A profissão de contabilista atravessou momentos de maior “descaso”, por parte dos empresários e das próprias entidades oficiais, no entanto o crescimento do empreendedorismo mostrou a necessidade de um acompanhamento próximo por parte destes profissionais. Enquanto profissional do setor, identifica-se com esta realidade? Sente que a profissão foi valorizada e assistimos, agora, a um reposicionamento dos contabilistas junto das empresas?
De facto, antes os contabilistas eram vistos como aqueles necessários para que os impostos fossem cumpridos – o contabilista existia para fazer o cumprimento das obrigações fiscais. Neste momento, eu entendo que tudo mudou. Somos vistos como um parceiro. Quando os empresários querem tomar decisões, como por exemplo a abertura de
um novo negócio, querem realizar um plano de negócios para um novo investimento, até mesmo para acompanhar – e muito bem – a sua atividade diária, eles procuram-nos. Esta antiga falta de apreço que havia para connosco desapareceu e hoje somos vistos como um parceiro estratégico para os nossos clientes.
Parece-lhe que deveria ser obrigatório que os empresários tivessem acesso a um mini curso de Gestão, ou mesmo formações ligadas à Tributação para empresas, para preparar melhor os empresários?
Eu não vou colocar a formação como obrigatória, mas estou totalmente de acordo com a ideia-base, uma vez que a maioria dos nossos empresários não tem qualquer formação na área de gestão.
Quais os serviços que mais destaca enquanto relevantes para este acompanhamento próximo das empresas?
Um dos serviços mais procurados é o plano de negócios e consultoria fiscal. Isto acontece porque muitas vezes o empresário quer abrir um negócio ou pedir um empréstimo ao banco e esse financiamento bancário obriga a detalhar o que é o negócio, quem são os clientes, os outros concorrentes…Dessa forma, os clientes procuram-nos para que executemos este serviço.
Como caracteriza o vosso método de trabalho, dado que se definem como Contabilidade Digital?
Eu sou contabilista desde 1999 e trabalhei como trabalhadora independente entre 2002 e 2023. mas com o COVID eu percebi que as novas tecnologias eram uma oportunidade para conseguirmos poupar tempo e deslocações. Tomei conhecimento então de uma plataforma onde o cliente e nós conseguimos, através do respetivo email e password, trocar documentos. O cliente importa os documentos necessários e nós conseguimos ter acesso aos mesmos. Caso o cliente necessite, pode descarregar os documentos. Acabaram-se as deslocações, perdas de tempo dos empresários, bem como o espaço de arquivo.
“Antes os contabilistas eram vistos como aqueles necessários para que os
impostos fossem cumpridos – o contabilista existia para fazer o cumprimento
das obrigações fiscais. Neste momento, eu entendo que tudo mudou. Somos vistos como um parceiro”.
Existem novos projetos onde a AF Contabilidade esteja a preparar-se para centrar atenções e que gostaria de dar a conhecer?
Estamos a aperceber-nos de que, cada vez mais, surgem imigrantes que têm formação na área de Contabilidade e que procuram formação nesta área de acordo com a legislação portuguesa, de forma a integrarem-se em gabinetes
de contabilidade, por exemplo. Tenho alguns pedidos já de pessoas que pretendem essa formação e a qualquer momento nós vamos lançá-la. Por outro lado, nós pretendemos ser cada vez mais abrangentes. Para além dos
serviços da contabilidade, eu sou agente de seguros, agente local do cidadão, temos parcerias nas áreas de intermediação de crédito. Pretendemos prestar ao cliente um serviço que seja o mais abrangente possível.
Gostaria de mencionar que faço parte do Grupo de mulheres empreendedoras de Portugal, onde o objetivo é ajudar-nos mutuamente a fazer crescer os nossos negócios. Este grupo tem mais de 80 mil seguidores.
