Trabalhar o mercado imobiliário numa região rica em Natureza

O arquiteto José Brito é o responsável pela SW-Places, uma agência de mediação imobiliária sediada em Aljezur, que conta com uma equipa de oito consultores, conhecedores da região e que podem ajudar aqueles que desejam comprar um imóvel nas zonas envolventes. Numa geografia classificada como Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, o estado selvagem da Natureza que envolve os espaços atrai essencialmente praticantes de surf, que depois se fixam na região, trabalhando a maioria remotamente. Sem atividades que fixem população, José Brito afirma que as medidas do Governo dedicadas, por exemplo, aos benefícios fiscais para jovens que queiram comprar casa, não se irão refletir na região.

0
114

Como descreve a atuação da SW-Places, que vos distingue dos restantes players do mercado imobiliário?

A SW-Places fará 10 anos em fevereiro de 2025, é a confirmação de que o trabalho realizado até aqui foi assente em estratégias vencedoras, nomeadamente a forte e longa ligação sócio-geográfica por parte dos responsáveis da SW, e pela forte aposta no mercado digital progressista. Quanto à segunda parte de pergunta, só lhe posso acrescentar que procuramos atingir a classificação de um cliente/um amigo. Até hoje temos conseguido, na maioria das vezes, atingir esse estatuto, o que nos orgulha. Acredito que têm sido estes os fatores que sustentam e
sustentaram a SW-Places.

Que análise faz ao mercado imobiliário português?

Essa questão é muito abrangente e com muitas condicionantes mas, para criar uma linha de raciocínio comensurável, vamos analisar as zonas onde a procura é elevada, ou seja, Lisboa, entenda-se também Cascais e Sintra, a cidade do Porto e a sua zona metropolitana, a Península de Setúbal, até Sines e o Algarve. Repare-se que estas zonas são todas no litoral. Há já muito tempo que o interesse dos compradores se fixou nas zonas mencionadas e, como tal, os promotores têm apostado também aí. Este assunto é uma “pescadinha de rabo na boca”: o promotor só investe onde existe procura, e quem procura busca nas zonas acima referidas, porque é litoral, a curtas distância dos mais variados serviços públicos, servidas por boas infraestruturas de comunicação.
Enquanto no interior não existe interesse em desenvolver para atrair investimento. Creio que estamos a perder uma oportunidade com a não utilização do aeroporto de Beja como infraestrutura de apoio ao desenvolvimento, dando início a um novo ciclo de investimentos que beneficiaria o interior do país. O mercado imobiliário português continuará a atrair investidores e, por conseguinte, a fortalecer-se.

Ricardo Miguel, sócio

Na região sudoeste do país, há margem para continuar a manter os preços elevados? Que público procura esta região?

Os preços elevados estão por todo o território, não só no sudoeste. Eu questiono-me se o problema está no produto ou na fonte, ou seja, os imóveis estão caros porque a moeda não tem valor? Para lutar contra os valores elevados, julgo que deveria ser possível desenvolver, nos núcleos urbanos, espaços para a edificação de Tiny-houses. É uma forma mais económica de aquisição e vem ao encontro das novas vivências das famílias mais jovens.

Que características particulares distinguem esta região? O que a torna única?

Todo o litoral entre Sines e Burgau é classificado com Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina. Por sua vez, a Costa Atlântica no seu estado selvagem atrai muitos visitantes, que depois se fixam nas redondezas. Das atividades de maior destaque, temos o surf, que é sem dúvida um catalisador económico desta zona entre Odeceixe e Carrapateira.

Considerando as novas medidas do Governo relativamente aos jovens, isso pode proporcionar uma oportunidade antes inexistente para pessoas até aos 35 anos que queiram comprar casa?

As medidas do Governo para os jovens são bem-vindas, mas nesta zona não se aplicam. Porquê? Porque nesta região não há forma de fixar população ativa porque não há trabalho. Por outro lado, se formos para mais perto da cidade vizinha – Lagos -, os preços dos apartamentos estão muito acima do valor balizado pelo Governo para obter
a regalia fiscal. Agora, com o novo SIMPLEX, o Governo coloca nas mãos dos privados uma tarefa que deveria ser
sua, a de criar habitação social. Desresponsabilizam-se de uma forma impressionante. Par te da coleta do Imposto
Municipal sobre Imóveis deveria ser aplicado em novos programas de habitação social, e gerar mais rendimento
para o Estado a médio/longo prazo, em vez de alimentar uma máquina (Governo) pesada e sem lubrificação que necessita de toda a verba coletada para se manter em baixo rendimento.

2024 está quase a terminar. Que análise faz a este ano e como se prepara a SW-Places para enfrentar 2025?

Sim, 2024 está quase a terminar, e com base nos resultados deste ano, faço uma análise positiva, até porque superámos os objetivos do ano passado. Para o ano de 2025, vamos “equipados” com as mesmas ferramentas, por isso não há nada a temer.