É Contabilista Certificada e tem uma empresa à qual empresta o nome. O que a levou a abrir um negócio próprio? Ter um negócio à sua imagem é um desafio maior?
É, é um acréscimo de responsabilidade. Comecei a trabalhar em Contabilidade com 17 anos, num gabinete que iria iniciar atividade. Foi lá que estagiei, dei estágios, inclusivamente a antigos colegas meus de secundário. Os sócios da empresa acabaram por confiar em mim, fizemos mesmo uma sociedade, que me levou a abrir um
escritório na minha zona residencial. Mais tarde separámos a empresa, porque cada um já tinha o seu polo de atividade e a sua carteira de clientes, mas continuámos a trabalhar juntos. Na altura, abri a empresa como unipessoal e apostei em dar o meu nome, pois sempre quis ter uma empresa à minha imagem. Queria estar próxima das pessoas, dar o maior apoio possível, porque isso é o que me define, enquanto pessoa e como profissional. Tem um peso acrescido de responsabilidade mas também exige de mim uma maior dedicação para
o honrar.
Como se define, enquanto líder?
Como líder, sou muito exigente. Estou sempre presente na minha empresa, creio que nasci com o bichinho da liderança. Nunca me imaginei a fazer outra coisa. Enquanto gestora do negócio, nem sempre é assim, por vezes falo mais com o coração e menos com a cabeça. É um caminho que ainda estou a percorrer. Vejo a minha equipa
como uma família, tento que não haja grandes hierarquias, cada um tem o seu valor, eu estou sempre ali para ajudar e tenho o poder de conseguir transmitir a mensagem e unir o grupo. No entanto, isso implica muito esforço da minha parte, gosto de verificar e analisar tudo quanto possível. Nos dias que correm motivar pessoas e retê-las não é fácil.
Como é possível conciliar a vida pessoal com a profissional, considerando que esta é uma área de atividade extremamente exigente?
É muito complicado, mas tenho conseguido. Construir uma empresa não é fácil, e vê-la crescer sem tempo para amadurecer, não foi fácil. No entanto, sempre consegui estar a 100% em todo o lado, mas isso exige um esforço extra. A nossa vida pessoal é que fica de parte…queremos ter todos à nossa volta bem, queremos ser boas
mães, boas profissionais, boas donas de casa e depois não sobra tempo para nós.
Quais os desafios que vivencia enquanto líder de um negócio? É mais desafiante, ainda, gerir um negócio sendo mulher?
Eu nunca senti discriminação por ser mulher, mas considero que as mulheres têm sempre de se esforçar mais para obter o mesmo reconhecimento que é dado a um homem. Trabalho diariamente com homens e sempre me
fiz ouvir, tenho a felicidade de eles me respeitarem.
Parece-lhe que o próprio mercado laboral tem vindo a mudar, favoravelmente à mulher?
Acredito que houve evolução. As mulheres cada vez mais estão a assumir uma posição de liderança, a avançar, sem receios, nos seus negócios, nas suas ideias…elas próprias fazem-se respeitar nos cargos de liderança. Nós somos o sexo forte. Um mundo liderado por mulheres tem tudo para dar certo.
Que mensagem deixaria a quem está agora a começar a sua carreira e pode, eventualmente, querer começar um negócio?
Quem está agora a começar tem que pensar no que quer fazer, seja em que área for, e fazer bem. Depois, não pode ter receio, tem de avançar, porque os desafios só começam após o início da atividade. Deve ser leal para com os pares e ponderado enquanto empresário. No entanto, parece-me importante também que qualquer
pessoa faça uma formação, antes de começar um negócio, para tomar conhecimento de noções básicas de gestão empresarial e sistema tributário. E claro, aconselhe-se com um Contabilista Certificado.