Identidade feminina na joalharia portuguesa

Aliar a atualidade à identidade da marca é um dos principais focos da Franco Vieira. Pamela Vieira, sócia-gerente da joalharia, garante que a empresa já é um sucesso de Norte a Sul do país e que a próxima aposta é a internacionalização.

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Quais os desafios de fazer joalharia em Portugal?

Temos de ser, realmente, muito bons no que fazemos, diferentes dos outros para conseguir vingar. Do universo dos nossos colegas, ninguém tem as peças que nós temos. Para mim, uma marca é alguém que cria e desenvolve o seu próprio produto. Um dos desafios é esse: que o consumidor perceba e valorize o nosso trabalho cá dentro, feito de princípio ao fim por nós, pelos nossos artesãos joalheiros, que são uma mão de obra muito apreciada e reconhecida em todo o mundo. Outro desafio é a subida do ouro. As nossas peças têm uma grande componente em ouro, o que exige uma atenção redobrada na sua produção, para que o preço seja competitivo.

O mercado da joalharia tende a vingar facilmente no estrangeiro?

O nosso trabalho é criar peças com identidade e sentimento, de modo a que as pessoas as reconheçam. Nós estamos representados de Norte a Sul do país, sempre nas melhores ourivesarias. Sempre que temos contacto com algum estrangeiro, eles realmente enlouquecem com as peças, por isso, a internacionalização será um passo mesmo muito importante.

A durabilidade das coleções é também um desafio?

Com certeza. Até há uns anos, era mais confortável este mercado, porque as coleções duravam imensos anos. Não havia a necessidade de estarmos sempre a criar modelos novos a este ritmo alucinante. Era tudo vivido com mais calma e agora vivemos num mundo completamente diferente. A criação de uma peça exige muito tempo, muito investimento e, por vezes, quase se esgota num ano.

Alguma vez sentiu dificuldades por ser mulher a ocupar um cargo de liderança?

Não, pelo contrário. Eu sinto que tenho vantagem na criação das peças, precisamente por ser mulher. As mulheres conseguem captar a essência umas das outras e aquilo que uma alma feminina anseia numa jóia. Nada melhor que uma mulher para compreender outra.

Que características femininas se podem destacar na liderança empresarial?

Muita determinação, muita racionalidade e muita auto-estima. Nós não somos inferiores aos homens, pelo contrário. É isso que nos distingue dos homens. Enquanto eles, se calhar, têm a capacidade de só se focar muito naquela tarefa, nós estamos a fazer várias tarefas ao mesmo tempo e estamos atentas ao mundo que nos rodeia. Acho que, nas mulheres, o mais importante é a determinação e o não ter medo de avançar.

As marcas portuguesas são mais reconhecidas internacionalmente?

Eu acho que as marcas portuguesas são reconhecidas internacionalmente, tanto neste tipo de mercado, como noutro mercado qualquer. Nós, portugueses, temos uma coisa excecional: quando fazemos uma coisa procuramos distinguir-nos dos outros. O sucesso lá fora é ver aquela alma lusitana espelhada nos produtos de cada empresa.

Alia