“Uma visão ferroviária comum entre Portugal e Espanha é fundamental”

O Grupo Azvi tem mais de um século de história na área da ferrovia, desenvolvendo este meio de transporte e tornando-o cada vez mais eficiente, seguro e sustentável. Em Espanha, integrou o primeiro projeto de construção de linhas de Alta Velocidade e prepara-se, agora, para o fazer também em Portugal, onde já possui estrutura e recursos humanos. Dotado de capacidade de trabalho que vai desde a conceção do projeto até à entrega da obra e sua manutenção, o Grupo Azvi, conforme detalha Bruno Queirós, diretor da empresa em Portugal, centra o seu trabalho em palavras-chave como desenvolvimento, inovação e eficiência, para assegurar constantes melhorias em todos os seus projetos.

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Qual a importância da área ferroviária para o Grupo Azvi? Em Espanha, por que atividades são responsáveis, no que respeita à ferrovia e sua manutenção?

Na Azvi, trabalhamos há mais de 100 anos para desenvolver caminhos de ferro que liguem pessoas e territórios através de transportes mais eficientes, inteligentes, seguros, sustentáveis e amigos do ambiente. Desempenhamos um papel importante no desenvolvimento do caminho de ferro em Espanha e, em particular, do caminho de ferro de alta velocidade, tendo participado na construção de cerca de 500 km de via nas diversas linhas desde o início dos trabalhos do primeiro projeto, em 1987, que ligou Madrid a Sevilha em 1992. Para além dos projetos de alta velocidade, participamos também em numerosos projetos ferroviários na rede convencional destinados a melhorar as infraestruturas ferroviárias existentes, bem como projetos de transportes urbanos, metropolitanos e elétricos, que contribuem para melhorar a mobilidade nas cidades e a vida dos seus cidadãos.
Por tudo isto, a Azvi tomou a decisão certa de oferecer aos seus clientes o ciclo completo nos projetos ferroviários: infraestrutura, superestrutura, eletrificação e sinalização, manutenção, transporte ferroviário, etc., dispondo inclusivamente de vasto parque de máquinas próprias e oficinas homologadas para a sua manutenção e reparação.

Como se posiciona o Grupo Azvi em Portugal? Quais os projetos que desenvolveu, que lhe parece importante destacar?

Os programas de investimento ferroviário em Portugal criaram uma oportunidade para a Azvi. O elevado número de projetos e a sua dimensão, com um horizonte alargado, colocam grandes desafios e vão ao encontro da capacidade e competências da empresa, que com o seu “know-how” pode fazer parte e contribuir significativamente para o sucesso destes projetos. Estamos atualmente a finalizar um grande projeto para a Infraestruturas de Portugal na Linha do Norte, entre Espinho e Vila Nova de Gaia, que inclui a renovação da via férrea, a catenária, a eliminação de todas as passagens de nível e a remodelação de estações e apeadeiros. A dimensão deste projeto possibilitou a criação de uma estrutura em Portugal, o que nos permitiu explorar várias áreas de negócio para além da ferrovia. Um exemplo concreto é a nossa participação na construção do Centro Logístico do Mercadona em Almeirim, o maior da Península Ibérica, com um investimento de cerca de 300
milhões de euros, onde a Azvi está a realizar as obras de infraestruturas de todo o centro.

Que impacto terá a parceria feita entre Portugal e Espanha, relativamente à Ferrovia, considerando, no futuro, a importância que este transporte terá para as atividades económicas ibéricas e europeias?

A melhoria da conetividade entre os dois países através de ligações eficientes, combinada com o desenvolvimento da rede ferroviária nacional, estimula o comércio e a circulação de pessoas e mercadorias, contribuindo para o desenvolvimento económico de ambos os países. A integração nos corredores europeus é também crucial. Um projeto e uma visão ferroviária comum entre Portugal e Espanha é fundamental, diria mesmo indispensável, não só para a mobilidade ibérica, mas também para podermos pensar num transporte ferroviário viável para o resto da Europa.

Quais os projetos do Grupo Azvi que estão atualmente em cima da mesa para esta área?

Portugal tem em curso um conjunto de investimentos, nomeadamente no setor ferroviário, aos quais a Azvi está a dar especial atenção, nomeadamente nos projetos relacionados com a Alta Velocidade. A Azvi tem uma vasta experiência neste tipo de projetos, baseada na construção de cerca de 500 km nos principais corredores da Rede
Espanhola de Alta Velocidade e na realização de trabalhos de manutenção em mais de mil km anualmente, o que faz da Azvi um parceiro de indiscutível valor para estes projetos. A participação da Azvi nos projetos de Alta Velocidade em Portugal ocorre por meio da sua integração num consórcio constituído por empresas nacionais e
estrangeiras, cuja complementaridade faz com que seja um grupo com larga experiência em concessões, construção e manutenção de infraestruturas, com capacidade para desenvolver os diferentes objetivos e desafios que Portugal enfrenta na alta velocidade ferroviária.

Qual o impacto económico do projeto de alta velocidade da ferrovia para as empresas e o país?

A realização de projetos ferroviários de alta velocidade tem um impacto económico significativo, tanto para as empresas como para o país no seu conjunto. As empresas de construção e de tecnologia ferroviária encontram oportunidades de negócio e de emprego no planeamento, na construção e na manutenção das infraestruturas. A
melhoria da conetividade impulsiona o desenvolvimento económico regional, gerando novas oportunidades de negócio e atraindo investimento. Além disso, a eficiência no transporte de passageiros e mercadorias contribui para a rentabilidade das empresas e para a redução dos custos logísticos do país. Em última análise, estes
projetos não só modernizam o sistema de transportes, como também têm o potencial de reforçar a competitividade nacional e melhorar a qualidade de vida. Ligam os territórios e aproximam as pessoas.

Quais os desafios com que a ferrovia se deparará, no futuro, que podem ser acautelados desde já, com a ajuda do vosso know-how técnico e tecnológico?

O caminho de ferro enfrenta desafios decisivos à medida que evolui para o futuro. A concorrência com outros modos de transporte, o financiamento das infraestruturas e a necessidade de modernização tecnológica são obstáculos importantes que exigirão investimento estratégico, inovação e adaptabilidade contínua para manter o
caminho de ferro como um pilar vital no futuro dos transportes. Para a Azvi, a investigação, o desenvolvimento, a inovação e a transformação digital são fatores estratégicos que garantem que seremos capazes de enfrentar os novos desafios e as novas apostas com que a nossa atividade nos confronta. Mantemos diferentes linhas de trabalho e, em particular no domínio ferroviário, gostaria de destacar alguns projetos muito significativos que
desenvolvemos, como, por exemplo, o projeto MAMVIA para conceção, construção e validação do processo de nivelamento e alinhamento na montagem de via betonada, conseguindo um aumento da produtividade, da segurança laboral e ambiental e da garantia de qualidade estrutural na execução deste tipo de trabalhos; o projeto ECASYS, que desenvolveu a engenharia do sistema OGI para a mudança automática de bitola para o
transporte de mercadorias, através de um cambiador de eixos, tanto a nível do material circulante como da infraestrutura; ou o projeto DF-MAS, centrado na digitalização do serviço de manutenção de maquinaria pesada para a manutenção da infraestrutura ferroviária.