Esta área foi sempre a que quis seguir, profissionalmente? Que impacto acredita que a área da Medicina Dentária tem no dia a dia das pessoas que procuram a sua ajuda?
Eu entrei na faculdade em 1990. Quando me inscrevi, vacilei entre seguir para a Escola Superior de Música e acabar a minha formação de Violinista, abraçando uma carreira ligada à música, ou seguir para a faculdade de
Medicina da Universidade de Coimbra, departamento de Medicina Dentária. Nessa altura os meus pais tiveram muita influência, levando-me a escolher a Medicina Dentária. Fui do Porto para Coimbra, onde passei seis anos na faculdade, estando sempre ligada à música – ainda frequentava o conservatório de música de Vila Nova de Gaia. Entretanto, fruto do meu casamento, vim para o interior do país. Na altura, em 1997, montei o meu
primeiro consultório numa casa dentro do Centro Histórico de Trancoso. Passado um tempo, comprei o edifício e montei o segundo consultório. Passados uns anos abri uma policlínica na Mêda e abri duas óticas. A policlínica, desde o início, oferece várias especialidades médicas. A seguir montei mais um consultório na linda vila de Penedono. Encanta-me esta terra… Hoje, e por enquanto, a Sampaio e Melo tem seis cadeiras de Medicina Dentária, tem Medicina Geral e Familiar, Oftalmologia e Optometria, Pneumologia, Ginecologia, Ortopedia, Psicologia Clínica, Cardiologia. Nas instalações de Trancoso, temos um pequeno laboratório de próteses, um consultório de estética e uma sala que alberga 10 formandos – temos um Centro de Formação acreditado pela DGERT. A nossa empresa tem um sistema de controlo de qualidade auditado todos os anos pela APCER. Comigo trabalham o médico dentista Miguel Pinto, na especialidade de Endodontia; o médico dentista Ricardo Figueiredo, nas especialidades de Cirurgia e Periodontologia; a médica dentista Beatriz Fidalgo, na especialidade de Ortodontia e, ainda, os médicos dentistas generalistas António Eurico e Vânia Sobral. Somos 13 pessoas, entre
médicos e assistentes, e outros tantos com vínculos indiretos. Estamos a iniciar uma nova modalidade junto dos nossos pacientes, principalmente os que vêm do estrangeiro: pacotes de procedimentos cirúrgicos, prostodônticos, de Harmonização Oro-facial, e outros, com estadia em Turismo de Habitação. Tentamos ser uma fonte de publicidade das terras onde nos localizamos.
A nossa estrutura clínica é procurada pela população que se preocupa com a qualidade e especificidade dos tratamentos apresentados, bem como com a permanência e estabilidade do corpo clínico. O impacto social da
Sampaio e Melo, como é fácil de analisar, é muito grande nesta região. A formação traz gente de fora, que permanece nestes territórios vários dias, e os doentes vindos do estrangeiro trazem movimento às atividades
económicas destas terras.
Tendo por base a sua profissão, que implica muitas horas de estudo e trabalho, como equilibra o lado profissional com o pessoal?
A cada dois meses faço formação, maioritariamente na área da Ortodontia, da Cirurgia, Implantologia, Prostodontia e HOF. É assim desde sempre. São muitas horas de dedicação total à Medicina Dentária. Mas de outra forma não é possível crescer com sustentabilidade. Tenho dois filhos que se habituaram cedo aos horários complicados da mãe. No final do dia, permanece sempre a dúvida se somos capazes de dar resposta a tudo…
gestão do consultório, colaboradores, pacientes, filhos, marido, casa… Para nós, fica pouco tempo, mas não convém perder o equilíbrio entre a saúde mental e a forma física.
A área da Saúde ainda é aquela onde se denota uma maior percentagem de mulheres que ocupam cargos de liderança. Por que motivo lhe parece que tal acontece?
Eu acho que as mulheres são muito focadas; estamos habituadas a fazer várias coisas ao mesmo tempo, desempenhamos várias funções e conseguimos separar bem as tarefas a que nos propomos. Ter-se sucesso quando se é mulher implica o dobro do trabalho. Ainda vivemos num período com uma influência predominantemente masculina. O sucesso de uma mulher ainda é visto com desconfiança.
Quais os serviços de que dispõe o consultório? No que respeita às áreas de Endodontia e Dentisteria, quão importantes são as mesmas, não só para o trabalho do consultório, mas também para quem vos procura? São das áreas com mais necessidade de ajuda médica?
A Medicina Dentária começa na prevenção e na educação para a saúde oral. Esse trabalho é diário. Na Dentisteria reside a sabedoria e a capacidade de manter os dentes na cavidade oral – importante na longevidade de uma boa
dentição. A Endodontia ajuda a salvar dentes que têm a sua integridade pulpar comprometida, mantendo-os funcionais. A qualidade destes tratamentos é essencial na longevidade dos dentes intervencionados. O nosso especialista tem à sua disposição toda a tecnologia usada nesta área, mas tem, acima de tudo, uma capacidade muito acima da média na sua perícia e dedicação. Estas são as áreas mais procuradas, porque são as básicas. No entanto, e porque em Portugal temos uma percentagem enorme de desdentados, a reabilitação prostodôntica é muito requisitada. Na Sampaio e Melo os implantes dentários são um tratamento diário, de primeira escolha e muito apreciados pelos pacientes.
O primeiro consultório surgiu em Trancoso, mas entretanto surgiram mais dois – na Mêda e em Penedono. Esta expansão é para continuar? Os serviços de medicina dentária mais perto da população do interior do país são particularmente relevantes, a seu ver?
O meu trabalho passa pela consciência social do meio que me rodeia: a expansão é para manter, seguramente. Ainda mais agora, que tenho o meu filho António Maria a acabar Medicina Dentária. Espero que siga o projeto.
Que análise faz da importância da Medicina Dentária para o Serviço Nacional de Saúde? Era importante que a mesma estivesse mais disponível para toda a população?
Sem dúvida. É uma das batalhas da nossa Ordem. O nosso Bastonário tem mantido vários contactos para tentar agilizar um processo que merece toda a atenção por parte dos nossos governantes. Como sou muito otimista, creio que haveremos de chegar a uma situação de equilíbrio, em que a população será sempre a maior beneficiada.