Em 1993 surgiu no mercado nacional de mediação de seguros a mse – Mediadora de Seguros de Empresas, consubstanciada num projeto que já trazia consigo mais experiência do que aquela que aparentava, pois João Baltazar Mendes desde cedo desenvolveu funções na área técnica e comercial em diversas companhias de seguros. Numa aposta algo precoce, à procura de novos desafios, o atual corretor formou uma mediadora de seguros, a qual não demorou a espelhar no mercado nacional a personalidade do seu fundador, através da diferenciação que sempre implementou no seu método de funcionar, num mercado bastante tradicionalista e fechado entre ideias convencionais: “Quando formei a mse inicial, foi começar do zero. Sem clientes, como uma folha em branco, como se costuma dizer. Ainda me recordo do primeiro mês de trabalho da empresa, em que no final do mesmo não consegui retirar remuneração para mim. Não foi fácil, de todo, mas quando se trabalha arduamente e se acredita realmente no que se está fazer, as dificuldades tornam-se desafios que gradualmente vão sendo vencidos e ultrapassados”, afirma João Baltazar Mendes, revelando como foi obtido o primeiro grande salto da empresa no mercado: “Nessa época começámos a fazer algumas coisas importantes e diferentes. Apostámos no seguro da prática desportiva, que na altura era desconhecido e claro, provocou estranheza a muitos operadores,mas conseguimos encontrar um operador com uma “mente” esclarecida que compreendeu o nosso projeto e nos permitiu estabelecer uma parceria, e avançar com o projeto. Após algum tempo, a mse de então estava associada a imensas federações desportivas chegando a mais de 200 mil atletas”.
Continuando a trabalhar na área dos seguros desportivos durante vários anos, foi simultaneamente “inovando em métodos de abordagem aos clientes empresariais”, através da criação de pacotes específicos de seguros direcionados para empresas de determinadas atividades e produtos “tailor made” para os seus colaboradores, o que era ainda uma novidade dentro do mercado e que atualmente denominamos de affinities. Esta operação de diferenciação resultou numa operação de dimensões muito superiores às antevistas: “Este crescimento tornou a empresa apetecível e interessante em termos financeiros e de potencial de crescimento, tendo cedido ao final de uns anos à sua venda ao Grupo Sonae. O projeto da Sonae foi de tal modo aliciante que entre 2004 e 2008 fiz parte do Conselho de Administração da sociedade corretora daquele grupo financeiro. Este foi um desafio e um projeto muito importante para mim em termos profissionais e pessoais, que nunca esquecerei, e através do qual cresci imenso. A Sonae foi uma escola de gestão que, ao longo de cinco anos valeu por 10 anos de faculdade. Porém, a determinada altura, a minha veia mais empresarial voltou a chamar por mim e segui o caminho que me fazia mais feliz. Todos concordamos que temos sempre que lutar pela nossa felicidade”.
DE REGRESSO À DIVERSIFICAÇÃO
Em 2012, João Baltazar Mendes, recuperando o nome “mse”, constituiu uma nova empresa e arrancou com o projeto que ainda hoje prossegue: “Comprei uma pequena corretora para ter o alvará da ASF, alterei-lhe o nome original para o que hoje se conhece e comecei este desafio num período de profunda crise económica dos diversos setores da atividade económica. Mais uma vez, a diferenciação compensou e marcámos vários pontos junto ao mercado empresarial, com soluções profissionais e inovadoras para a área dos transportes de passageiros e de mercadorias, setor público, ordens profissionais e outras atividades económicas, incluindo o mercado de retalho. A nossa proposta de valor começou a ser abrangente e conseguimos superar os nossos objetivos, mesmo num contexto muito particular”, explica o corretor.
