O que a levou a seguir o caminho da Medicina Dentária?
No 12.º ano, não sabia bem que percurso seguir. Sempre tive afinidade com Artes e considerei Arquitetura, mas os meus pais não apoiaram. Com boas notas, tentei Medicina, com Medicina Dentária como segunda opção. Como muitos, entrei na segunda opção. Hoje, adoro esta área, que tem uma vertente artística que me cativa imenso.
Posso canalizar a estética e a criação não apenas no sentido visual, mas também no impacto que tem na qualidade de vida das pessoas. Restaurar sorrisos e devolver confiança é uma forma de arte com um propósito humano e transformador.
Quando decidiu avançar para a criação da sua clínica?
Sou de Vila Nova de Famalicão e a primeira médica dentista na família. Após o curso, mudei-me para o Algarve, onde a entrada no mercado de trabalho era mais acessível para profissionais em início de carreira como eu. O Algarve tinha uma procura significativa por profissionais, o que me levou a arriscar. Depois de 10 anos a trabalhar na área, decidi criar a minha própria clínica. Sentia-me limitada pela rotina e percebi que, embora exigente, fazia sentido investir num espaço onde pudesse implementar a minha visão e proporcionar aos meus pacientes uma experiência genuinamente alinhada com os meus valores e ideias.
A Alma Dental distingue-se pelo ambiente, inspirado na música, uma paixão pessoal. Quis quebrar a sensação hospitalar comum nos consultórios dentários. O espaço foi pensado para promover conforto e bem-estar com tons suaves, aromas agradáveis e, claro, música de qualidade, criando um ambiente relaxante. Quero que os pacientes
se sintam acolhidos e tranquilos, inspirando confiança desde o momento em que entram. Apesar dos desafios da gestão, a experiência tem sido enriquecedora.
Como tem sido lidar com o lado de gestora?
Nunca tive formação nesta área. Durante os cinco anos de curso, o foco esteve totalmente no desenvolvimento
de competências técnicas, sem qualquer abordagem à liderança, gestão ou soft skills, que considero essenciais para lidar com equipas e pacientes. Afinal, gerir uma clínica é, acima de tudo, gerir um negócio de pessoas para pessoas. Uma das maiores dificuldades foi entender os passos para abrir a clínica. A falta de um guia estruturado
complicou o processo, muitas vezes exigindo consultoria externa, o que por sua vez torna este processo também mais dispendioso. A área contabilística também foi desafiante, mas, com o apoio do meu contabilista, tenho
aprendido, ganhando confiança e autonomia.
Que mensagem deixa a quem pretende iniciar um negócio?
Vale sempre a pena avançar com um negócio, desde que acrescente valor. O lucro é importante, mas na Saúde, a componente humana deve estar no centro. Nunca nos sentimos completamente preparados, mas é essencial arriscar e dar tempo ao tempo: aprender bem a profissão, conhecer o que queremos e não queremos fazer, e aceitar que o autoconhecimento é fundamental. Além disso, o que resulta para nós pode não servir para os outros. É crucial estar atento às necessidades da equipa e dos pacientes. Um bom ambiente de trabalho e uma experiência positiva são essenciais para o sucesso e um impacto significativo na vida das pessoas.