A Feira Gastronómica do Porco vai na sua 27ª edição. Em que é que consiste este certame? Quem vier a Boticas durante este evento, o que pode encontrar à sua disposição?
A Feira Gastronómica do Porco é o maior evento que anualmente se realiza em Boticas e o principal cartão de visita do concelho, promovendo e dando a conhecer os produtos endógenos e a gastronomia local. No mesmo espaço, os visitantes podem comprar fumeiro e enchidos de sabor único, mas também desfrutar de uma experiência gastronómica de abrir o apetite, nas “Tasquinhas”, onde são confecionados alguns dos melhores pratos à base de carne de porco e enchidos. Tudo isto só se torna possível graças à conjugação e dedicação a duas atividades ainda enraizadas no concelho, a agricultura e a pecuária. Aos produtos e à gastronomia junta-se a animação permanente, quer através da atuação dos grupos locais de música tradicional, quer com a realização das populares chegas de bois.
Qual o papel da autarquia na organização desta Feira? Que impacto económico se espera que a mesma traga à região?
À Câmara Municipal cabe promover o que de melhor há e se faz nesta região, assegurando a existência de todas as condições para a realização de um evento de qualidade, criando oportunidades de negócio e importantes dinâmicas
económicas para o concelho e a região. É óbvio que um evento desta grandeza significa importantes retornos económicos para quem continua a ter na agricultura e na pecuária o seu principal sustento. Ao longo dos anos os nossos produtos endógenos têm ganhado cada vez mais projeção, o que se reflete na sua procura crescente. Desde a primeira edição desta Feira que implementamos um rigoroso controlo em toda a cadeia de produção do fumeiro artesanal, o que nos permite garantir a qualidade e autenticidade do mesmo.
“Um evento desta grandeza significa importantes retornos económicos”.
Qual a relevância dos produtores de fumeiro tradicional para a economia do concelho de Boticas?
A produção de fumeiro tradicional é, sem dúvida, um importante complemento para o rendimento das famílias e de todos aqueles que continuam a ter na agricultura e na pecuária a sua principal ocupação. É uma atividade muito
trabalhosa, mas que é também bastante rentável, tendo em conta a elevada procura de que anualmente estes produtos são alvo. A existência da Feira Gastronómica do Porco, junto com outras feiras de fumeiro da região, são
uma “montra” de grande visibilidade para estes produtos e uma excelente oportunidade de negócio, que garante a venda na totalidade do fumeiro produzido. É evidente que tal se revela extremamente importante para a economia
do concelho e de toda a região e contribui para uma maior rentabilidade da atividade agrícola.
Que características apresenta este fumeiro tradicional, que distingue estes produtos dos demais?
Sendo uma região de montanha, o fumeiro tradicional acaba por refletir as nossas características orográficas. Desde logo porque é influenciado pelas temperaturas (baixas) que se sentem nesta região no Inverno, pela humidade e pelo vento. A forma como os porcos são criados e alimentados à base de produtos naturais e de tudo o que o agricultor produz, tem também uma grande influência na qualidade das carnes, assim como as lenhas utilizadas para secar o fumeiro. A isto juntam-se os saberes que têm passado de gerações em gerações, a forma como as carnes são cortadas e os temperos, que são o principal segredo, e tudo em conjunto resulta em produtos de sabores únicos e de qualidade reconhecida.
Com quantos expositores vai contar a edição deste ano da Feira Gastronómica do Porco?
Contará com cerca de meia centena de expositores de venda de fumeiro, a que se juntam mais 30 expositores de venda de outros produtos alimentares e ainda duas dezenas de expositores de artesanato. Acrescem ainda as
“Tasquinhas” (restaurantes) presentes na Feira e que são responsáveis por servir milhares de refeições ao longo dos quatro dias do evento.
Esta região geográfica é considerada Património Agrícola Mundial pela FAO (ONU). Que implicações isso tem para o espaço de cultivo agrícola e, em simultâneo, que vantagens traz aos agricultores e produtores que desenvolvem a sua atividade na região?
Ser Património Agrícola Mundial é ter um “selo” de qualidade e autenticidade para os produtos produzidos nesta região. A classificação tem em conta as práticas agrícolas e a forma como elas são desenvolvidas, dentro de
um espírito comunitário e de entreajuda, com recurso a técnicas tradicionais, que passaram de geração em geração, muito trabalho manual e pouco mecanizado. Continuamos a ter uma agricultura de subsistência, com a
propriedade agrícola de dimensões reduzidas, onde o trabalho manual é fundamental. Há uma produção biológica que valoriza os produtos da terra, em perfeita sintonia com a preservação do meio ambiente e que ajuda a manter a natureza no seu estado mais puro. É esta autenticidade, esta comunhão que os barrosões mantêm com a natureza, que nos permitiu ser classificados como Património Agrícola Mundial. É óbvio que essa classificação veio trazer mais visibilidade e mais notoriedade a este território e aos poucos o “Barroso” vai-se impondo como uma espécie de marca de qualidade.
Além desta Feira, que decorrerá logo nos primeiros dias de janeiro de 2025 (9 a 12 de janeiro), que outros atrativos tem a região de Boticas que considere importante salientar e que representem um bom motivo para conhecer a região?
A nossa gastronomia, as nossas paisagens, o nosso património natural e construído são, por si só, grandes motivos para visitar o nosso concelho. Temos uma multiplicidade de atividades e eventos que se realizam ao longo de todo o ano, bastante diversificados, desde os desportos de natureza e aventura aos desportos motorizados, passando pela realização de uma panóplia de atividades culturais e das festividades e romarias religiosas. Mas o que temos de melhor é a hospitalidade do nosso povo.
Enquanto presidente deste município, que mensagem gostaria de deixar quer à sua população, quer aos turistas que vos visitam em busca de tudo o que Boticas tem para oferecer?
Reforçar apenas que gostamos de receber bem todos quantos nos visitam e de lhes oferecer o que há de melhor na nossa terra. Quem visita Boticas pela primeira vez fica com vontade de aqui voltar. O nosso lema é “Boticas, a Sedução da Montanha”. Quem vem ao nosso concelho fica imediatamente seduzido por este território e não
tardará até voltar, para descobrir cada vez mais e deixar-se encantar por esta região. Deixo o desafio para que visitem a nossa terra, conheçam este povo, desfrutem da nossa gastronomia e apreciam a “pacatez e o sossego” desta região, longe do bulício e do stress das grandes áreas urbanas.