossas interações com os clientes são feitas também elas num ambiente de colaboração e partilha. Para isso, usamos a metodologia Ágil Scrum, onde a ideia é promover um envolvimento ativo dos clientes em toda a fase do ciclo de execução dos nossos projetos e, tudo isto, num ambiente formal, mas descontraído. É muito fácil reunir com os clientes, através do uso de ferramentas de vídeo corporativo, tirar dúvidas, apresentar resultados ou simplesmente ouvir o seu feedback. Esta é uma das vantagens do trabalho remoto! A facilidade com que se consegue desbloquear temas num curto espaço de tempo é fantástica! Temos também outras ferramentas onde cada cliente tem acesso em tempo real aos seus planeamentos dos projetos. Escutamos atentamente as necessidades e desafios de cada um deles para que as soluções reflitam as suas necessidades e se tornem ainda mais competitivos.

Em que setores centram hoje a vossa atividade? Que projetos gostaria de salientar que comprovam a vossa forma de estar no mercado e de entregar uma boa solução?

O Setor Logístico-Portuário é um setor que ocupa um lugar especial no coração da Mooddie, pela longa história construída ao longo de mais de 15 anos. Durante esse tempo, acumulámos um elevado conhecimento funcional
e técnico que nos permite compreender profundamente as dinâmicas e desafios deste mercado, e de todos os atores envolvidos e que interagem neste tipo de soluções core: Port Community Systems (PCS’s) e Logistic Single Windows (LSW). Alavancamos a Mooddie neste setor, a trabalhar os dados gerados por estas aplicações em praticamente todos os portos nacionais e Cabo Verde.
O Setor Financeiro (Banca) é um setor onde temos vindo a trabalhar desde 2023, no desenho de arquiteturas 100% open-source com a criação de data e delta-lakes para sistemas de big data, onde a necessidade de inovação e eficiência são cada vez mais crescentes e com uma forte componente regulatória.

Qual é a visão da Mooddie sobre o futuro da tecnologia associada, especialmente no setor logístico-portuário?

Este setor é um exemplo inspirador. Veja, um porto é uma infraestrutura essencial, uma verdadeira porta de entrada e saída para as mercadorias de um país. E Portugal tem uma oportunidade estratégica única de se posicionar como a principal entrada para a Europa. Os nossos portos têm crescido muito, tanto em volume de mercadorias como no número de passageiros. Este crescimento só é possível porque existe um esforço contínuo em modernizar e integrar tecnologias avançadas nos seus processos. Estamos a falar de digitalização, automação, sistemas de gestão de tráfego marítimo, sensores IoT para monitorização em tempo real, soluções de port community systems (PCS’s), logistic single window ( LSW), integrações com outros PCS’s europeus, agora com o eMSW.

Pode partilhar um exemplo concreto desse progresso?

Claro! O projeto JUL – Janela Única Logística – é um ótimo exemplo. Todos os portos nacionais trabalharam juntos, partilharam conhecimento e recursos, para dar um salto tecnológico transversal e inovador. É impressionante, porque cada porto tem as suas particularidades, mas conseguiram avançar em conjunto com a partilha de conhecimento, de recursos humanos e tecnológicos. Agora, temos ajudado os portos a aproveitar ao máximo os dados recolhidos por estas plataformas. Isso permite-lhes ter uma visão integrada não só da operação do próprio porto, mas do setor como um todo. Decisões mais ponderadas, baseadas em dados reais, são tomadas diariamente.

O que está a moldar o presente e o futuro neste momento?

Estamos a viver uma nova onda tecnológica, marcada pela Inteligência Artificial e as suas variantes – Machine Learning, Deep Learning e a Inteligência Artif icial Generativa – além do IoT e do Blockchain. Estas tecnologias não
só complementam o trabalho humano, mas, em alguns casos, podem substituir completamente. Isto coloca desafios interessantes, tanto para as empresas como para a sociedade. A história mostra que somos uma espécie
que se adapta, muito mais do que qualquer máquina. Alguns postos de trabalho vão desaparecer, mas novos surgirão, especialmente em áreas que valorizam a criatividade, a inovação e a genialidade humana. O futuro,
para mim, está na valorização do pensamento crítico e criativo, sempre ajustado às capacidades disruptivas da tecnologia.

Pode explicar como isso se aplica a setores específicos, como o logístico-portuário?

Claro. Nesse setor, a tecnologia impulsiona a eficiência e a segurança, mas também promove a sustentabilidade – reduzindo desperdícios e otimizando recursos. Adicionalmente, a interoperabilidade, aliada a tecnologias como IoT e Blockchain, tem tido um grande avanço. Ferramentas assim ajudam não só todo o setor logístico-portuário em Portugal como em todo o mundo. A capacidade do setor nacional e internacional partilhar informação de forma eficiente e utilizar recursos de maneira integrada e escalável gera sinergias não só a nível operacional, como na minimização de erros de comunicação, na própria experiência muito mais satisfatória dos utilizadores e na integração de novas tecnologias, serviços e plataformas sem a necessidade de grandes restruturações nos seus sistemas/produtos. E isso é vital para melhorar a eficiência, a transparência, a rastreabilidade, a celeridade, a segurança e a competitidade local e global e, gerar confiança entre todos os atores intervenientes no processo.

Qual o caminho que a Mooddie Consulting se prepara para trilhar em 2025? Existirão novidades que possam partilhar convosco?

O nosso foco para 2025 está na consolidação da nossa estratégia de internacionalização. Embora já tenhamos começado a exportar serviços desde 2023, acreditamos que este ano será fundamental para solidificar a nossa
presença em mercados internacionais e consolidar a Mooddie como um player relevante. Reforçar o nosso papel como parceiro tecnológico e de negócio, confiável e inovador.