
A sexta edição do Inquérito sobre o Clima (2023-2024) concluiu que os portugueses ocupam a quarta posição entre os 27 países da União Europeia no que toca a conhecimento sobre as causas e as consequências das alterações climáticas. Obtendo um valor de 6,90 em 10 pontos possíveis, este é um resultado que coloca a população nacional muito acima da média europeia.
A luta contra as alterações climáticas exige uma ação coletiva dos governos, das instituições, das empresas e das pessoas. Uma boa compreensão do desafio climático é essencial para que as pessoas façam escolhas informadas. Para avaliar a compreensão deste fenómeno pela população portuguesa, a sexta edição do Inquérito do BEI sobre o Clima centra-se no conhecimento que as pessoas têm sobre as alterações climáticas, em três vertentes principais: definições e causas, consequências e soluções. Os participantes responderam a 12 perguntas e foram classificados numa escala de 0 a 10, em que 10 indicava o nível de conhecimento mais elevado. Com mais de 30 mil inquiridos em 35 países, incluindo os Estados-Membros da UE, o Reino Unido, os Estados Unidos, a China, o Japão, a Índia e o Canadá, o Inquérito do BEI sobre o Clima fornece informações valiosas sobre a compreensão global das alterações climáticas.
De acordo com o inquérito do BEI, Portugal ocupa a quarta posição na UE-27 (pontuação de 6,90/10), o que coloca o país bastante acima da média da UE.
Apesar de compreenderem bem as causas e as consequências das alterações climáticas, os portugueses têm um menor conhecimento sobre as soluções. Esta conclusão está em consonância com os resultados obtidos em toda a Europa. Uma grande parte dos inquiridos portugueses não sabia que a redução dos limites de velocidade nas estradas (79 %) ou um melhor isolamento dos edifícios (63 %) podem ajudar a combater as alterações climáticas. No entanto, o conhecimento dos inquiridos portugueses sobre a definição e as causas das alterações climáticas é superior à média da UE (7,62/10 contra 7,21).
Quando questionados sobre as consequências das alterações climáticas, os portugueses obtiveram uma pontuação de 8,67/10, bastante acima da média europeia de 7,65/10. Noventa e três por cento (93 %) dos inquiridos sabem que as alterações climáticas têm um impacto negativo na saúde humana (por exemplo, podem causar um aumento dos poluentes atmosféricos, como o ozono troposférico e as partículas em suspensão). Noventa e um por cento (91 %) dos inquiridos também mencionaram corretamente que as alterações climáticas estão a agravar a fome no mundo, pois as condições meteorológicas extremas afetam o rendimento das culturas. A subida do nível do mar é reconhecida por 85 % dos inquiridos portugueses. Apenas 6 % acreditam que está a diminuir e 9 % afirmam que as alterações climáticas não têm um impacto específico no nível do mar. Mais de três quartos (79 %) dos inquiridos consideram que as alterações climáticas contribuem para a migração global devido a deslocações forçadas.
No que respeita às soluções para as alterações climáticas, os inquiridos portugueses (pontuação de 4,40/10 face a 4,25 de média da UE) revelam um menor conhecimento do que o demonstrado nas outras duas vertentes (causas e consequências), o que está em consonância com uma tendência europeia mais ampla, em que a maioria dos países obtém classificações baixas neste aspeto. Os resultados do inquérito revelam que 82 % dos inquiridos (10 pontos acima da média da UE) sabem que a utilização de produtos passíveis de reciclagem pode ajudar a atenuar as alterações climáticas. Setenta e sete por cento (77 %) mencionam corretamente que a utilização de transportes públicos em vez de automóveis particulares está no caminho certo. Apenas uma minoria (37 %) considera que um melhor isolamento dos edifícios ou a compra menos frequente de roupa nova (37 %) também podem ajudar. Alguns inquiridos (21 %) estão cientes de que a redução dos limites de velocidade nas estradas pode ajudar a atenuar as alterações climáticas. A maioria dos inquiridos portugueses não tem conhecimento da existência de emissões significativas de CO2 relacionadas com a utilização das tecnologias digitais, sendo que apenas 3 % sabem que ver menos vídeos em linha pode contribuir para fazer face à emergência das alterações climáticas. A maioria dos inquiridos portugueses (57 %) definiu corretamente a pegada de carbono individual como «a quantidade total de emissões de gases com efeito de estufa produzidas por uma pessoa num ano».