Há cerca de nove meses eu, o Pedro e o Vasco decidimos sair da melhor agência de publicidade para criar a nossa agência: a JUDAS.
Abandonar uma carreira recheada de grandes clientes, grandes pitchs e grandes vidas, para montar um negócio da estaca zero, começar de baixo, ir à luta.
Há cerca de nove meses esta era uma decisão com um risco calculado. Íamos começar nos primeiros meses do ano, devagar mas seguros.
No momento que íamos começar o país confinou, e o nosso projecto confinou com ele. Mas em vez de recuarmos tivemos a sorte de acreditar ainda mais na nossa proposta. Trabalhamos ainda mais no nosso modelo, pensamos ainda melhor no que poderíamos oferecer de novo. E encontramos um propósito inspirador: trazer mais rock à publicidade.
Para cumprir essa missão criamos algumas regras que em conjunto tornam a nossa agência especial mas que acima de tudo preparam o negócio para os tempos que se avizinham.
Jogar em equipa
A crise limitou a nossa capacidade de contratação e por isso decidimos trabalhar em equipa, com outras equipas. Com o que até há algum tempo eram consideradas empresas concorrentes. Empresas que até podem ter valências semelhantes mas que em projectos específicos se tornam complementares. Empresas de design, empresas de social media, empresas de media, empresas de eventos e freelancers. Equipas que estão disponíveis para trabalhar numa lógica de partilha. Que estão preocupadas apenas com uma coisa: criar trabalho excepcional. E o que começou por necessidade está cada vez mais a transformar-se numa escolha, porque trabalhar em equipa torna-nos mais abertos, mais fortes e mais ágeis. Faz da Judas, uma agência mais rápida e mais leve que responde melhor aos desafios e que não pesa tanto nos budgets dos clientes.
Mente aberta
Lemos um artigo muito interessante que dizia que a criatividade que foi há muito dividida pelo mundo das agências numa visão binária das disciplinas de arte e copy, é hoje em dia uma mistura de tecnologia, timing, estratégia, risco calculado e responsabilidade social – tudo isto unido por um craft cada vez mais meticuloso.
A publicidade tornou-se uma interligação de sistemas com base digital mais ou menos complexos, alimentados por ideias. E existe um vasto portfólio de ferramentas e disciplinas que estão ao dispor de quem as saiba usar. As agências tradicionais estão por natureza focadas no que estão habituadas a fazer e sem muita disponibilidade para abraçar novas áreas.
Ao nascer num mundo em mudança sabíamos que teríamos de começar sem preconceitos, abraçando esta diversidade de disciplinas. Por isso, em vez de nos focarmos no advertising clássico, a crise estimulou-nos a diversificar o portfólio, trabalhar novas áreas e manter a mente aberta para um novo mundo onde as disciplinas se cruzam e interagem para criar grandes sistemas de comunicação.
Promover a felicidade
Apesar de ser um mundo criativo (ou talvez por isso), as agências são muitas vezes focos de conversas de bastidores, intrigas e ambientes conspirativos. As muitas horas que se passam em conjunto alimentam muitas conversas mas constroem pouca cultura de empresa. Sabíamos que se havia uma coisa que queríamos fazer diferente era criar uma agência para uma nova geração, para os novos talentos, que não vivem para o trabalhar 60 horas por semana, que gostam de competir mas num ambiente mais saudável. Que gostam de trabalhar mas sabem que há mais vida para além disso. E a crise veio reforçar a necessidade de construir uma agência que pudesse combater o clima negativo que se vivia. Para isso tínhamos de criar um modelo com relações de trabalho claras, transparentes e construtivas. Onde a formação de talento é prioritária. Criar um clima onde o diálogo aberto e honesto é privilegiado. Criar uma agência que promove a felicidade interna e externa, com os clientes que trabalham todos os dias connosco.
Já tínhamos algumas destas ideias mas com a crise tornaram-se mais presentes e agora com o nascimento tornaram-se pilares da Judas. Ideias que se ligam entre elas com o espírito rock and roll que a Judas prometeu trazer ao mercado.
A crise obrigou-nos a mudar mesmo antes de nascer, e assim preparamo-nos para um mundo em mudança.