É a diretora clínica das especialidades médico-dentárias. Como se descreve, enquanto líder?
Descrevo-me como compreensiva com as necessidades e sentimentos da minha equipa, criando um ambiente onde cada membro se sinta ouvido e respeitado. Procuro constantemente inspirar e motivar os meus colegas,
incentivando-os a adotar uma visão compartilhada de futuro e a envolverem-se ativamente no processo de evolução da clínica. Acredito firmemente no desenvolvimento contínuo, tanto pessoal quanto profissional, e apoio cada membro da equipa a alcançar o seu pleno potencial.
Como avalia, até ao momento, o seu percurso profissional? Sente-se realizada com a carreira que construiu?
Avalio o meu percurso profissional como sendo pautado pela honestidade, com base na formação contínua e nos valores e princípios que me guiam. Estes fundamentos conduzem-me a tomar decisões que, por vezes, podem ser
impopulares ou economicamente arriscadas, mas que são sempre orientadas pelo que considero ser o melhor para os meus pacientes e para a clínica. Sinto-me realizada com a carreira que continuo a construir, pois consigo manter
a clínica fiel ao atendimento personalizado e à responsabilidade social, sempre ouvindo os nossos pacientes e respondendo às suas necessidades de forma cuidadosa e eficaz. Na Biuti, procuramos distanciar-nos da massificação dos serviços, dos tratamentos e da gestão, que, na minha opinião, têm marcado negativamente
o setor da saúde nos últimos anos.
O que mudaria, a seu ver, no mercado laboral e mesmo na sociedade caso as mulheres pudessem ocupar, com maior frequência, posições de liderança?
Acredito que as mudanças necessárias, tanto no mercado de trabalho quanto na sociedade, são mais profundas do que simplesmente discutir qual o género que ocupa determinadas posições. A transformação deve começar pela
forma como a sociedade, a educação nas escolas e as mentalidades veem a liderança. As pessoas que ocupam esses cargos devem ser vistas, acima de tudo, como indivíduos com características pessoais e competências desenvolvidas em contextos específicos, que as tornam aptas para essas funções. O género não deve ser um fator relevante nesse processo. Se as mulheres ocupassem mais frequentemente posições de liderança, acredito que haveria uma maior diversidade de perspetivas.
Na Real Biuti, a paridade entre géneros é uma realidade? Na sua própria gestão da equipa, preocupa-se em fazer com que exista equilíbrio entre a vida pessoal e profissional?
A paridade de género não é uma realidade na Biuti, nem é uma preocupação central na gestão da minha equipa. Para mim, o que realmente importa na seleção dos membros da equipa são características como personalidade,
profissionalismo, responsabilidade, formação contínua e capacidade de interajuda. Valorizo essas qualidades acima
de fatores como o género ou a idade, pois acredito que são elas que contribuem para o sucesso e a harmonia dentro da equipa. Quanto ao equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, tento garantir que todos na equipa tenham as condições necessárias para se desenvolverem em ambas as áreas.
“Se as mulheres ocupassem mais frequentemente posições de liderança, acredito que haveria uma maior diversidade de perspetivas”.
Portugal está, de facto, a caminhar para um maior equilíbrio entre profissionais do género masculino e feminino? O que urge mudar, cultural e empresarialmente, para que o objetivo da paridade se concretize?
Portugal tem, sem dúvida, avançado em direção a um maior equilíbrio entre profissionais de géneros masculino e feminino, mas ainda há muito a fazer. O equilíbrio deve ser construído com base na justiça, e as posições de liderança devem ser ocupadas por pessoas com as qualidades e a motivação necessárias para a exercerem. O “bom senso”, frequentemente subestimado, é essencial para alcançarmos este objetivo. O verdadeiro sucesso de cada
indivíduo reside na sua realização pessoal, familiar e profissional, e é essencial dar a um bom líder a oportunidade de se destacar em qualquer fase da sua vida. Afinal, ao permitir que líderes se desenvolvam plenamente, é toda a sociedade que beneficia.