O sistema fiscal português é burocrático, confuso e muito cheio de regras e formulários. Que vantagens teriam as empresas – e, por acréscimo, os contabilistas – se o regime fiscal nacional fosse simplificado?
O nosso sistema fiscal atual exige uma série de declarações e prestação de informações por parte dos empresários/contabilistas muitas vezes duplicado. A carga burocrática seria facilmente reduzida com o potenciar
da comunicação entre as várias entidades públicas e a sua interligação de dados, sem a necessidade de mudanças estruturais. Com recurso à inteligência artificial, já conseguimos agilizar alguns processos. No entanto,
é importante ver o mesmo esforço e investimento por parte das instituições públicas a quem reportamos.
Atualmente, as empresas debatem-se com questões como a transição digital e ecológica, a sustentabilidade dos seus serviços e os desafios que a inovação coloca. No entanto, existem apoios e incentivos fiscais para ajudar as empresas que precisam de auxílio para conseguir evoluir.
Qual o papel do Grupo DNA, nesses casos?
Temos diversos clientes para os quais a adaptação à inovação tecnológica é um grande desafio. Por detrás dos negócios, há pessoas que sempre desenvolveram as suas tarefas de forma manual e muito pouco informatizada, o que torna o processo de adaptação em algo quase “doloroso”. O Grupo DNA presta apoio ao cliente nas áreas de controlo de gestão e administrativo, como complemento aos serviços de contabilidade. Dispomos também de uma equipa de consultores específica para a área de “projetos” a que os nossos clientes se podem candidatar.
Que impacto pode ter, para as empresas, conseguir obter notas positivas nos seus critérios de gestão ESG? Que diferença isso pode fazer no relacionamento dessas empresas com outros clientes?
Faz toda a diferença. Existem muitas empresas no mercado português que já escolhem os seus parceiros com base em medidas que os outros praticam. Recentemente recebemos um feedback de um parceiro nosso que se recusa a trabalhar com um cliente porque a empresa não tem política de sustentabilidade. Quando ouvimos isto pela primeira vez ficamos admirados, porque muito se fala na sustentabilidade, nas políticas ambientais e etc, mas no dia a dia não nos confrontamos com atitudes “palpáveis” que demonstrem esta preocupação. E finalmente perceber que estamos a avançar neste caminho foi uma surpresa bastante agradável.
A Confederação da Indústria Portuguesa, na sua proposta do Pacto Social, tinha sugerido a diminuição da taxa nominal de IRC, para a generalidade das empresas, de 21 para 17%. Que impacto isso teria na economia nacional?
Dado que o tecido empresarial português é constituído por muitas micro e pequenas empresas, essa redução iria ter um impacto positivo direto. Existir um teto máximo de IRC, igual quer para um resultado líquido de 100 mil euros, ou para um milhão de euros, seria uma diferença enorme no resultado final. Seria, a meu ver, uma alteração bastante positiva para beneficiar as PME já existentes, e para incentivar a criação de novos negócios.
Quais são os principais desafios que as empresas portuguesas enfrentam em 2024? O que podem fazer, internamente, para estarem preparadas para um ano mais difícil?
A maioria dos nossos clientes já sentiu algum abrandamento dos seus negócios, no decorrer de 2023. As alterações das taxas de juro estrangularam muito as famílias e a instabilidade política que vivemos não ajuda a prever um excelente 2024. A maior recomendação para todos os nossos clientes é que criem o seu próprio fundo de emergência. Foi um dos principais fatores que as empresas não tiveram em consideração aquando da sua criação e, com a pandemia vivida nos últimos anos, levou muitas empresas à falência técnica imediata.