Como apresentaria Proença-a-Nova a quem não a conhece?
Proença-a-Nova é uma região com um território 80% ocupado por floresta que, desde há dois séculos, se tornou uma das nossas principais valências – económicas e ambientais. Além desta característica, somos também um concelho com História – desenvolvemos um campo arqueológico há cerca de nove anos, cinco dos quais com investigadores internacionais e que estuda, entre outro património, os monumentos megalíticos encontrados nesta região e objetos em pedra e cerâmica que foram sendo descobertos, o que prova que este território é antigo e habitado por sociedades organizadas desde há muito tempo. Outro dos nossos grandes projetos é o Centro Ciência Viva da Floresta, que comemorou 13 anos de funcionamento e já recebeu cerca de 174 mil visitantes. Este ano, assinalamos o “Ano Municipal das Aromáticas e Medicinais” com um conjunto de atividades diversificadas e estamos a desenvolver a Rota das Aromáticas, que será construída ao longo dos próximos anos, e temos ainda em curso, baseado no Projeto-Escola Bioaromas, o Laboratório de Integração e Inovação Social – desenvolvido em parceria com o Agrupamento de Escolas de Proença-a-Nova, com o Centro Ciência Viva da Floresta e a Congregação dos Missionários do Preciosíssimo Sangue, com a finalidade de inclusão social para jovens adultos com necessidades especiais.
Este território é atrativo para empresas que aqui se queiram instalar?
A luta contínua dos autarcas dos territórios de baixa densidade passa por combater a extinção lenta destes territórios. Temos três polos industriais: a Zona Industrial de Proença-aNova; o Parque Empresarial de Proença-aNova, que vai entrar agora na sua segunda fase de expansão; o Polígono Industrial de Sobreira Formosa; e temos o projeto de criação da Área de Acolhimento Empresarial de Vale Porco que servirá para uma nova oferta com a vertente de coworking. Além disso, trabalhamos também em conjunto com as Universidades, Politécnicos e as empresas, de forma a permitir aos alunos estagiarem nas empresas.
Como avalia o programa +CO3SO Emprego, lançado recentemente pelo Governo, para ajudar a trazer população ativa e criar empregos para o interior do país?
O programa é interessante e arrojado, do ponto de vista daquilo que é um programa de empregabilidade, uma vez que assume 100% do seu financiamento, o que significa que existe uma ajuda muito importante relativamente às empresas. É uma resposta muito acertada que o Governo encontrou para a condição de precisarmos de uma resposta rápida para um problema que se vai adensar. Já reconhece dificuldades nas atividades económicas da região? O impacto da Covid-19 ainda é ténue e acredito que, em territórios como os nossos, esse impacto será mais longínquo. Até agora, tenho a indicação de 10 empregos que se perderam com a pandemia. A restauração e a hotelaria foram os primeiros a reportar dificuldades, porque estiveram fechados. Estamos a estudar medidas adicionais para ajudar a prevenir o impacto desta retração e da própria desconfiança por parte dos consumidores.
A COVID-19 NO MUNDO URBANO
Que ações de prevenção e ajuda promoveu a autarquia, junto da população?
Assim que se registaram os primeiros casos em Portugal, aprovámos o nosso Plano de Contingência Municipal e fomos adequando as medidas assim que íamos tendo informação. Fizemos testes de despistagem aos profissionais de saúde, aos trabalhadores das IPSS, aos bombeiros, à GNR, aos trabalhadores municipais da recolha de resíduos…no fundo, a todos aqueles que tinham de continuar a trabalhar na linha da frente. Criámos uma rede de solidariedade entre as Juntas de Freguesia e a Ação Social do município, para distribuir bens de primeira necessidade e a medicação às pessoas que não deviam sair de casa por pertencerem ao grupo de risco, para além do alargamento do prazo para pagamento das faturas até 30 de junho, sem cobrança de juros de mora para todos os consumidores de água. Em relação às empresas que estiveram fechadas, ajudámos a tesouraria, eliminando a taxa de água, saneamento e resíduos, a taxa municipal de ocupação do espaço, isenção do pagamento de renda nos estabelecimentos concessionados pelo Município, assim como os vendedores dos mercados e feiras. Para a autarquia, representa uma perda de receita que ronda os 240 mil euros, mas traduziu- se em apoios às famílias e às empresas. Os alunos não foram esquecidos. Disponibilizámos equipamentos para todos poderem assistir às aulas e tentámos minorar os problemas de rede, que ainda se verificam nessa zona. No caso específico dos transportes escolares, foi criada uma rede de transporte escolar especial, assegurada pelas viaturas da Câmara Municipal e por uma empresa de transporte contratada.
