Líderes

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É nesta altura que o seu sentido de liderança pessoal deve ser o mais estimulado possível. Muitas vezes achamos que falar em liderança é falar daqueles que gerem grandes empresas ou patrimónios, ou que têm muito poder material e financeiro, mas não o é.  

Líderes são todos aqueles que assumem o comando da sua vida mesmo durante as maiores tempestades. Líderes são todos aqueles que sabem que precisam de cuidar de si, da sua energia, daquilo que pensam, daquilo que sentem e daquilo que escolhem fazer.

Líderes são todos aqueles que assumem o que querem e como querem viver, e que constroem as suas próprias regras questionando as regras normais dos demais.

Líderes são todos aqueles que não desistem dos seus sonhos mesmo quando tudo parece estar perdido ou quando sentem grandes obstáculos a impedir o seu caminho.

Líderes são todos aqueles que, mesmo no imprevisível, continuam a desenvolver a resiliência necessária para semearem todos os dias aquilo que querem ver nascer e florescer, e que antes de procurarem respostas fora de si, as procuram dentro.

Assim, líder pode ser o leitor, eu e todos nós. Acredito que, antes de queremos liderar o que quer que seja fora de nós, precisamos primeiro de liderar dentro, e isso exige um grande investimento para questionar o que quer, o que sente e o que precisa de semear, trabalhar e desenvolver. E a liderança exige grandes doses de energia física, mental, emocional porque é ela que nos dá a alavanca para nos reerguermos mesmo quando ficamos cansados e meio perdidos em circunstâncias tão exigentes como estas que estamos a viver.  

Nunca é demais questionar crenças, convicções e o que nos é apresentado como normal, principalmente se não nos sentimos bem e sem energia. Enquanto houver vida irão continuar a existir as dificuldades, o stress, as crises e os grandes desafios. Mas para isso, precisamos de criar espaço para nos recriarmos e nos reerguermos.

Precisamos de saber parar, questionar e de agir. Sem ação nada muda. Qualquer caminho de liderança exige também o reconhecimento das suas forças, das suas fragilidades, dos seus recursos e das suas dificuldades. Sem espaço mental para criar a realidade que quer construir, tornará tudo mais difícil e exigente e pode continuar a perder energia para pensar exclusivamente no quão lamentável é a história que está a viver.

Assumir um caminho de liderança é assumir as responsabilidades pela forma como nos sentimos, por aquilo que pensamos e por aquilo que queremos. Exige deixar de lado algum tipo de vitimização e de inércia perante as dificuldades da vida, e isso é muito duro e exigente. No entanto, também poderá ser o grande desafio das nossas vidas, assumir que apesar das circunstâncias que possamos estar a viver, que somos os únicos que podemos mudar o rumo da situação e trabalhar interiormente para nos sentirmos melhor connosco e com os outros. Maior será o desafio quando se assume essa responsabilidade num momento tão difícil como este, onde tudo parece e é atípico, anormal e tão imprevisível.

É de todo mais fácil assumir que não pedimos nada disto, que não temos nada a ver com este vírus, que não temos culpa nenhuma sobre tudo aquilo que perdemos e continuamos a perder em função dele. Pouco mudará se alimentarmos esta postura e continuarmos à espera de que alguma coisa nos venha salvar. Às vezes, este pedido de resgate tem de ser mesmo nosso para aprender a nadar, mais do que pedir alguém que nade por nós. Que dureza! Mas este é o verdadeiro sentido de liderança: assumir o comando, podendo começar por pedir ajuda para o conseguir fazer. Pedir ajuda é de todos os atos de liderança o mais nobre. É reconhecer que não sabe tudo, que tem dificuldades, que não sabe bem o que fazer ou como, mas que quer aprender e assumir o rumo da sua vida.  E isto é ser líder. Assumindo o que se quer, pedindo ajuda e colocar as “mãos na massa” para fazer aquilo que tem de ser feito porque queremos, porque é o que nos dá sentido e significado à vida e porque mais do que sobreviver, queremos continuar a viver.