A verdade é que num trajeto encarado com uma sucessiva coragem e apoiado numa equipa de recursos humanos com vasta experiência técnica, não tardou a que a diferenciação se fizesse notar: “Ocorreu-nos um nicho de mercado – os táxis. Reparámos que este era um setor que estava, digamos, instalado num marasmo, os profissionais da área não tinham uma proposta de valor efetiva que lhes proporcionasse uma mais valia na área dos seguros e por isso decidimos lançar uma lufada de ar fresco nesta área. O principal obstáculo? Encontrar um parceiro segurador que partilhasse da nossa visão e compreendesse o modo de operar da mse. Um parceiro que nos quisesse acompanhar na aventura de apostar num setor económico tão fechado numa rotina instalada e controlada por um ou dois operadores, que durante anos seguidos nada fizeram para melhorar as condições existentes no mercado. A verdade é que a entrada da mse nesse setor de atividade, com um produto específico e dedicado aos industriais do Táxi, resultou numa “revolução” no mercado. A mse chegou a ser líder de mercado neste segmento e a ter em carteira mais de 3.500 apólices. Este volume de negócio conduziu-nos à abertura de espaços próprios específicos e dedicados a estes profissionais em Lisboa (Telheiras), Porto e Coimbra. Hoje em dia somos nome de referência e são eles, os taxistas, que nos procuram para realizar os seus seguros profissionais e particulares”,revela o corretor. Ao longo destes anos, a mse seguros sofreu, naturalmente, “dores de crescimento, com as limitações do próprio mercado”, mas João Baltazar Mendes garante que essas dificuldades já foram ultrapassadas com “o apoio dos clientes, dos seguradores mas, sobretudo com o entusiasmo e dedicação da sua equipa, bem como com o sentimento intrínseco de não pactuar com os vícios instalados no mercado segurador através de uma irreverência e crítica construtiva e saudável”. Ainda que não querendo ser visto no mercado como o corretor dos transportes de passageiros, a verdade é que a diferenciação e a inovação levaram uma vez mais esta empresa ao encontro do setor do transporte de passageiros. Desta feita, um projeto dirigido aos empresários ligados ao Transporte de Passageiros em Veículos Descaracterizados, os TVDE’s, ou seja aqueles profissionais que se encontram ligados a plataformas eletrónicas para o desenvolvimento do seu negócio. Nesta perspetiva e face à publicação da legislação que regulamenta esta atividade económica, a mse procurou um novo parceiro segurador a quem se aliar e lançar no mercado um pacote de produtos competitivo de seguros legalmente obrigatórios: Automóvel, Responsabilidade Civil e Acidentes Pessoais,no qual incluiu Acidentes de Trabalho, que tem uma importância imensa em qualquer atividade profissional, que é muitas vezes desconhecida dos profissionais por conta própria. Temos utilizado os nossos espaços em Lisboa, Porto e Coimbra para um atendimento mais próximo e personalizado, bem como meios tecnológicos como modo de contactar estes profissionais e disponibilizar-lhes os instrumentos sem os quais não podem operar de modo legal.
“NÓS NÃO QUEREMOS SER SUBMISSOS. QUEREMOS SER CONTESTATÁRIOS”
O rumo da entrevista levou a que a Valor Magazine questionasse João Baltazar Mendes sobre o estado do setor, o que resultou numa resposta perentória de quem conhece muito bem o mercado: “Hoje há excesso de intervenientes na área da mediação profissional. Temos 19 mil agentes inscritos na ASF (Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões), mas no quadro de corretores 69 entidades registadas. É um número excessivo para um mercado pequeno como o nosso, e que inevitavelmente conduz a uma imensa falta de profissionalismo que paira no mercado e a um facilitismo tremendo em face do número de comissionistas”, vinca João Baltazar Mendes, que não esconde a sua preocupação pela excessiva concentração do mercado segurador em Portugal. Cada vez que procuramos um contrato de seguro com contornos mais técnicos e exigentes, temos dois ou três seguradores que podem aceitar ou suportar o negócio. Obviamente que esta é uma situação que cria uma severa desigualdade entre corretores e seguradores, conduzindo a posicionamentos extremos das companhias, tornando-as por vezes “surdas e/ou cegas” ao negócio que não seja o “normal” automóvel ou multirriscos. Não podemos nem queremos ser submissos a estratégias fechadas e antiquadas, pelo que esgrimindo sempre com argumentos válidos, transparentes e consubstanciados, iremos sempre ser contestatários a esse género de comportamentos, em prol da defesa dos melhores e mais importantes interesses dos nossos clientes. Hoje, posso dizer-lhe que as quatro maiores seguradoras representam 70% do mercado”.Não obstante as quatro maiores companhias de seguros em Portugal representarem cerca de 70% da área seguradora nos denominados ramos não vida, de acordo com dados disponibilizados pela ASF relativamente ao último ano, o CEO da mse seguros demonstra esperanças na profissionalização do mercado, até porque as novas ferramentas do setor vão obrigar a uma nova exigência: “Hoje vivemos num mercado mais maduro, mais informado, mais experiente e mais exigente, que, naturalmente, vai exigir mais e melhor serviço de todos os operadores desta atividade, seja através da análise de necessidades, aconselhamento específico e especializado nas diferentes atividades económicas, seja na prestação de um melhor, maior e mais eficaz serviço aos seus clientes. Na mse, a nossa regra e estratégia é a diferenciação a todos os níveis que nos irá, estamos convencidos, conduzir aos patamares que nos propomos alcançar e é por isso que iremos continuar a lutar”, conclui.