A relação comercial entre Portugal e Suíça tem vindo a fortalecer-se. A que se deve tal facto? A Câmara do Comércio e Indústria Suíça em Portugal tem influência neste crescimento das trocas comerciais?
A ligação política e económica entre Portugal e Suíça é centenária. A Câmara do Comércio e Indústria foi criada em 1987, devido ao aumento das trocas comerciais: os responsáveis das grandes empresas suíças queriam uma plataforma comum onde pudessem trocar experiências, contactos e serviços e a comunidade portuguesa queria ter produtos portugueses disponíveis para seu consumo. Portugal também se desenvolveu muito nestes últimos 30 anos, nomeadamente no que respeita à rede viária, às infraestruturas, aos setores do Turismo e da Tecnologia, que hoje exportam para a Suíça e que atraíram o investimento suíço para Portugal.
Como pode a Câmara do Comércio e Indústria Suíça em Portugal ajudar a desenvolver as interações entre empresas e empresários portugueses e suíços, que queiram investir nestes países?
A nossa ajuda passa por disponibilizar uma rede de contactos de autoridades portuguesas e suíças, que possam ajudar a desenvolver o projeto pretendido. O que fazemos é “abrir portas”, intermediar o processo e ajudar na compreensão dos trâmites legais e burocráticos que podem ser de entendimento mais difícil, sobretudo quando existe o entrave da língua. Porém, o mais importante de tudo é passar confiança a quem vem investir num país estrangeiro – seja Portugal ou Suíça. A confiança é fundamental para os investimentos e Portugal é um bom país para investir – é estável, política e juridicamente – o que deixa avaliar corretamente os riscos que se assumem, aquando da realização do negócio. Por esse motivo, quando tomamos conhecimento de uma empresa que quer instalar-se em Portugal fazemos questão de envolver os municípios nessa negociação, pois eles são entidades fundamentais em qualquer investimento – conhecem o território e podem ajudar a encontrar um bom local para instalar a empresa, ajudar no processo de recrutamento de recursos humanos… Há municípios que destacam equipas especializadas para ajudar as empresas que se querem instalar no concelho e as hipóteses de sucesso são muito altas.
Quais os setores que despertam mais interesse para investimento?
O que Portugal exporta para a Suíça é bastante transversal, mas o setor metalomecânico tem uma grande importância. Além disso, existem ainda os setores do têxtil, calçado, moldes, materiais de construção, tecnologia e software (através de equipas de nearshore) e o turismo. No caso das exportações suíças para Portugal, grande parte é ocupada pelas empresas farmacêuticas, como a Roche e a Novartis. Além disso, exporta-se ainda maquinaria de precisão, relógios e máquinas de alta qualidade para indústrias específicas.
Como descreveria a comunidade portuguesa presente na Suíça, relativamente à sua distribuição pelas diferentes atividades económicas?
Nos anos 70 e 80, os emigrantes portugueses eram pessoas não qualificadas que trabalhavam na restauração, hotelaria, limpezas… Depois, quando a Troika esteve em Portugal, saíram do país muitas pessoas altamente qualificadas, que foram trabalhar nas áreas da saúde e informática. Os filhos dos emigrantes da primeira vaga também já têm qualificações académicas e trabalham nas áreas financeira, farmacêutica, metalomecânica… muitos lideram empresas. Esta é a terceira maior comunidade estrangeira na Suíça – tem cerca de 300 mil pessoas – e está muito bem integrada no país, até porque os portugueses são muito compatíveis com a forma suíça de estar e trabalhar: não gritam com facilidade, são pessoas calmas e muito humanas, o que é algo que os suíços prezam.
Quais são os passos seguintes na relação económica entre Portugal e Suíça? Como pode a Câmara do Comércio e Indústria Suíça em Portugal ajudar a concretizá-los?
No fundo, é continuar a reforçar e consolidar esta boa relação que existe, a nível diplomático e económico. O nosso papel também passa por mostrar as oportunidades de investimento que quer Portugal, quer a Suíça oferecem. Além disso, defendemos os interesses de cada empresa no respetivo país de acolhimento. A missão inicial mantém-se: ser um elemento facilitador na relação económica entre os dois países.