“Os contribuintes ainda não têm atenção ao detalhe quando entregam o IRS”

Numa altura em que ainda decorre o prazo para entrega da declaração de IRS, torna-se importante divulgar informação sobre um correto preenchimento e submissão desta obrigação tributária. A Valor Magazine falou com Alexandre Cêa, sócio-gerente da Entre Números, para lhe deixar algumas dicas práticas sobre o processo.

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Que conselhos deixa para que a entrega da declaração seja feita de forma correta?

É importante que verifique se as informações que disponibiliza às Finanças estão corretas. Caso não estejam, ainda existe a possibilidade de inserir manualmente as despesas e as informações que estão em falta. O contribuinte deve verificar, também, de forma particular, as despesas relativas às categorias que são mais relevantes e que poderão gerar um maior reembolso, se for o caso, nomeadamente saúde, educação, despesas de habitação – quem tem
contrato de arrendamento deve confirmar que o contrato está comunicado no Portal das Finanças e que está bem comunicado – , bem como verificar as “outras obrigações declarativas”. Um exemplo prático – quem tenha uma
conta da REVOLUT, mesmo que não tenha dinheiro nem rendimento gerado, tem uma obrigação declarativa associada. Muitas pessoas não sabem disto e não declaram estas contas.

Considerando que os valores do reembolso serão, este ano, mais baixos, em virtude das mudanças legislativas, quais os outros aspetos a que se deve estar atento para poder maximizar, ainda assim, o valor a receber?

Em primeiro lugar, importa explicar que um contribuinte não “recebe ou paga” IRS. O IRS é um imposto que integra a receita do Estado e todos os contribuintes pagam IRS, salvo exceções que se justificam pelo valor dos rendimentos obtidos. A questão é quando pagamos – se pagamos ao longo do ano, sempre que fazemos a retenção na fonte, ou se pagamos no momento da submissão da declaração do IRS. Todavia, importa garantir que possamos reaver o máximo de valor que já disponibilizámos ao Estado. A melhor maneira de o fazer é pela via da verificação de faturas. Importa salientar que há pessoas que colocam faturas na secção de despesas gerais quando elas podem ser divididas e colocadas cada uma na sua categoria, de forma a não perder o benefício inerente a cada uma. Outra situação muito importante, e à qual as pessoas não tendem a prestar atenção, é a simulação de entrega conjunta ou separada do IRS, quando se trata de casais. Às vezes, simulando, percebiam que teriam um maior benefício entregando de uma ou de outra forma. Todos os rendimentos devem ser incluídos no IRS, como PPRs, depósitos a prazo, criptoativos, mesmo que sejam obtidos no estrangeiro. Em alguns casos, isso envolve o preenchimento de
mais um anexo – que não é automático.

Que análise faz ao comportamento da população nacional face à entrega desta obrigação declarativa? Já existe mais atenção ao processo, e mais cuidado na avaliação e validação das faturas?

Acredito que não. Ainda há muita falta de literacia financeira em Portugal. Os contribuintes ainda não têm atenção ao detalhe quando entregam o IRS. Muitas pessoas vêm falar com o contabilista com aquilo a que eu chamo de “IRS
DO VIZINHO”, porque “falou com um amigo e ele vai pagar IRS”, então o contribuinte deduz que também vai pagar. Quando ouvimos alguns destes argumentos, percebemos que uma grande parte da população não compreende os
conceitos básicos de IRS. É fundamental que as pessoas entendam que, entre abril e junho, não vamos “tratar o IRS”, vamos apenas acertar as contas do que foi feito no ano passado.

Quais os serviços que disponibiliza direcionados a empresas? Quais as mais-valias de clientes empresariais que contam com estes serviços para fazer avançar a sua empresa?

Queremos ser mais do que o contabilista chato que trata da papelada. Pretendemos ser um parceiro de negócios, para as empresas e empresários. Atualmente trabalhamos com clientes de vários setores e adaptamos os nossos serviços às realidades de cada um, porque o nosso objetivo é fazer um acompanhamento direcionado e personalizado. Acreditamos muito na relação de parceria com os nossos clientes de forma a ajudá-los a planear, antecipar riscos, encontrar soluções e alinhar a gestão com os objetivos da empresa. O nosso principal serviço é a contabilidade, mas também prestamos serviços na área de fiscalidade, recursos humanos e consultoria. O que
nos diferencia, além do que já elencámos, é a nossa paixão pelos números. Quando a paixão se encontra com o trabalho, cada desafio torna-se uma oportunidade. Trabalhar com paixão é mais que uma atitude, é a chave para
a inovação e a excelência.