A Cluttons está em Portugal há quatro anos. O que tornou Portugal atrativo para a abertura de um escritório da Cluttons?
Desde há muito tempo, a Cluttons tinha o objetivo de abrir um escritório em Portugal. O nosso país é o primeiro destino de férias dos britânicos, lugar que ocupa já há alguns anos. Embora muito ancorada no golfe, esta motivação está muito associada ao clima, à gastronomia e à hospitalidade, onde somos exímios! Sendo a Cluttons uma empresa com grande foco no serviço de excelência aos seus clientes, a abertura de Portugal vem fechar um ciclo de oferta de serviços para os clientes que procuram investir fora do Reino Unido. A somar a esta estratégia, o momento de mercado foi criteriosamente escolhido. Não tinha sido
oportuno abrir portas durante a crise do subprime que se estendeu até 2014/15, e queriam ter dados relevantes que mostrassem estabilidade no mercado.
A grande atração que o mercado português exerce sobre os turistas, que acabam muitas vezes por comprar casa em Portugal, bem como sobre os investidores internacionais, poderá transformar o mercado, no que respeita ao tipo e qualidade de construção, bem como à competitividade do mesmo, face aos restantes mercados europeus?
O mercado português sofreu uma enorme adaptação e aprendizagem nos últimos anos. Eu diria que desde o início da recuperação, em 2013, que o nosso mercado se tem vindo a reinventar. O primeiro “motor” talvez tenha sido a implementação dos Golden Visa que, acompanhado pelo regime especial de taxação dos residentes não habituais, constituíram
um grande argumento face a outros países, como Espanha, por exemplo. A reabilitação dos nossos mais icónicos prédios na Baixa lisboeta e no Porto revelaram a grande capacidade dos nossos promotores em fazer bem este trabalho, criando ofertas muito atrativas, a preços altos, mas comportáveis, e na sua generalidade com grandes níveis de qualidade, altamente apreciado quer pelos britânicos, quer pelo restante mercado internacional.
Segundo o Banco de Portugal, “a subida de juros vai travar o acesso dos portugueses à compra de casa. A procura dos estrangeiros, a falta de construção e a inflação devem fazer com que tão cedo não haja “correção”. Esta frase, a seu ver, é verdadeira, ou existem outros fatores que podem influenciar, também, a dificuldade dos portugueses em comprar casa?
Em certa medida, a subida das taxas de juro poderá influenciar, de facto, a decisão de compra por parte dos portugueses. Contudo, temos que ter em conta que vivemos tempos quase que desvirtuados a este respeito. A principal taxa de referência (Euribor) a níveis negativos dá um sinal ao mercado de que podemos pedir o que quisermos que o custo vai ser sempre baixo. Isto de certa forma não é real. Creio que precisamos de nos adaptar e que não devemos
entrar em pânico. Quanto à eventual correção, julgo difícil, com o quadro de inflação atual, sendo que a procura por parte do mercado internacional ajudará a estancar valores.
Como perspetiva a atual evolução do mercado imobiliário em Portugal?
Prevejo a evolução com algum otimismo, pois temos muitos ingredientes a nosso favor, mas não podemos esperar milagres. Se houver uma escalada na guerra que resulte no envolvimento de mais países, todos os cenários mundiais podem mudar radicalmente.
Como avaliam a chegada a Portugal da Cluttons e a forma como o mercado imobiliário e os clientes responderam a esta presença? Há espaço para crescer, fisicamente?
Muito positivamente. Desde que abrimos, em 2018, crescemos mais de 50% em cada ano, criámos uma equipa de excelência que torna a presença da Cluttons em Portugal um caso de estudo para a casa-mãe e sentimos que os clientes nos procuram e respeitam. Estamos gratos por isso. Já estamos a expandir, tendo aberto uma nova area de negócio dedicada ao imobiliário comercial, na ótica dos escritórios e logística, e em abril inaugurámos a Cluttons Algarve, entre a Quinta do Lago e Vale de Lobo.