“Logística, hoje, é informação e tecnologia”

A Associação Portuguesa de Logística (APLOG) conta com mais de 20 anos de existência e tem como função apoiar os profissionais do setor da logística, através de ações de esclarecimento e informação, bem como com a realização de um congresso anual, onde se dão a conhecer as boas práticas e os melhores exemplos do que se faz no setor e se analisa o que ainda é necessário executar, como explica o vice-presidente da APLOG, Afonso Almeida.

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Que balanço faz do comportamento do setor da Logística, sobretudo considerando a época pandémica?

O balanço é extremamente positivo. Os operadores logísticos, as empresas de transporte, os retalhistas, os produtores, todas estas entidades em que a logística está envolvida fizeram um trabalho extraordinário, de uma resiliência e esforço sem limites. Nenhuma destas entidades parou. Os produtores nunca pararam e permitiram que toda a cadeia funcionasse – produção, transporte, operadores logísticos – abastecendo todo o mercado nacional e mesmo internacional, embora as exportações de alguns produtos e serviços tenham sido afetadas.

Esse esforço foi reconhecido?

Houve um reconhecimento verbal daquilo que este setor fez, nomeadamente através dos órgãos de comunicação social, onde as entidades oficiais realçaram isso mesmo. Os próprios consumidores tiveram a perceção de que havia pessoas que nunca pararam de trabalhar, para que os produtos chegassem aos supermercados, algo que nem sempre acontecia anteriormente.

Este é um setor onde a tecnologia pode ter um papel fundamental, não só na movimentação de cargas, como na monitorização e controlo das mesmas. A tecnologia 4.0 já está presente nesta área?

A tecnologia na logística é um mundo e quem está ligado ao mundo da logística há muitos anos pode ver a evolução que houve. A evolução começa, desde logo, nos armazéns, através da utilização da tecnologia WMS – Warehouse Management System. Os transportes dispõem, também, da tecnologia TMS – Transport Management System – e existem ainda tecnologias relacionadas com o cliente, que permitem que o mesmo possa seguir o estado da sua encomenda, por exemplo, através de uma plataforma digital. O objetivo, atualmente, é que todas as fases do setor estejam ligadas entre si e seja possível acompanhar cada passo do processo. No caso do processo de picking, existem armazéns que dispõem de pistolas de radiofrequência e do sistema de voice picking… A logística, hoje, é tecnologia/digitalização, é gestão de informação, baseada em dados recolhidos por essas mesmas plataformas e aplicações. Já existem armazéns onde o picking é automático e outros casos onde o planeamento da rota de distribuição é praticamente automático, baseado nos dados disponíveis.

Relativamente à questão da sustentabilidade, qual o vosso papel junto dos vossos associados, no sentido de sensibilizar para a necessidade de uma cadeia de operações cada vez mais sustentável?

A nossa primeira função é divulgar conhecimento, aos nossos associados, às entidades governamentais, e à sociedade em geral. O tema da sustentabilidade será um dos temas principais do nosso congresso, que se realizará nos dias 9 e 10 de novembro e onde contaremos com a presença dos nossos associados e de algumas entidades oficiais. Além do congresso, que se realiza anualmente, divulgamos informação através de webinares e sessões de fim de tarde. Como exemplos daquilo que já está a ser feito para contribuir para a sustentabilidade temos a substituição dos equipamentos de movimentação de carga por veículos elétricos, bem como o planeamento cada vez mais específico das viagens a realizar. No entanto, falta fazer ainda muita coisa. A ferrovia, por exemplo, pode ser uma boa aposta para o transporte de algumas mercadorias, mas é fundamental que esta seja modernizada e preparada para tal.

Como lhe parece que se desenha então o futuro do setor?

Estamos preocupados com o custo da energia, neste momento. A logística do frio, por exemplo, é muito afetada pelo preço da eletricidade. Além disso, também o preço do gasóleo está muito elevado. Ambos são custos absolutamente insustentáveis e é necessário fazer alguma coisa. Isso afeta os custos de toda a atividade logística e, em última análise, o preço dos produtos que chegam aos consumidores. Relativamente ao futuro, há muito para fazer. Considerando a evolução tecnológica, o 5G poderá ser utilizado a nosso favor, para garantir um processo ainda mais automatizado e autónomo, com o mínimo de stock possível e uma entrega rápida. Cada vez mais, a área da Logística vai ser uma área mais tecnológica, preparada para dar respostas muito eficientes a todos.

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