Muito mais que um banco

O Crédito Agrícola de Coimbra (CAC), que completa 70 anos de existência no próximo ano, integra a rede do único grupo financeiro português cooperativo, de cariz financeiro e segurador universal. Com capitais exclusivamente nacionais, o grupo financeiro encontra-se presente em todo o país e detém atualmente a segunda maior rede de balcões, com 656 agências. Mas é na relação com os seus clientes e associados que o CAC afirma pensar de um modo diferente, pelo que a Valor Magazine veio à sede instalada no centro da cidade de Coimbra e esteve à conversa com o administrador, Fausto Reise Jorge Vicente, diretor comercial da CAC.

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Fausto Reis, administrador (esq) e Jorge Vicente, diretor comercial CAC

Distinguidos pelo quinto ano consecutivo com o Prémio Cinco Estrelas na categoria “Banca–Atendimento ao Cliente”, qualquer gráfico ou relatório seria facilmente encaixado nas justificações dos reconhecimentos consecutivos pelos portugueses, mas à imagem da agência e do próprio grupo financeiro, a Valor Magazine achou muito mais relevante – e interessante para o leitor – perceber os objetivos e as novidades que traduzem a realidade otimista que o CAC apresenta para o futuro. E por falar em futuro, o administrador da Caixa Agrícola de Coimbra começa por contextualizar o passado e o presente que durante muitos anos rotulou o grupo financeiro: o setor primário. “O setor primário foi a base do Crédito Agrícola, por volta de 1911, na altura da sua fundação. Entretanto, ao longo do século, foi formulada uma autorização do Banco de Portugal que permitiu que as Caixas Agrícolas pudessem diversificar a sua atividade por outros setores que não a agricultura e que nos faz até hoje sermos muito mais diversificados. Mas claro, o setor primário ainda tem predominância, seja nos negócios relacionados com o setor de agrícola ou pesca, como também nas indústrias transformadoras associadas ao mesmo”.

Com agências distribuídas nas freguesias de Adémia, Almalaguês, Antanhol, Nogueiras, São Silvestre, Souselas, Taveiro, além da que está instalada no centro da cidade e uma que se situa no concelho de Miranda do Corvo, a CAC atingiu os resultados líquidos de 1. 579. 379 euros no passado ano de 2018, números que refletem a sustentabilidade do plano de recuperação estabelecido desde 2015.

Ainda assim, Fausto Reis atribui mais importância ao modelo no contexto que a cidade enfrenta, e não tem rodeios quando refere os objetivos para o dia de amanhã: “Tradicionalmente, o Crédito Agrícola não tem uma penetração muito fácil nos meios urbanos. Coimbra vive hoje essencialmente de serviços, o pequeno comércio está quase extinto, pelo que sobram dois setores predominantes: o setor da saúde e da educação. Neste momento o nosso grande desafio passa por aí. Queremos continuar a manter uma relação de proximidade nas freguesias associadas, bem como na agência que está situada em Miranda do Corvo onde sentimos que ajudamos no investimento local – mas desejamos também adaptar-nos ao presente e ao futuro, e às maiores áreas que a cidade de Coimbra alberga no presente”, confessa.

temos um grupo fantástico que nos proporciona uma relação tão íntima com os clientes e os nossos consumidores que se torna estranho denominarmo-nos apenas como uma entidade bancária

E foi em base da tal evocada proximidade – tanto pela cooperativa como pelos próprios clientes, como os mais recentes prémios indicam – que Jorge Vicente garante que mais do que conhecerem as pessoas, as pessoas também os conhecem: “É um conceito e uma marca que nos distingue. As pessoas vêm cá muitas vezes, mais do que fazer um depósito ou outra operação bancária, falam também das suas vidas, desabafam, e temos um grupo fantástico que nos proporciona uma relação tão íntima com os clientes e os nossos consumidores que se torna estranho denominarmo-nos apenas como uma entidade bancária. Gosto de acreditar que somos mais do que isso”, explica. Além do mais, o diretor comercial garante que no período pós-crise, houve uma perceção diferente do público relativamente à CAC, que foi obtida através da sustentabilidade visível que o grupo apresentava. “Foi notório que houve uma maior atenção dos consumidores, que olhavam para nós com alguma relutância por não apostarmos tanto na modernização da imagem – que está agora em curso -, mas que entretanto perceberam que não ouviram falar de nós nestes processos da crise. Numa primeira análise vieram a nós mais como um refúgio, o que é compreensível, mas como se veio a perceber essas mesmas pessoas gostaram do tratamento que tiveram e mantiveram-se até hoje. E é essa resiliência que nos vai distinguindo cada vez mais”, ressalva o diretor.

captamos recursos nos concelhos onde operamos e aplicamos em projetos e empreendedores da mesma região

E foi à base da resiliência que desde 2010 o Crédito Agrícola ter sido a entidade financeira que mais cresceu em termos de crédito concedido, mas Jorge Vicente faz questão de recordar a envolvência territorial que a cooperativa mantém, independentemente dos resultados: “Nós captamos recursos nos concelhos onde operamos e aplicamos em projetos e empreendedores da mesma região. O nosso investimento dentro da mediação financeira é trabalhado no local”.

O diretor comercial realça também o altruísmo que existe entre as Caixas Agrícolas, como o “mecanismo de solidariedade que legisla que quando uma caixa tem algum tipo de problema ou deficiência, as outras associadas podem auxiliá-la e ajudá-la a resolver o problema. Isto não acontece noutras entidades, como se sabe”, explica Jorge Vicente.

Além do CA Mobile, o Crédito Agrícola introduziu também uma nova aplicação que promete mudar a relação dos consumidores com o mundo financeiro, disponibilizando a possibilidade de gerir várias operações bancárias sem ter que despender o seu tempo dirigindo-se ao balcão de uma Caixa Agrícola. Jorge Vicente explica que a aposta não só visa adaptar-se à comunidade mais jovem, mas também poupar tempo a toda uma sociedade que tem cada vez menos tempo. “Nós conseguimos associar aquilo que é uma marca digital a um suporte estrutural, com um banco por detrás, o que faz toda a diferença no mercado por não haver comparação direta. Obviamente que se trata de uma lança apontada a um público claramente mais jovem, mas também a pensar nas pessoas que tem cada vez menos disponibilidade para se dirigirem ao banco. É uma aposta de presente e no futuro”, explica o diretor, que promete mais novidades, como “ofertas de seguros ou mesmo de créditos” dentro da app num futuro próximo.

conseguimos associar aquilo que é uma marca digital a um suporte estrutural, com um banco por detrás

É portanto numa panóplia de valores e missões, focada em novos setores, como a saúde e a educação, e sem nunca descurar o setor primário, que o CAC promete continuar a servir cara-a-cara os seus clientes e associados, proporcionando cada vez mais ofertas para quem irá liderar o dia de amanhã. Seja por app, ou no balcão da Caixa Agrícola, há uma palavra-chave que parece não sair da gíria de cada um dos representantes: proximidade. Algo que os 70 anos de existência no concelho de Coimbra parecem confirmar.