“Segui o exemplo de mulheres fortes que me mostraram como empreender com sucesso”

Carolina Tavares Perdigão é Fisioterapeuta e criou a Clínica MOBE, em Évora, para oferecer à comunidade alentejana os benefícios que aliam movimento e bem-estar. Filha e neta de mulheres empreendedoras, esta profissional de saúde percebeu que o desafio estava em encontrar um espaço onde o cuidado com as pessoas fosse exatamente como ela pretendia. Não o tendo encontrado, criou-o. Realizada com o que faz, o desafio maior, para si, é a conjugação entre trabalho e família.

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A Fisioterapia sempre foi a área que pretendeu seguir? Após a conclusão do curso e alguns anos de trabalho, que análise faz a esta opção profissional?

Desde sempre soube que a minha vocação era construir uma carreira ligada aos cuidados de saúde humana. A paixão pela Fisioterapia surge durante a adolescência, ao acompanhar a minha mãe aos tratamentos de Fisioterapia, por uma condição pós-cirúrgica a um joelho. “Ama o que fazes e não terás de trabalhar um dia na vida”, é o lema que me acompanha desde o dia em que me formei e iniciei a minha caminhada profissional. A entrada no mercado de trabalho, em 2012, era fácil, mas não tinha o posicionamento social na Saúde que tem hoje. Tenho vindo a observar e a viver um crescimento progressivo da importância e valorização desta área, com uma maior necessidade e conhecimento por parte das pessoas sobre a saúde funcional. Hoje, olhando para trás, não faria nada diferente.

Por que motivo resolveu apostar na criação de uma clínica própria?

Ao passar, durante mais de 10 anos, por várias clínicas e gabinetes percebi que formar a minha própria equipa, onde os valores de cuidado humano, empatia e conhecimento técnico se pudessem unir era o meu grande
objetivo. A MOBE entrega à comunidade do Alentejo esse mesmo serviço do movimento aliado ao bem-estar dos nossos clientes. É totalmente impossível dissociar um conceito do outro. Se tivesse de acrescentar uma palavra,
talvez acrescentasse “família”.

Porquê optar pelo nome Clínica Movimento e Bem-Estar? Estes são os dois grandes objetivos finais desta clínica?

A MOBE traz à comunidade alentejana um local não só centrado de recuperação e prevenção de disfunções músculo-esqueléticas que se traduzem em dor e incapacidade funcional, mas uma verdadeira clínica de saúde
funcional, com uma equipa de várias especialidades que trabalham em conjunto, especificamente para cada cliente que nos procura. Procuramos respeitar todo o contexto pessoal que envolve cada cliente, tornando-nos parte da “família” e da rede de apoio, ao escutarmos cuidadosamente cada pessoa e procurarmos proporcionar uma relação de confiança a quem nos procura e precisa de nós.

Que impacto a criação de um espaço teve em si própria, enquanto profissional? O que mudou? O que destacaria como sendo os maiores desafios?

Criar uma clínica minha é como termos mais um filho. Depende de nós, crescemos com ele, dá-nos noites menos boas, mas todos os dias voltamos para casa com o sentimento de missão cumprida e de realização. Este foi o ponto para que trabalhei nos últimos 15 anos, e sinto que o caminho é o correto. Acima de tudo, porque podemos entregar, através do trabalho de uma equipa excelente e construída à minha semelhança, o serviço que considero ser o melhor. Ainda assim, considero que o maior desafio é a gestão família/trabalho. Nem sempre as exigências
que implicam sermos empreendedoras e termos família são totalmente compreendidas e apoiadas. A pergunta “e os seus filhos estão com quem?” já surgiu várias vezes.

Que mensagem gostaria de deixar a quem está agora a começar o seu caminho profissional?

A quem sonha e não sabe se é capaz, não desista nem se deixe absorver pelo medo. Não há ninguém que não tenha medo ao longo do percurso. E mesmo quando já estamos no caminho, as inseguranças e restrições vão aparecendo. Escrevam, no início do processo, o que vos motiva a dar este passo, e quando “estiver difícil” procurem a essência da vossa motivação.