Qual é a importância da biomassa para a Greenvolt, no que concerne à produção de energia?
O segmento da biomassa sustentável é um dos pilares estratégicos do Grupo Greenvolt, que conta atualmente com cinco centrais em Portugal e duas no Reino Unido. Apenas utilizamos biomassa 100% sustentável em
todas as nossas centrais e acreditamos que se trata de uma fonte de energia crucial para o país. Falamos de uma energia renovável, que ajuda a reduzir a dependência de combustíveis fósseis, contribuindo para a neutralidade
carbónica ao nível da produção energética e diminuindo o risco de incêndios florestais. Além de valorizarmos os resíduos que de outra forma seriam descartados, promovemos a economia circular ao transformar subprodutos em recursos valiosos e ajudamos a impulsionar as economias locais, criando empregos e promovendo o
desenvolvimento regional.
Em Portugal, existe margem para crescer, no que respeita à aplicação da biomassa enquanto forma de produção de energia “verde”?
Sim, consideramos que há uma margem considerável para crescer, sendo imprescindível garantir a utilização de biomassa sustentável, cumprindo toda a legislação aplicável e evitando a sobre-exploração dos recursos naturais. O país possui um potencial vasto de recursos de biomassa, proveniente de florestas, resíduos agrícolas, industriais e urbanos cuja utilização poderá reduzir a necessidade de recurso a aterros. Os sucessivos governos têm demonstrado um forte compromisso com a transição energética e a promoção de energias renováveis e as políticas de incentivo que têm vindo a ser desenvolvidas podem estimular novos investimentos em projetos de
biomassa.
Quais os desafios para as empresas que apostam na produção de energia a partir da biomassa?
Desde logo garantir o abastecimento constante e sustentável de biomassa pode ser desafiante. A recolha, transporte e armazenamento de biomassa requerem uma logística eficiente e representam custos significativos. Por outro lado, a disponibilidade de biomassa é sazonal, o que pode levar a variações na qualidade e quantidade disponível ao longo do ano. Em termos de investimentos, os custos iniciais para a construção de centrais de biomassa com recurso às melhores tecnologias de conversão podem ser elevados, exigindo acesso a financiamento e políticas de incentivo. Defendemos por isso a necessidade de uma tarifa que remunere os produtores pelas externalidades positivas que as centrais de biomassa geram (e.g. mitigação do risco de incêndio, minimização do uso de aterros). Os custos operacionais e de manutenção das centrais de biomassa
são também elevados, e requerem expertise técnica própria, especialmente em comparação com outras fontes de energia renovável, como a solar e a eólica. Depois, as empresas deste setor precisam de cumprir uma série de regulamentações ambientais e de sustentabilidade complexas e exigentes que, pese embora necessárias, oneram o investimento global.
De onde provém os resíduos que a Greenvolt utiliza para produzir a biomassa e a transformar em energia?
São principalmente resíduos florestais resultantes de atividades de corte, limpeza e gestão florestal. Também utilizamos resíduos agrícolas que resultam das podas e substituição de culturas ou do processamento de produtos agrícolas. Valorizamos ainda resíduos industriais não contaminados que podem incluir restos de produção de móveis e outros produtos de madeira, e resíduos “verdes” resultantes de manutenção de espaços verdes urbanos, parques e jardins públicos.
É possível tornar a biomassa uma forma rentável de produção de energia, por exemplo como sucede com a energia do sol?
Os processos de produção de energia a partir de biomassa utilizados pela Greenvolt, embora dispendiosos, encontram-se atualmente numa fase de desenvolvimento madura. Investimos continuamente em tecnologias avançadas para melhorar a eficiência do processo de conversão de biomassa e minimizar impactos ambientais.
Trabalhamos também com parceiros no desenvolvimento e implementação de sistemas de automação e digitais, com recurso a inteligência artificial, para otimizar os processos de tratamento de biomassa e produção de energia, com o objetivo de reduzir continuamente os custos operacionais e aumentar a eficiência das centrais.