“O preço não pode sobrepor-se à qualidade”

A SPELL nasceu em 2012, fruto da vontade de um grupo de tradutores com muitos anos de experiência, sobretudo no mercado audiovisual nacional. A pandemia trouxe mais trabalho, dado o maior consumo de conteúdos multimédia e audiovisuais. Num mercado onde o preço é um fator primordial, a SPELL pauta o seu trabalho pela qualidade e exigência técnica.

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Os 11 sócios-fundadores da SPELL Translation Solutions

Aquando da criação da SPELL, quais eram os objetivos que procuravam cumprir?

Em 2012, lançaram-nos um desafio irrecusável, uma daquelas raras oportunidades que surgem e que não se podem deixar passar. Éramos então um grupo de onze tradutores que já se conheciam, cada um de nós com muitos anos de experiência e conhecimentos linguísticos, nas mais variadas áreas da tradução, em particular no mercado audiovisual português. De raiz, queríamos e criámos uma empresa que se pautasse pela qualidade, pela idoneidade, pela relação de proximidade com clientes, colaboradores e com os outros players do mercado, mas sempre com o mercado global na mira. Tínhamos sangue novo, gosto por desafios e muita vontade de “arregaçar as mangas” para oferecer. Isso não mudou.

Como caracterizam a vossa equipa, no que respeita às capacidades técnicas e profissionais?

Dos 11 sócios-fundadores, aos técnicos, revisores, locutores, intérpretes e demais tradutores que, entretanto, se juntaram ao nosso projeto, fazemos da exigência, da qualidade, do cumprimento de prazos e das obrigações um compromisso, um leitmotiv. Com a pressão da concorrência assente no preço, defendemos o valor justo que merece um trabalho de qualidade, dentro dos prazos, para voltar a merecer a confiança do cliente e a satisfação daqueles que trabalham com a SPELL.

Que serviços disponibilizam a quem vos procura?

Na essência da SPELL está a tradução e legendagem para o mercado audiovisual português, da televisão ao cinema, dos canais de streaming aos festivais e à informação. Esse ramo do negócio representa 80% da nossa produção, sendo os restantes 20% ocupados com traduções técnicas e jurídicas, tanto para o mercado profissional como para o particular. Já atuamos em quatro continentes, com clientes e colaboradores espalhados pelo mundo, nas mais variadas combinações de idiomas. Também disponibilizamos serviços de revisão, tradaptação, locução, assistência linguística e transcrição.

Para que áreas prestam serviço?

O core business da SPELL é dominado pela tradução audiovisual, legendagem e locução para os principais canais televisivos generalistas e por cabo, mas também temos na nossa carteira de clientes grandes players internacionais, fundações, o setor educativo, a área seguradora e bancária, sociedades de advogados, federações desportivas, agentes económicos, tanto do setor público, como privado.

Considera que a tradução é hoje uma área mais respeitada e tida como essencial para a apresentação de bons resultados ou, pelo contrário, o surgimento de tradutores automáticos pode levar à procura de outras soluções?

Para a SPELL, a tradução é uma área sob grande pressão e forte concorrência assente no preço – descurando por vezes a qualidade – que tanto pode surgir de uma empresa portuguesa como de um “cinéfilo curioso” do outro lado do mundo. Muitos agentes económicos ainda cometem o erro de considerar a tradução automática como uma alternativa válida, mas para nós a língua merece uma atenção e compreensão que apenas um tradutor humano consegue explorar.

Como descreveria o nosso país no que se refere à qualidade e oferta de trabalho existente?

O mercado nacional é relativamente pequeno, altamente concorrencial, mas bastante heterogéneo no que toca aos agentes económicos em atividade.

Quais são os principais desafios que se colocam atualmente?

Os desafios assentam sobretudo na pressão exagerada – quase exclusiva – sobre o preço, o que dá uma leitura errada do mercado e das exigências do nosso trabalho. A título de exemplo, propostas para uma tradução jurídica ou uma peça informativa não podem ir atrás do preço, descurando completamente a qualidade. Erros em tribunal ou televisão saem caro, têm consequências pesadas e uma grande exposição do tradutor/empresa de tradução.

Com a pandemia, muitos conteúdos multimédia pararam as suas gravações. Como ultrapassou a SPELL este período?

Passado o período inicial, que se pautou pela prudência e retração generalizadas, a nossa área de atividade foi movida por um contraciclo: as pessoas passaram a estar mais tempo em casa, em frente ao televisor; os museus deixaram de receber visitantes, etc., e foi preciso oferecer mais conteúdo para esses (novos) públicos: legendar acervos museológicos, transcrever webinars e ações de formação à distância, traduzir mais filmes e séries…

É importante existir uma formação constante da equipa para fazer face às novidades tecnológicas e linguísticas?

Indiscutivelmente, tanto a nível tecnológico e técnico (novas ferramentas, novos suportes e formatos multimédia), como no aspeto linguístico, seja em português, inglês ou russo, para acompanhar novas expressões, calão ou até a evolução da própria língua, respeitando sempre as sensibilidades regionais/geográficas. Para além disso, é exigido ao tradutor uma vasta cultura geral, porque hoje pode estar a traduzir um manual de bricolage e amanhã um documentário histórico.

Qual a importância do Dia Internacional da Tradução para os próprios profissionais?

O Dia Internacional da Tradução é encarado pela SPELL como dia “de festa” e celebração com outros colegas de profissão, concorrentes ou não, em que nos damos a mostrar um pouco mais, nesta nossa profissão que é geralmente low profile, discreta, quase sempre na sombra e de que o público em geral só se lembra “quando o tradutor se engana”.