O que a levou a tornar-se médica dentista? Como foi o seu percurso académico até ao momento em que decidiu abrir uma clínica em nome próprio?
O que me fez optar por Medicina Dentária foi o facto de ter observado constantemente a ausência de peças dentárias em pessoas conhecidas, entendi a importância de ter uma boa saúde oral e as consequências de não a ter levaram-me a ter um percurso académico com a meta de entrar no curso de Medicina Dentária. Comecei a trabalhar como médica dentista em 2008, após terminar o meu mestrado integrado em Medicina Dentária, no Instituto Universitário Egas Moniz. Entre 2014 e 2017, fui colaboradora da consulta assistencial de Ortodontia no Instituto Superior Egas Moniz, autora e co-autora de dois posters científicos. Em 2015, fiz uma pós-graduação em Ortodontia Intercetiva, pelo Instituto Universitário Egas Moniz. Atualmente, estou a fazer o mestrado em Medicina Legal, no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar. O que me levou a abrir a minha própria clínica foi permitir ter liberdade de escolha dos materiais dentários de marcas mais nobres, com os quais pretendo exercer a minha profissão. De igual forma, permite-me pagar honradamente às pessoas que fazem parte da minha equipa, algo que, infelizmente, não é comum na nossa área, tornando-a precária.
Como definiria a Clínica Médica Dentária Sofia Mira de Almeida, no que respeita a sua filosofia de trabalho e de relacionamento com o cliente?
A Clínica Médica Dentária Sofia Mira de Almeida tem presente que a Medicina Dentária é a especialidade médica que aplica conhecimentos médicos ao aparelho estomatognático. Entendendo a Medicina Dentária como uma ciência em constante evolução e o relacionamento com o paciente como um processo clínico e não um produto comercial. Sinto-me lisonjeada por ter pacientes que me acompanham desde o início, sendo pessoas que estimo muito e com as quais me preocupo.
Quais as especialidades presentes na clínica?
As especialidades são Ortodontia, Cirurgia, Dentisteria, Endodontia e reabilitação oral, viradas para a criança e adulto.

Muitas pessoas não vão ao dentista com frequência, alegando medo ou dificuldades financeiras. Ainda falta sensibilizar para a prevenção e para uma adequada saúde oral?
Concordo. Faz falta a sensibilização para toda a sua importância atualmente, surgindo a Medicina Dentária como última especialidade.
Qual a frequência correta para um bom acompanhamento da saúde oral?
Pelo menos duas vezes por ano.
Que consequências pode trazer para a saúde geral o negligenciar da saúde oral?
A saúde oral é vista, por uma grande maioria, como separada do restante organismo. A cavidade oral e suas estruturas adjacentes contribuem para a fonética, estética e mastigação. Falta uma sensibilização para o utente sobre o conceito de saúde geral. Na população portuguesa, é notória a ausência de peças dentárias que devemos ter presentes numa dentição adulta. Os dentes são como outro órgão, não devendo chegar a um estado que torne a exodontia uma prática frequente.
Qual a sua opinião sobre os seguros dentários? Estes são uma mais-valia para a população visitar regularmente o dentista?
Os seguros dentários deveriam ser regidos pelas mesmas regras que outros seguros de saúde. Existe um divórcio presente entre a Medicina Dentária e as restantes especialidades médicas. Os seguros dentários fariam sentido com tabelas de honorários revistas. Propusemos a clínica a vários grupos de seguradoras e foi indeferido, alegando que existiam outras clínicas na área circundante. O paciente não deveria ter o livre arbítrio na escolha do médico?
A Medicina Dentária ainda não faz parte do SNS. Como avalia esta questão?
A Medicina Dentária deveria fazer parte do SNS nos mesmos moldes que as outras áreas da Medicina fazem. Não deveria estar integrado no SNS em regime de prestações de serviços, através de empresas escolhidas para o efeito. Deveria estar sujeita a um concurso público, uma carreira médica. Com o decorrer do tempo, faz sentido falar de uma Medicina Dentária com valências que ainda hoje são pouco trabalhadas, mas cuja utilidade é mais que evidente.
Como se adaptaram ao trabalho pós-confinamento?
Sem grandes constrangimentos. Já tínhamos como metodologia de trabalho consultas com o devido espaçamento entre pacientes, evitando tempos de espera. Neste momento, abdicámos da sala de espera (só para os acompanhantes de menores). Os pacientes fora do agregado familiar não se cruzam dentro da clínica. Reduzimos o período diário de consultas, para que possamos assegurar a presença de uma luz UV a funcionar por um período de 12-14h, entre outras medidas que já tínhamos presentes e que os pacientes aceitaram muito bem.