Terapia inovadora com células estaminais

A Crioestaminal está no mercado há 16 anos e destaca-se por ter sido pioneira enquanto banco de criopreservação. Desde essa altura, 10 crianças já fizeram os tratamentos com células estaminais e, recentemente, foi realizado um transplante de células estaminais, numa criança de quatro anos, para tratar uma anemia aplástica grave. O tratamento foi bem sucedido e André Gomes, fundador e diretor geral desta empresa, explica o sucesso.

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André Gomes, Fundador e Diretor Geral

A Crioestaminal é líder europeu em células estaminais, e foi o primeiro banco de criopreservação em Portugal. Desde a sua criação, em 2003, 10 crianças portuguesas já fizeram transplantes com células estaminais. A opção de guardar as células estaminais já é do conhecimento de todos os pais?

Quando iniciámos a atividade, em 2003, começava a falar-se em Portugal da importância das células estaminais do sangue do cordão umbilical, para mais tarde poderem ser usadas no tratamento de doenças. Nesta altura, existiam cerca de 2000 transplantes realizados com sangue do cordão umbilical. Desde então, o conhecimento sobre as células estaminais tornou-se mais vasto existindo hoje mais de 45.000 transplantes realizados, mais de 80 doenças tratadas e centenas de ensaios clínicos em curso, algo que não se imaginava há 16 anos.

O Grupo ao qual a Crioestaminal pertence tem hoje mais de 400 mil amostras guardadas e 64 tratamentos realizados com células estaminais do Sangue do Cordão Umbilical, 10 dos quais em crianças portuguesas. A Crioestaminal é assim o laboratório português com mais experiência na libertação de amostras de sangue do cordão umbilical para o tratamento de várias doenças, tratadas no IPO do Porto, no IPO de Lisboa, no Hospital Universitário de Duke, nos EUA, e no Hospital San Rafael em Madrid. Guardar as células estaminais é uma decisão importante para todos os futuros pais, pois alarga as possibilidades de tratamento no futuro. Assim, partilhamos continuamente todas as novidades nesta área, de modo a que todos os futuros pais possam tomar uma decisão informada.

“GUARDAR AS CÉLULAS ESTAMINAIS É UMA DECISÃO IMPORTANTE PARA TODOS OS FUTUROS PAIS”

Recentemente foi realizado um tratamento inovador pela primeira vez em Portugal – um transplante de células do cordão umbilical, numa criança de quatro anos. Fale-nos sobre este tratamento.

No dia 5 de abril deste ano, o Henrique de quatro anos, diagnosticado com anemia aplástica grave foi transplantado com células estaminais do sangue do cordão umbilical, guardadas na Crioestaminal, na Unidade de Transplante de Medula do Instituto Português de Oncologia de Lisboa Francisco Gentil (IPO).Trata-se de um tratamento inovador pelo facto de se ter utilizado sangue do cordão umbilical da própria criança no tratamento desta doença.

Como está a criança?

Após a infusão das células estaminais do sangue do cordão umbilical verificou-se uma rápida recuperação das contagens de glóbulos brancos e de outros parâmetros da recuperação hematológica. O Henrique recebeu alta hospitalar um mês após o transplante. Estando sob vigilância da equipa médica, a criança tem apresentado uma evolução positiva ao longo dos últimos meses. Hoje o Henrique encontra-se em remissão completa de anemia aplástica grave.

É possível fazer este tratamento em crianças ou jovens de qualquer idade?

Este tipo de tratamento não depende da idade, mas sim da possibilidade de recorrer às células estaminais do próprio. Esta opção de tratamento só é possível se à nascença os pais tiverem optado por guardar o sangue do cordão umbilical.

“as células estaminais são já hoje uma realidade no tratamento de várias doenças”

10% do volume de negócio da Crioestaminal é investido em Investigação e Desenvolvimento, o que já resultou em quatro patentes registadas. Para onde caminha a investigação atualmente, nesta área? Ainda há muito por fazer?

Sim, ainda há muito por fazer na área das células estaminais. O nosso foco é possibilitar o acesso a terapêuticas personalizadas baseadas em células estaminais, o desenvolvimento de projetos de I&D tem em vista descobrir novas terapias celulares, o que permite alargar a aplicação de células estaminais para além das doenças atualmente tratadas.Com os vários projetos de investigação e desenvolvimento e as quatro patentes internacionais já registadas, a Crioestaminal tem desenvolvido estudos nas áreas de oncologia, do enfarte do miocárdio e diabetes.
Vamos estar cada vez mais voltados para a investigação clínica, com projetos que visam testar novas terapias baseadas em células estaminais em humanos, e que implicam a utilização das nossas recém-criadas Salas Limpas, dedicadas à produção de medicamentos de terapias celulares avançadas. As células estaminais são já hoje uma realidade no tratamento de várias doenças. No futuro, serão, sem dúvida, novas alternativas terapêuticas para doenças que atualmente não têm tratamento, como evidenciam as centenas de ensaios clínicos em curso em todo o mundo . Seguramente que alguns terminarão com resultados positivos e serão novas aplicações no futuro.

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