Já há 16 anos que se dedica, enquanto médica e cirurgiã, a tratar as doenças das pálpebras. O que a levou a apostar nesta área?
Durante o curso de Medicina apaixonei-me por duas especialidades: a Oftalmologia – pela importância da visão e pela minúcia das estruturas oculares – e a Cirurgia Plástica – pela diversidade de opções cirúrgicas, pela arte associada aos procedimentos e pela importância do resultado final na autoestima do paciente. Encontrei na Oculoplástica, subespecialidade da Oftalmologia que trata especificamente das pálpebras, das vias lacrimais e da órbita, uma área fascinante, que mistura características da Oftalmologia e da Cirurgia Plástica e que é muito diversificada na sua especificidade.
Como caracterizaria o seu percurso, que culminou, mais recentemente, com a fundação da Clínica do Olhar?
Quando se trata de uma especialidade cirúrgica, o trabalho manual é uma componente importantíssima e que precisa de tempo para ser desenvolvida. Tive de ver muitos casos, operar muitos doentes, e ir para o estrangeiro várias vezes aprender técnicas cirúrgicas com colegas mais diferenciados para ter o nível de conhecimento que tenho hoje. Nesse momento, decidi criar o meu projeto para poder oferecer uma Medicina inovadora com as melhores e mais recentes técnicas de cirurgia plástica ocular e um atendimento próximo e personalizado.
O caminho do reconhecimento pelos pares é mais difícil quando é feito por uma mulher? Alguma vez sentiu que o género estava a ser um fator de maior dificuldade na concretização dos seus objetivos?
Na realidade, os oftalmologistas em geral não têm grande fascínio pela cirurgia das pálpebras. Por esse motivo, e também devido aos bons resultados que eu obtinha, comecei a destacar-me nesta área. Foi um caminho moroso, porque o reconhecimento e a confiança demoram tempo a serem conquistados, mas não posso dizer que o facto de ser mulher tenha dificultado o meu percurso. Pelo contrário, o facto de ser uma mulher sensível e muito atenta aos detalhes têm sido pontos a meu favor na cirurgia oculoplástica que é a junção perfeita da ciência e da arte.
O que a levou a criar a Clínica do Olhar, após todo o caminho profissional já trilhado?
Sou verdadeiramente apaixonada pela cirurgia plástica ocular e tinha o sonho de juntar, num único espaço e pela primeira vez em Portugal, todo o conhecimento e tecnologia para dar resposta a qualquer problema relacionado com a área à volta dos olhos. Este sonho tornou-se real há pouco mais de meio ano e tem sido verdadeiramente
gratificante ajudar quem precisa dos meus serviços, realizando apenas o que faço de melhor. O propósito da Clínica do Olhar é trazer funcionalidade e beleza ao olhar dos outros, e quem me procura percebe isso.
“Quando se trata de uma especialidade
cirúrgica, o trabalho manual é uma componente
importantíssima”.
Que procedimentos disponibiliza na Clínica do Olhar?
Tratamos todo o tipo de doenças das pálpebras: pálpebras caídas (ptose), viradas para fora (ectrópion) ou para dentro (entrópion), placas de gordura nas pálpebras (xantelasmas), verrugas, quistos ou sinais e até tumores malignos das pálpebras. Tratamos ainda da obstrução do canal lacrimal, complicações associadas à paralisia
facial, à orbitopatia tiroideia e aos portadores de prótese ocular. Dedicamo-nos também à cirurgia estética das pálpebras ou blefaroplastia para remover o excesso de pele e bolsas de gordura das pálpebras (vulgo papos debaixo dos olhos). Na Clínica do Olhar, a blefaroplastia tem sempre como prioridade a saúde ocular e a abordagem com incisões minimamente invasivas, resultando em cicatrizes impercetíveis. Realizamos ainda tratamentos médicos com toxina botulínica para espasmos da face e das pálpebras e complicações relacionadas com paralisia facial, bem como preenchimento com ácido hialurónico de olheiras ou pálpebras superiores “encovadas” e tratamentos com laser de CO2 para o rejuvenescimento da pele à volta dos olhos e da face.
A Clínica do Olhar é a primeira clínica em Portugal dedicada em exclusivo à cirurgia oculoplástica. Esta especialização é o caminho, hoje, para os cuidados de saúde verdadeiramente personalizados?
Sim, na Clínica do Olhar tratamos exclusivamente a área periocular porque os procedimentos médicos e cirúrgicos das pálpebras merecem a máxima especialização. Para além de ser uma área de extrema importância por proteger o órgão da visão — o olho — a sua posição central na face faz com que tenha uma importância primordial no aspeto pessoal. Cada pálpebra é única e o tratamento (médico ou cirúrgico) é sempre individualizado, tendo como base a verdade, a naturalidade e a segurança.
As pessoas já se preocupam com os seus olhos e toda a região periocular de uma forma que as leva a procurar ajuda ou ainda existe algum desconhecimento sobre os tratamentos existentes para a zona das pálpebras?
Como diz o ditado “o olhar é o espelho da alma” pois ele transmite muitas vezes o nosso estado emocional. Por outro lado, as alterações do olhar provocadas pelo envelhecimento podem dar uma ideia errónea das nossas emoções ou do nosso estado de espírito. Com o passar dos anos, a área periocular é uma das primeiras zonas da
face a sofrer alterações e a preocupação com o olhar é uma constante: por exemplo as pálpebras superiores caídas ou bolsas por baixo dos olhos que dão um aspeto cansado quando não é o caso, não conseguir maquilhar-se sem ficar borratada, só tirar fotografias com óculos, etc. A procura por procedimentos ou cirurgias para rejuvenescimento das pálpebras tem sido crescente e teve um aumento significativo durante a pandemia em que, com o uso das máscaras, o olhar era a única área visível da face.
“Foi um caminho moroso,
porque o reconhecimento e
a confiança demoram tempo
a serem conquistados”.
Ao longo de todo este seu percurso na área da saúde, que características destacaria como sendo os mais decisivos e fundamentais para conseguir avançar na sua carreira, que queira partilhar agora com quem procura também evoluir profissionalmente?
As características fundamentais para se destacar na profissão médica são a aprendizagem incessante, a resiliência e a empatia. Uma advertência que posso dar para quem procura evoluir na profissão médica é que não é suficiente
conhecer os melhores e mais atuais tratamentos ou técnicas cirúrgicas. Para avançar na carreira devemos ter conhecimentos muito mais abrangentes e complementares como por exemplo gestão, liderança e marketing.
Assim, o meu conselho para progredir na carreira seria procurar desde cedo conhecimentos nestas áreas, pois o salto pessoal e profissional é muito significativo!
