Montalegre: território antigo, onde a Natureza e a Tradição se conjugam

O concelho de Montalegre é dos mais antigos territórios habitados de que se tem conhecimento no país. O Homem habita a região desde a Pré-História e quase todos os povos que passaram pela Península Ibérica deixaram vestígios nos mais de 800 quilómetros quadrados que constituem este município, do qual Fátima Fernandes é Presidente. Espaço de paisagens únicas e de gastronomia tradicional feita com produtos da terra, este é um espaço que pela sua história, cultura e paisagem natural merece uma visita.

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Montalegre tem como slogan “Uma ideia de Natureza”. Como caracteriza o concelho ao qual preside, no que respeita ao que tem para oferecer a quem vive e trabalha nesta região, mas também a quem vem conhecê-la?

O concelho de Montalegre é muito vasto e muito antigo. Estende-se por 805 quilómetros quadrados, distribuídos por 25 freguesias e 136 aldeias, e é habitado pelo Homem desde os longínquos tempos da pré-história. É um
território rural do interior norte do país, de baixa densidade, mas de elevada identidade, cultura e tradição, decorrentes da sua antiguidade histórica, do enorme potencial da agricultura e pecuária, com um terço do seu território inserido no único Parque Nacional da Peneda Gerês, tendo-lhe sido atribuído o reconhecimento de
Património Agrícola Mundial pela FAO.

A diversidade paisagística merece um olhar atento, desde o planalto, com os lameiros e carvalhais, às serras, do Gerês e Larouco, e o único Parque Nacional da Peneda do Gerês. Aliás, recebemos uma Menção especial no
Prémio Nacional da Paisagem 2022. Por todos estes espaços é possível fazer caminhadas por trilhos limpos e estrategicamente definidos para melhor usufruir da paisagem, marcada aqui e ali pela atividade humana em termos agrícolas e pecuários que valeu o reconhecimento da FAO.

Aliar atividades desportivas e lúdicas de natureza aos eventos e à boa gastronomia são fatores que nos distinguem. É possível visitar aldeias icónicas e aí visitar espaços ligados a esta identidade, como fornos e cortes do povo, igrejas seculares, e ver o gado barrosão na sua ímpar beleza a dar colorido aos lameiros, mas também fojos do lobo e espaços que evocam a história e importância desta espécie. Assistir a uma chega de bois é um
momento único para quem aprecia ver a força animal no seu esplendor, mas provar a posta de carne barrosã, seguida de uma rabanada com mel de urze e finalizar com um licor de produtos locais é ter a garantia de ficar com uma boa memória para toda a vida.

Boticas e Montalegre são Património Agrícola Mundial, na região do Barroso. Que mais-valias isso traz ao território e à sua produção?

Como somos Património Agrícola Mundial, há um aumento da visibilidade para este território, o que implica mais turismo e de qualidade. Há muito para ver e saborear neste território. Além de ser fator de atração para mais visitantes, há maior promoção dos produtos endógenos, como a carne, o fumeiro, a batata, o mel, os licores,
acrescentando-lhes valor. Logo, a atribuição deste reconhecimento será motivo de criação de emprego, contribuindo para a fixação de jovens.

Montalegre tem muitas opções de turismo de Natureza, além da exploração da região do Barroso. Quais as que destacaria e que podem levar famílias a visitarem o município este Verão?

Visitar o imenso património natural e o histórico e religioso são opções muito interessantes nesta época. Visitar o Ecomuseu de Barroso – Espaço Padre Fontes, contactar com a nossa memória coletiva e ficar com uma amostra global do património natural, cultural e etnográfico do concelho, servindo de ponto de partida para os restantes polos disseminados por todo o território e com identidade própria. As aldeias recebem os filhos que estão fora e é o tempo da confraternização com festas populares e religiosas por todo o lado, aliadas aos usos e costumes, como as segadas, carradas e as malhadas, que são uma festa comunitária. Além disso, há uma série de atividades que se podem realizar nas envolventes das cinco barragens do concelho, bem como eventos: provas de ciclismo, rallycross, caminhadas em trilhos pedestres e visitas a cascatas singulares.

