“O consumo de ovos está a crescer mas estamos abaixo da média europeia”

A Uniovo é uma das maiores produtoras de ovos a nível nacional. Está na base da criação deste setor em Ferreira do Zêzere. Gil Domingues, do departamento financeiro desta empresa, explica a forma como a Uniovo se mantém na vanguarda da tecnologia e como assegura, sobretudo, a qualidade da sua produção de ovos, que contam com um circuito fechado de produção nesta marca.

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Como classifica a qualidade dos ovos Uniovo? O que faz com que eles estejam no top dos produtores de ovos nacionais?

Consideramos que a qualidade dos nossos ovos é elevada e somos reconhecidos no mercado por isso. Existem vários fatores que nos permitem assegurar níveis altos de qualidade. Começando pelas condições das nossas
instalações, o nosso centro de classificação, embalamento, armazenagem e expedição está equipado com equipamentos de climatização, que permitem que trabalhemos com temperaturas ideais à conservação dos ovos,
de forma constante, em qualquer altura do ano. Para além disso, as nossas aves são alimentadas com ração produzida por uma empresa do grupo, o que permite um controlo do que é produzido. Acresce ainda que, neste momento, trabalhamos a 100% com produção própria, logo apenas vendemos a nossa produção.

Que impacto tem para o país, e para a economia nacional, a atividade baseada neste produto alimentar?

Portugal ainda está abaixo dos valores médios da União Europeia e mundiais, em termos de consumo de ovos per capita. Ainda assim, esses valores têm vindo a aumentar. Tipicamente, os ovos são um produto muito utilizado na gastronomia e doçaria tradicionais. Com a ajuda da difusão da informação de que o ovo é um produto saudável, e um “super alimento”, este começa, cada vez mais, a fazer parte do dia a dia dos portugueses, também com o consumo em pequenos-almoços, lanches e snacks, por exemplo. Ainda existe a ideia de que cada pessoa só deve comer um determinado número de ovos por dia ou semana, mas felizmente, e com base em estudos mais recentes, essas teorias começam a ser desmistificadas.

A inovação e a tecnologia são, na indústria alimentar, cruciais para um posicionamento superior das empresas. Como acompanha a Uniovo o desenvolvimento da inovação e da tecnologia?

Tentamos estar atentos, e o mais informados possível, sobre aquilo que nos pode conferir vantagem competitiva. O leque de possibilidades de aplicação dos mais variados tipos de tecnologia tem de ser encarado como uma
oportunidade de sermos melhores, mais eficazes e eficientes, de sermos mais competitivos. Os nossos fornecedores de equipamentos são uma das fontes de informação, no que diz respeito à vanguarda da tecnologia no setor da avicultura. Para além disso, temos algumas potenciais parcerias em estudo, no que diz respeito à tecnologia mais avançada, como a IA.

Para que mercados já exporta a Uniovo? Como é possível garantir a qualidade de um produto tão perecível como o ovo em viagens longas?

A Uniovo exporta essencialmente para o mercado comunitário. Temos uma presença interessante no mercado da saudade. A qualidade é garantida através de transporte especializado, em viaturas isotérmicas, que permitem assegurar a integridade do produto durante todo o percurso.

Como antecipa o futuro do setor e que questões-chave estarão em causa para 2025, no que respeita ao crescimento e contínua evolução da Uniovo?

O futuro do setor será de oportunidades e desafios. Sustentabilidade, tecnologia 4.0, IA, bem-estar animal e métodos de produção alternativos são alguns dos temas-chave para o presente e futuro próximo do nosso
negócio e podem ser usados como fator de diferenciação e de vantagem competitiva. Os vários conflitos e tensões que se verificam a nível mundial, com as instabilidades que provocam, são fatores de incerteza para o nosso negócio e para o setor. Questões como gripes aviárias e outros tipos de patologia são também motivos de preocupação. Todas estas questões têm de ser contempladas e analisadas no que diz respeito à definição da estratégia de curto e médio prazo.