A dificuldade de rede é um dos problemas a resolver em conjunto com o poder central?
A dificuldade em conseguir cobertura de banda larga em algumas zonas da região ainda não está resolvida, e esta é uma prioridade de investimento ao nível do poder central que estes territórios exigem. É fundamental termos uma boa cobertura, pois isso, por si só, representa um fator positivo de atratividade, quer para empresas, quer para pessoas que trabalham à distância utilizando a Internet. Hoje, as vias são de telecomunicações e temos de ter a capacidade de comunicar em qualquer ponto.
TURISMO E SUSTENTABILIDADE
Proença-a-Nova venceu o prémio “Autarquia do Ano” relativo à Consciencialização Ambiental. A que se deve este prémio?
Tendo em consideração os incêndios de 2017 e querendo dar uma resposta decisiva às populações face ao ordenamento da floresta, criámos programas para alertar a população para a importância da floresta e da sua limpeza. Em 2018, criámos o Ano Municipal da Floresta e desenhámos e efetuámos mais de 50 ações de sensibilização, em conjunto com os Bombeiros, a Proteção Civil e a GNR, para consciencializar as pessoas para cuidar da floresta . Para levar as pessoas a interessarem-se pelo território e a cuidar dele, criámos o programa de Reconversão de Áreas Florestais em Áreas Agrícolas, que oferece a mobilização dos terrenos e as árvores de fruto aos proprietários dos terrenos localizados dentro dos 100 metros do perímetro de proteção das aldeias, contribuindo para a segurança dos aglomerados populacionais. Realizámos também muitas iniciativas viradas para os mais pequenos para que certos hábitos se enraízem desde cedo, pois a transformação que operamos na sociedade faz- se através da educação. Este projeto foi um sucesso e as ações de sensibilização continuam até hoje.
Que condições existem, relativamente a infraestruturas e oferta turística, para atrair pessoas a visitar Proença-a-Nova?
Temos várias praias fluviais, incluindo a praia de Aldeia Ruiva, a primeira praia da Zona Centro, que agora está em obras de requalificação. Mas há outras: Malhadal, Alvito da Beira, Fróia e a Cerejeira, oferta complementada pelas piscinas públicas e zonas de lazer de São Pedro do Esteval e da Pedra do Altar e, este ano, abrimos também a piscina municipal para utilização livre durante a época balnear, devido às obras que estão a decorrer na Aldeia Ruiva.
Associados às praias fluviais temos os percursos pedestres e os de BTT, bem como os trilhos de praia e a Grande Rota da Cortiçada, que passa pela grande maioria dos alojamentos locais que hoje temos no território. Além disso, há o património natural, histórico e arqueológico, o Roteiro das Artes, desenvolvido em conjunto com a Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa e ainda a gastronomia, onde se destaca a tigelada de Proença-a-Nova, o queijo cabreiro, o maranho, o afogado da boda, o bolo finto, o plangaio, um enchido curado feito com a massa da farinheira e os ossos do espinhaço de porco, e as sopas de peixe do rio ou o peixe do rio frito, pescado nos muitos cursos de água que existem no concelho.
Temos turismo para todo o ano e para todos os gostos. Para quem nunca visitou a região, nada melhor do que v ir conhecer. Esperamos por todos, naquele que é o sítio certo para viver, investir e visitar.
