Apesar de vivermos numa sociedade que aposta na igualdade entre homens e mulheres e incentiva a participação feminina na vida ativa, a verdade é que o papel das mulheres ainda não e desempenhado em total equidade em relação aos homens, em muitos sectores. A área jurídica não é exceção, embora o numero de mulheres a exercer hoje em dia seja bastante mais elevado que no século anterior.
No meu percurso, a Advocacia sempre foi uma questão de gosto e admiração desde pequena, foi inclusive uma escolha sem espaço para resistência, mas alguma interferência familiar, que a minha mãe me tentou impingir a preferência pela área da saúde.
Entre os vários motivos que posso elencar e gostos nesta profissão são sem dúvida a empatia e a dedicação pela causa – estes, de tal forma, tão profundos que se torna difícil desvincular da parte advogada…
Além do gosto pela comunicação, tenho a certeza que o que mais me guia são as boas práticas e a defesa dos direitos, liberdades e garantias, o que me mantém consistente no empenho pela atividade jurídica, em todos os casos – às vezes, dentro e fora da profissão.
Atualmente, somo às várias áreas de interesse na Advocacia, a consultoria em temas sobretudo laborais, do emprego púbico e negociação coletiva de IRCT´s, a igualdade de género, responsabilidade social e a conciliação familiar junto de empresas.
Mesmo que a Justiça esteja longe de ser uma realidade ideal, a recetividade e progressismo da área desencadeiam uma evolução a nível legislativo, que dá muito animo na continuação desta profissão
A experiência trouxe-me pontualmente, alguma clareza, sobretudo na temática da conciliação da vida profissional e pessoal e, ainda, igualdade entre géneros.
O direito à proteção da parentalidade, à conciliação da vida profissional com a vida privada e à proibição de qualquer ato discriminatório que ponha em causa qualquer direito referente à parentalidade e conciliação com a vida privada são exemplos que a acredito constituírem um importante marco legislativo no progresso entre homens e mulheres no mundo do trabalho, uma vez que este como o entendo já não é dominado por aqueles.
Estas vitórias não deixam de ser, contudo, fruto de uma batalha constante, nossa enquanto mulheres e profissionais da área.
As mulheres e também os homens viram os seus direitos consagrados, em várias áreas do Direito, o que inclui o trabalho e dentro deste a maternidade. Aliás, muitos dos direitos atribuídos anteriormente a mulheres começam a ser também atribuídos aos homens, nomeadamente ao nível da proteção da parentalidade, da conciliação da vida profissional com a vida privada e na proibição de discriminação por motivo de gozo de qualquer direito previsto para a parentalidade e para a conciliação da vida privada.
A Advocacia é muito mais do que aquilo que uma pessoa comum possa imaginar. Não é, certamente, um trabalho “fácil” mas é muito gratificante, através dela, ajudar as pessoas.
Mais do que a ida ao tribunal, o estudo e a dedicação por parte dos advogados são imprescindíveis porque o foco e a estruturação da defesa nem sempre são iguais ou semelhantes.
Paralelamente, as leis são mutáveis e o acompanhamento destas alterações legislativas podem definir o resultado, a ida aos tribunais só acontece à posteriori do tempo de estudo e preparação, hoje, mais do que nunca, é necessário que o advogado, o seu colega, se valorize e que não se deixe afetar pela ideia de que a advocacia é uma profissão insignificante e merecedora do desapreço porque é indispensável à boa administração da Justiça.
A este desafio é somada a grande dependência do profissional na construção da reputação, o que a princípio, pode ser um bom processo, e diferenciar um bom profissional com bons resultados, de um profissional medíocre, mas também distinguir profissionais de forma desigual – um profissional com vários anos de experiência de um profissional mais novo.
Assim, a melhor prática é a integridade baseada em obrigações profissionais como a honestidade, a probidade, a retidão, a lealdade, a cortesia e a sinceridade, restringindo qualquer papel de profissional aos seus valores, princípios e regras profissionais e deontológicas.
Ser-se advogada e ser-se um excelente profissional com a sabedoria e o respeito mútuo, seja para com os colegas, funcionários de instituições públicas e privadas e todos aqueles que se ligam por qualquer forma à Justiça, seja para com os clientes, de forma a cumprir as obrigações deontológicas e profissionais.
Foram sempre estes os valores que o meu pai (António Carapuça) e o meu patrono (de sempre e para sempre Dr. Nuno Cerejeira Namora) me incutiram e tento sempre fazer por respeitar os seus ensinamentos da melhor forma.
A mulher pode ser uma líder de sucesso no campo pessoal e profissional quando se conhece a si própria, se respeita e segue o próprio instinto. Somos seres únicos e possuímos individualidade, e como tal, devemos, em todos os momentos, respeitar as nossas virtudes, nossos princípios e valores.