Que eventos destacaria, nesta estação do ano, que atraem pessoas ao concelho de Montalegre?

Semana do Barrosão, em Salto, solar da raça barrosã, para ver animais esplêndidos e degustar das melhores carnes do mundo, Torneio de Chegas de Bois, festas em todas as localidades com destaque para as maiores, a Festa do Senhor da Piedade, em Montalegre, e a Festa da Senhora do Pranto, em Salto. Já em setembro, na sexta 13, teremos a Noite das Bruxas, naquele que é o maior espetáculo de rua do país. A noite das bruxas é um hino à cultura celta e ao paganismo, constituindo uma grande festa, onde o misticismo e o fantástico estão sempre presentes através da música, da animação de rua, do fogo de artifício, de um grandioso espetáculo onde se realiza a queimada e se esconjuram todos os males. Esta qualidade e alcance mediático valeram alguns
prémios: Prémio Revelação do Ano, em 2009 e Melhor Evento Público, em 2010 e 2012. Em 2019, a Sexta 13 foi certificada como EcoEvento, pela Environment Global Facilities.

A Feira do Fumeiro de Montalegre venceu o prémio Cinco Estrelas Regiões, na categoria de “Festas, Feiras e Romarias”. O que distingue esta Feira, que a torna única e reconhecida por quem a visita?

Este prémio reconhece o saber fazer e a identidade rural de um território com muitas expressões tradicionais e um grande potencial produtivo. Num espaço totalmente dedicado à comercialização dos produtos derivados do
porco, as chouriças e chouriços nas diferentes variações, as alheiras e sangueiras, as diferentes partes do porco – o pernil, a orelheira, o peito, a barriga, de diferente paladar, com especial destaque para o presunto e salpicão do Barroso, os nossos produtores dão cartas nesta arte culinária tendo aliado conhecimento e tempero ancestral à modernidade com uma apresentação aprimorada. A fiscalização apertada desde o crescimento dos animais,
passando pelo abate, até à sua transformação nestas iguarias sem igual, é garantia da qualidade dos produtos.

Mas além do fumeiro, a Feira assume-se como uma grande celebração da ruralidade e no espaço exterior pode-se adquirir a batata farinhuda e com fama antiga, couves afagadas pelo frio e cenouras doces para compor o prato mais icónico do Barroso, o cozido barrosão, que transforma a gula em virtude. É que não pode haver pecado no que é tão bom e perfeito! Mas também o pão de centeio, o mel, as compotas e os licores, que podem ser comprados no espaço, fazem parte do cardápio desta grande festa que galvaniza toda a atividade económica e turística do concelho, que projeta a gastronomia, a restauração e a hotelaria.

Que impacto este prémio vai ter para a região de Montalegre e para a Feira, em si mesma?

A atribuição destas distinções e a sua divulgação são, com toda a certeza, inspiradoras e motivadoras para se procurar fazer sempre mais e melhor. Servem sobretudo para mostrar aos mais jovens que é possível ficar na nossa terra e dela tirar rendimento para viver com conforto e alegria.

Enquanto autarca, que mensagem considera importante deixar aos seus munícipes, e a quem procura Montalegre para investir e visitar? No que respeita ao seu mandato, quais os objetivos que já foram concretizados e aqueles que ainda faltam cumprir?

Serviços de saúde de qualidade, serviços de educação e formação, infraestruturas modernas, visibilidade territorial, bom ambiente e boas pessoas são motivos suficientes e atrativos para escolher Montalegre para aqui vivere investir.

Considerando que há tantas marcas identitárias no nosso território e projetos inovadores que o afirmam, temos aqui matéria mais do que suficiente para concretizar objetivos e perspetivar de imediato outros. A estratégia é
aproveitar todas as oportunidades decorrentes dos apoios comunitários para desenvolver projetos relevantes para a valorização das pessoas e deste território rural.