“O nosso objetivo é criar valor”

A 2Venture é uma empresa de consultoria e gestão que não acredita em modelos de gestão pré-formatados. Para Nuno Rocha, managing partner, o fundamental é colocar-se no lugar do cliente e perceber a cultura da empresa e aquilo que é a sua filosofia de trabalho para, depois, identificar o problema e encontrar uma solução à medida de cada caso.

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Nuno Rocha, managing partner

Embora não acredite em modelos pré-formatados de gestão, acredita em princípios universais. De que princípios falamos?

Estes princípios focam-se em três áreas: a primeira é a existência de um equilíbrio entre uma visão estratégica clara e bem definida, conhecida de todas as partes dentro da companhia, e uma agilidade tática que as empresas não devem perder; a segunda prende-se com um equilíbrio entre negócio e sistemas de controlo. A ideia é que os gestores e líderes das empresas sejam capazes de dar liberdade com responsabilidade às suas equipas; a terceira área está relacionada com a cultura da empresa e a sua forma de fazer negócios. É essencial que se desenvolva uma cultura forte, mesmo nas pequenas empresas. As pessoas devem entender a forma como a empresa faz negócios. A ligação entre profissional e empresa é fundamental.

Que informações recolhem para produzir um plano de gestão personalizado para cada empresa?

O essencial é sermos capazes de falar com pessoas. Tomemos como exemplo um cliente que nos diz que não está a conseguir vender o seu produto. Nesse caso, o nosso papel passa por acompanhar o cliente em dias de reuniões e de vendas, para tentar perceber onde está o erro. O nosso propósito é pormo-nos no lado do cliente e perceber o que se pode fazer, sempre de um ponto de vista exterior. Procuramos fazer o contraditório, garantir que o cliente tem acesso a todas as perspetivas do negócio.

“Assumir riscos é diferente de correr riscos”. Os vossos planos já contemplam alguns riscos que são possíveis de calcular?

A melhor forma de gerir qualquer risco é ter consciência dele. Ter trabalhado na Banca de Investimento deu-me a capacidade de pensar sempre no que pode correr mal. Se aquilo que pode correr mal é suportável, faz sentido correr o risco. Se não é, então não se deve avançar. Há riscos que ninguém consegue prever, mas outros que podem ser equacionados, para que se crie uma solução de antemão para os mesmos.

Como se pode ajudar as empresas a atravessar esta situação causada pela pandemia?

Tudo está relacionado com a cultura da empresa e a forma como a empresa vê esta questão – se a aproveita como uma oportunidade ou se tal representa um problema. Para nós, março, abril e maio foram os melhores meses, pois muitas empresas tiveram de rever o seu modo de comunicação com o exterior – a comunicação deixou de ser presencial e passou a ser realizada pelas redes sociais. Nestes momentos, é necessário adquirir novas competências. Este é o tipo de acontecimento que deve ser utilizado pelas empresas para mudar e evoluir.

Os fundos europeus atribuídos através do programa Portugal 2020 são um bom incentivo ao investimento, para as empresas nacionais?

Acredito que o grande incentivo é o mercado. Devia ser bem visto que um empreendedor criasse uma empresa, falisse e tentasse de novo. A Europa tem um modelo protecionista, que utiliza este dinheiro como um incentivo, no sentido em que a pessoa aguarda pelo dinheiro e acaba por ter de adaptar o projeto para ter acesso aos fundos. Isso condiciona o mercado e a própria evolução das empresas. A continuar assim, a Europa perde relevância no contexto da economia global.

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