A Yarteck nasceu em 2007, com o objetivo de construir casas funcionais e acolhedoras. Treze anos depois, que balanço faz deste objetivo?
Temos vindo a conseguir alcançar esse objetivo, apesar de tudo o que já vivenciámos. Tivemos uma primeira crise, agora temos uma pandemia…Ainda não conseguimos beneficiar de 10 anos de crescimento. Trabalhar nestas condições é um desafio, aprende-se muito, porque estamos sempre sob pressão, mas a margem de lucro, que permite crescer, tem sido sempre reduzida. Todavia, nunca parámos de trabalhar, graças à aposta na qualidade e diferenciação, e granjeámos nome e obra feita.
Como caracteriza a Arquitetura do futuro?
Na Yarteck antecipamos um problema que sabemos que irá existir: a falta de mão de obra para a construção tradicional. A maioria dos trabalhadores da construção civil tem mais de 40 anos. Chegará o dia em que deixaremos de ter pedreiros, por exemplo. Assim, queremos inovar através da utilização de um novo método construtivo. Ainda não o aplicámos neste projeto que temos atualmente em promoção e venda – os edifícios Ria Gallega – mas iremos aplicá-lo nos nossos próximos projetos. Todavia, sentimos também que as pessoas ainda não confiam noutro sistema construtivo que não o tradicional. Ainda gostam de sentir a parede, em tijolo. Na verdade, este método construtivo tradicional será inviável em pouco tempo, pois não teremos mão de obra para executá-lo. Em seu lugar, temos a hipótese de construir em gesso cartonado e pré-fabricados, por exemplo, que resulta numa construção mais rápida e mais eficiente, mesmo no que respeita à sustentabilidade. A nossa aposta vai no sentido de começar a desmistificar esta realidade e assegurar a viabilidade do novo método de construção.
Os próprios materiais, atualmente, já são mais ecológicos e eficientes. Esses materiais são importantes para vós, enquanto construtores?
Não tenho a certeza de que estes materiais sejam utilizados em grande escala na construção civil nacional. As empresas produtoras de materiais estão, de facto, a produzi-los, mas o facto de estes materiais ecológicos e sustentáveis serem mais caros e encarecerem, assim, o produto final, limita a sua utilização, pois a maioria dos construtores civis considera o preço o mais importante. Para nós, a qualidade e o preço são ambos importantes. Sabemos que, quando utilizamos materiais como a cortiça, estamos a encarecer o edifício, mas quando iniciamos um projeto, definimos um público-alvo para a sua construção e condicionamos todos os materiais, equipamentos e acabamentos a este tipo de comprador.
Os edifícios Ria Gallega têm estas características?
Os edifícios são modernos, de Arquitetura marcante, mas são construídos de uma forma tradicional. No que respeita aos materiais e à eficiência energética, são edifícios muito bons. Tentámos sempre diferenciar-nos, ao longo do nosso caminho, pelo equilíbrio entre a qualidade e o preço. Se os edifícios são mais caros, têm de ser melhores e, para isso, utilizamos materiais diferenciados. Queremos garantir que a qualidade está associada ao nosso nome.
Como está o mercado a receber este novo empreendimento?
Acho que estamos num momento estranho. Acabámos os andares-modelo no final de janeiro, ainda vendemos alguns antes de março, mas depois só em agosto e setembro é que voltámos a vender. Neste momento, existe muita incerteza. Acredito que venderei todos os apartamentos, mas não sei se venderei vários em 15 dias ou se terei de esperar muito tempo para vender mais algum.
Como caracterizaria os clientes que o procuram?
No empreendimento de Alcochete, construído anteriormente, tenho 30% de estrangeiros e os restantes são clientes nacionais. Nos edifícios Ria Gallega, falamos, até ao momento, de metade portugueses e metade estrangeiros. O nosso mercado sempre passou muito pelo cliente de Lisboa, que queria comprar um imóvel, tendo em atenção a relação qualidade/preço. A Margem Sul representa uma boa alternativa às opções disponíveis na capital, sobretudo devido ao preço praticado em Lisboa. Entretanto, os estrangeiros descobriram Lisboa e estão, aos poucos, a descobrir a Margem Sul.
É verdade que o mercado da construção se manteve relativamente inalterado relativamente à questão pandémica?
Creio que se desvaloriza muito a construção. Diz-se que não devíamos estar dependentes da construção, mas a construção é a base para a economia de todos os países. Se a construção parar, tudo pára. Aqui, a construção conseguiu não ficar afetada com a pandemia porque, para nós, estar quase seis meses sem vender é algo natural. Não vendemos um produto diário. Além disso, o ano passado vendeu-se muito e no início do ano também. Acredito que o cliente estrangeiro irá continuar a vir para Portugal e por isso estou convencido de que a construção será um dos pilares que irá aguentar a economia.