Que análise fazem ao conhecimento que já existe relativamente a esta política da hospitalização domiciliária, por parte das famílias, e de como os hospitais lidam com esta nova possibilidade?
A hospitalização domiciliária no SNS ainda é insuficiente face à crescente procura por cuidados de saúde, ao aumento da esperança média de vida e ao envelhecimento patológico, que sobrecarregam as unidades de saúde. A diminuta aplicação desta modalidade de hospitalização no domicílio pelas unidades, a somar ao desconhecimento
das famílias sobre a possibilidade e os benefícios dessa hospitalização, têm ditado a preferência pelo recurso aos cuidados mais tradicionais, como internamentos hospitalares e outras estruturas residenciais.
De que serviços dispõem? Como podem as famílias recorrer aos vossos serviços?
O nosso estabelecimento funciona durante todo o ano e inclui desde serviços de higiene e conforto pessoal, serviços diurnos, serviços noturnos, a cuidados permanentes de 24 horas, sete dias por semana. O apoio domiciliário abrange normalmente os cuidados de higiene e conforto pessoal, a confeção e apoio em refeições, o tratamento de roupa, a higienização do domicílio, a assistência medicamentosa, o acompanhamento a deslocações ao exterior e a aquisição de bens e serviços. Também disponibilizamos apoio biopsicossocial, estimulação cognitiva e outros serviços complementares, como enfermagem e ajudas técnicas, em colaboração com profissionais e técnicos especializados. As famílias podem recorrer aos nossos serviços entrando em contacto connosco, através
dos nossos contactos telefónicos e outros meios disponíveis no website. Dispomos de parcerias com diversas entidades públicas e privadas, incluindo seguradoras e associações públicas profissionais, que conferem benefícios adicionais.
O vosso lema é “Mais do que Cuidar, Entender”. É necessário fazer este trabalho sempre com a empatia e a humanidade em primeiro plano?
Sem dúvida. É absolutamente fundamental que este trabalho seja realizado com empatia e humanidade. Quando prestamos apoio a qualquer pessoa, não estamos apenas a cuidar da própria, mas sim a suportar todo o contexto familiar que a envolve, minorando situações de ansiedade, frustração e sobrecarga física e emocional de familiares e amigos. A empatia permite-nos compreender os sentimentos e preocupações dos nossos utentes e respetivas famílias, atuando em conformidade a cada momento. Ao abordarmos as famílias com compreensão e humanidade, criamos um espaço seguro onde todos se sentem ouvidos e compreendidos, à vontade para partilhar as suas angústias e desafios. Isso é essencial para que possamos prestar um apoio completo e com qualidade, assegurando o bem-estar geral de todos os envolvidos. Este serviço de acompanhamento domiciliário é um motivo de acréscimo de despesas familiares.
Que opinião tem sobre a necessidade de apoio, por parte do Estado, a famílias que possam não conseguir sustentar os custos deste apoio?
Atualmente, estas despesas são isentas de IVA e podem ser dedutíveis em sede de IRS, mas isso é insuficiente. É fundamental que o Estado intervenha para garantir o acesso a cuidados domiciliários de qualidade, nomeadamente
para famílias com maiores constrangimentos económicos, através de subsídios ou comparticipações, bem como programas e protocolos com o setor privado e social. Uma colaboração mais estreita entre os serviços de saúde, as instituições sociais e os estabelecimentos de apoio domiciliário facilitaria soluções integradas que atendam as necessidades das famílias.