Entre 2003 e 2019, exerceu Advocacia em prática individual, com escritório próprio. O que a levou a, posteriormente, optar por tornar-se sócia-fundadora de uma sociedade de advogados?
Comecei a exercer Advocacia em prática individual em 2003, mas ao longo dos anos senti a necessidade de sinergia com outros advogados para que fossemos ao encontro da solução mais adequada para o cliente. As constantes alterações legislativas e procedimentais, aliadas à evolução da própria Sociedade e tecnologia e os impactos que as decisões têm nas várias áreas do direito, levou-me a deixar o escritório próprio em 2019, para iniciar um novo
projeto com mais outros dois advogados. Acredito que a união de forças e colaboração harmoniosa leva a um melhor resultado.
Hoje, há mulheres em muitos cargos de liderança nas áreas da Justiça, enquanto juízas, magistradas do Ministério Público… Isso é um bom indício de que as mulheres estão a ganhar verdadeiramente o seu espaço na carreira?
Em Portugal e não só, verificamos uma enorme transformação do papel das mulheres em cargos de liderança nas mais variadíssimas áreas. E na área da Justiça não é diferente. Esta área é, historicamente, marcada por lideranças essencialmente masculinas, mas tem percorrido uma enorme mudança que reflete o caminho das mulheres em ascensão para os cargos de liderança. São mulheres que lideram com um grande espírito de responsabilidade e que ajudam a inspirar tantas outras mulheres para seguir os seus sonhos e a superar os desafios que lhes são colocados.
“É importante realçar a necessidade do nosso bem-estar pessoal para
sermos melhores profissionais”.
Enquanto mulher e profissional, que exemplo reflete o seu percurso, até ao momento? Quais as características que sempre aportou ao seu trabalho e à forma de estar que a fizeram tornar-se numa referência nas suas áreas de especialidade?
Todos os dias sou confrontada com as exigências da nossa profissão, o rigor técnico, a pressão, a competitividade, a urgência das questões e as longas horas de trabalho. Só com grande sentido de responsabilidade e organização consigo o meu percurso profissional na sociedade de Advogados da qual sou fundadora, a qual tem tido um crescimento notório, sólido e sustentável de que me orgulho. Hoje as mulheres estão no Direito em número muito equiparado aos homens. No entanto, o caminho ainda não é exatamente igual e os desafios podem ser superiores, sobretudo quando falamos em mulheres que são também mães e têm de conjugar o desafio da maternidade com uma profissão exigente.
Que mensagem gostaria de deixar a quem enfrenta estes desafios diariamente?
A exigência técnica, a disponibilidade e a alta dedicação que esperam de nós é de difícil conciliação com a vida pessoal enquanto mães. A falta de proteção na maternidade das Advogadas, é sem dúvida muito impactante.
Lembro-me de quando tive os meus filhos, há 20 e 16 anos atrás, apesar de, felizmente ter tido o apoio incondicional dos meus pais, senti um desgaste físico e emocional enorme pois sempre mantive as minhas responsabilidades profissionais. É importante realçar a necessidade do nosso bem-estar pessoal para sermos melhores profissionais. A nossa vida profissional consome a maior parte do nosso tempo mas não nos podemos esquecer que o tempo só vai. Por isso, sejam profissionais e sejam felizes.









