Num mundo que enfrenta desafios globais como o crescimento populacional, a segurança alimentar e as alterações climáticas, é essencial adotar soluções mais eficientes para garantir um desenvolvimento sustentável e alavancar a transição de uma economia linear para uma economia circular. Neste contexto, os polímeros, pelas suas propriedades únicas, desempenham um papel crucial.
Os polímeros tornaram-se fundamentais na economia e vida quotidiana, sendo usados em setores tão diversos como, por exemplo, os transportes, a construção civil, a embalagem, a saúde e a energia renovável. O seu uso em componentes de automóveis e aeronaves, reduzindo o peso dos mesmos, leva a menores consumos de combustível e emissões de CO2. Nos edifícios são usados como isolantes térmicos, por exemplo, aumentando a sua eficiência energética; nas embalagens alimentares garantem a segurança e reduzem o desperdício alimentar, contribuindo para a redução de emissões de gases de efeito de estufa.
Prevendo-se que a população mundial atinja 9,8 mil milhões em 2050, o aumento da utilização de recursos será inevitável. Nesse cenário, os polímeros continuarão a ser importantes, mas será também fundamental melhorar as políticas ambientais, desenvolver produtos mais sustentáveis e adotar sistemas de gestão de resíduos mais eficazes. Independentemente do tipo de material, é essencial promover comportamentos de redução, reutilização e reciclagem.
O modelo económico atual, baseado em “extrair, transformar e descartar”, demonstrou ser insustentável. O futuro passa por um modelo circular, onde os produtos, após o seu ciclo de vida útil, são reciclados e transformados em novas matérias-primas. No caso dos polímeros, isso já é possível graças à reciclagem mecânica e química, que permite dar-lhes uma nova vida. Com o apoio das tecnologias existentes e a mudança de comportamento da sociedade, pode, portanto, evitar-se a extração de novos recursos e assim minimizar o impacto ambiental.
Portugal é um exemplo de sucesso nesta área, dispondo de um ecossistema que reune um elevado conhecimento científico e tecnológico na área dos polímeros. A Universidade do Minho, através do seu Departamento de Engenharia de Polímeros (DEP) e do Instituto de Polímeros e Compósitos (IPC), oferece a única licenciatura e mestrado em Engenharia de Polímeros, em Portugal. Em todos os cursos em que o DEP está envolvido são lecionadas disciplinas dedicadas à sustentabilidade e ecodesign; no IPC desenvolvem-se diversos projetos de investigação nesta área visando, por exemplo, a síntese de polímeros a partir de precursores de origem renovável. O Polo de Inovação em Engenharia de Polímeros (PIEP), destaca-se pela investigação aplicada, inovação e com forte pendor na ligação e transferência de conhecimento e tecnologias ao tecido industrial.
A indústria portuguesa tem sido proativa na resposta ao “estigma” do plástico, encarando-o como uma oportunidade para melhorar processos e desenvolver produtos mais sustentáveis. A inovação tem-se centrado no desenvolvimento de materiais reutilizáveis e recicláveis, contribuindo diretamente para a economia circular. Se os plásticos forem devidamente encaminhados após o uso, transformam-se em recursos valiosos para novos produtos.
A colaboração entre universidades e a indústria é essencial para promover a inovação. A Universidade do Minho e o PIEP têm trabalhado em diversos projetos comuns que integram o conceito de circularidade em todas as fases do ciclo de vida dos produtos.
Em conclusão, a educação, a investigação científica e a inovação em engenharia de polímeros continuarão a desempenhar um papel crucial na promoção de uma economia circular. Portugal, com o seu forte ecossistema científico nesta área, está bem posicionado para ser um exemplo de boas práticas e para contribuir para a sustentabilidade global. Garantir a sustentabilidade do planeta passa, sem dúvida, por transformar a forma como produzimos, consumimos e reciclamos os materiais que utilizamos diariamente.