De alguns anos a esta parte que me dedico a estudar o tema do presentismo financeiro e
qual o impacto que o mesmo tem na produtividade dos colaboradores e das empresas.
O “Presentismo: a arte de estar fisicamente presente mas mentalmente ausente ”é um fenómeno a que os recursos humanos devem prestar atenção e encontrar meios para apoiar os funcionários com problemas de “saúde” financeira (endividamento), seja por meio de medidas preventivas (formação), seja de resolução dos problemas (aconselhamento
financeiro / consultoria). Ambas podem ser posicionadas dentro da proposta de valor do
funcionário.
Quando os colaboradores estão financeiramente “doentes” a sua saúde e desempenho no trabalho sofrem com isso e a produtividade também. É impossível um colaborador trabalhar concentrado e focado se passar o dia a pensar como é que vai cumprir com o pagamento dos seus créditos ou se as entidades credoras lhe enviarem sms, mails ou contactarem por telefone várias vezes dia.
Segundo o Banco de Portugal (fev 2022) o endividamento dos particulares “subiu 4.800 milhões de euros e resultou no incremento do endividamento em relação ao sector financeiro”. Em termos percentuais, equivale a um aumento de 3,6% entre o final de 2020
e o final de 2021, mais 1,1 pontos percentuais do que entre 2019 e 2020.
Se tivermos em conta que 70% dos endividados são consumidores com idades superiores aos 40 anos e que 63% trabalha, percebemos que o fenómeno do endividamento está na população ativa, isto é, nos colaboradores das nossas organizações.
Para “ajudar” a este cenário, Portugal aparece classificado em diversos indicadores como um dos piores países com conhecimentos de Literacia Financeira e perspetiva-se um aumento das taxas de juro, logo um aumento nas prestações de grande parte dos empréstimos dos nossos colaboradores.
Em fevereiro deste ano, a ASF (Autoridade de Seguros e Fundos de Pensões) lançou às empresas uma série de recomendações no âmbito da Literacia Financeira das quais destaco as principais: “as empresas devem ensinar hábitos de poupança aos trabalhadores” e
“devem envolver-se no esforço de promoção e desenvolvimento da resiliência financeira das
famílias.”
Segundo este órgão supervisor é importante “alargar as atividades de formação financeira no local de trabalho, o que implicará o envolvimento e compromisso de entidades patronais, que ao apostar nesta capacitação, estarão também a promover o bem-estar dos seus trabalhadores.”
E como é que as empresas podem ajudar os seus colaboradores a serem financeiramente felizes? No ensino da Literacia Financeira está definido que 12 horas é o que cada indivíduo necessita para aprender os princípios base para gerir de forma saudável o seu dinheiro. Se as empresas apostarem nesta orientação e a combinarem com a obrigatoriedade de assegurar
o direito individual à formação, prevista no artigo 131.º do Código do Trabalho, contratando formadores e empresas, devidamente certificadas e habilitadas, para este tema vão ao encontro do que o mesmo artigo refere, “as empresas estão obrigadas a: desenvolver e qualificar o trabalhador, com o objetivo de melhorar a sua empregabilidade e aumentar a
produtividade e competitividade da empresa”.
Na DSolutions Consulting Group desenvolvemos formação em Literacia Financeira e somos uma entidade formadora certificada pelo que todas as horas de formação que sejam despendidas com esta tema são devidamente registadas e consideradas no plano anual de formação das empresas.
Como formadora certificada em Literacia Financeira para empresas e com mais de 10 anos de experiência a transmitir conhecimentos nesta temática a diferentes grupos da população acredito que este é o caminho a ser seguido dentro e fora das empresas porque “com o dinheiro podemos comprar muitas coisas, mas não o essencial para nós. Proporciona-nos comida, mas não apetite; remédios, mas não saúde; dias alegres, mas não a felicidade.” Henrik Johan Ibsen