“Ser empreendedor implica termos mais autonomia, mas também mais responsabilidade”

Clara Martins Coelho fundou a Caco Atelier após regressar da Suíça, já depois de ser mãe e desejar ter horários mais flexíveis para poder estar presente para a família. O que começou como uma solução para este objetivo transformou-se numa marca que tem um nicho geográfico definido – em Vieira do Minho – e onde o cliente é acompanhado de forma muito próxima desde o início do projeto à sua concretização.

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O que a levou a fundar a Caco Atelier?

Não estava na minha mente, enquanto arquiteta, ter um atelier só meu. A vida foi acontecendo – trabalhei em Portugal, no privado, numa Câmara Municipal e depois na Suíça. Quando voltei, já tinha uma filha e um bebé. Surgiu um projeto e fez sentido trabalhar em nome individual, ao mesmo tempo que acompanhava os meus filhos pequenos. Toda a dedicação que eu punha quando trabalhava para outrem, agora coloco-a ao meu serviço e dos meus clientes, e, com muito apoio do meu marido, nasceu a Caco Atelier.

Foto: Edgar Leal

Quais os valores que preza, no seu trabalho?

O que eu mais prezo é a relação com o cliente. Sou muito transparente e faço questão de acompanhar o cliente de forma muito próxima. Move-me a ideia de conduzir o projeto até ao final. Além disso, sou muito pragmática na
forma como encaro os dilemas próprios da obra.

Como definiria a sua forma de trabalhar?

Diria que sou muito flexível. Escuto muito o cliente, coloco-me no seu lugar o tempo todo. O espaço tem de ser aquilo que o cliente procura, acrescido do meu saber acumulado. Depois, em obra, acompanhar o projeto permite-me resolver os demais problemas e transmitir ao cliente aquela que me parece ser a melhor solução para cada um.

Enquanto arquiteta e gestora do seu próprio negócio, com que desafios se deparou, ao longo desta jornada, e como os enfrentou?

O mundo das obras e da Arquitetura sempre foi mais masculino. Sempre convivi com muitos homens, alguns com dificuldade em lidar com mulheres. Mas eu aprendi que demonstrar abertura e conhecimento elimina  essas  dúvidas. No entanto, a minha capacidade de adaptação acaba por sobrepor-se e nunca tive nenhum episódio verdadeiramente desagradável.
Sobre desafios transversais ao género, senti falta de conhecimento financeiro e contabilístico, que colmatei antes que se tornasse um problema. E também a lei do trabalho, que protege de forma igual os bons e maus colaboradores.

Que mensagem deixa às mulheres que estão agora a iniciar a sua carreira? Quais os fatores-chave para o sucesso?

Ser empreendedor depende muito de querer uma responsabilidade acrescida: somos mais autónomos, mas temos também mais coisas para resolver. No que respeita a empreender, não devemos esperar pelas condições perfeitas, porque não existem e eu acredito que devemos ir fazendo o nosso caminho. Temos de encontrar o nosso dom: em que é que podia ajudar a melhorar o mundo? E fazer isso todos os dias.